Capítulo 09 Jk

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Admito estar confuso, não por receber a declaração de Taehyung, mas por desfrutar de um sentimento novo de gostar de alguém e ser correspondido.
Amamos de várias maneiras, maternal, paternal, amor entre irmãos ou amigos… por mais que minha vida tenha se seguido em torno desses amores, nunca senti aquele que aquece o coração, aquele que todos mencionam causar êxtase, borboletas no estômago, bochechas coradas e coração acelerado, entretanto, com Taehyung sinto isso. 
Acredito que tenha começado como afeição, a expectativa de ter alguém novo por perto, que se preocupe ou não sei… mas, depois que meus olhos bateram-se com os dele, virou amor à primeira olhada.

O'Que posso mencionar? No começo quando o mesmo chegou para trabalhar achei que fosse totalmente quieto e até meio rabugento, pois ao perguntar os outros funcionários eles haviam me dito que o foco de Taehyung era voltado ao emprego e que o mesmo não parecia acreditar que minha família era realmente legal de se conviver, entretanto à medida que os dias foram passando, o rapaz mostrou-se adorável, os olhos intensos sempre me olharam com curiosidade, sua voz sempre grave e baixa, e a forma que cuida de mim e diferente de tudo que já presenciei antes.

Gosto de Taehyung… 

Namjoon aconselhou-me a não fazer piadas ou brincadeiras estranhas com o rapaz, não, sou alguém que quebra, ordens, vindas do meu enfermeiro então…
Mas algo em Taehyung me motiva a querer tentar.

Gosto do modo objetivo pelo qual ele lida com as situações, do jeito que ele não consegue conter a língua dentro da boca quando solta suas respostas admiráveis, da confiança que ele demonstra ter e vê-lo assim, me traz um certo frio estranho na barriga.

Já se passaram muitas pessoas pela minha vida, depois que papai decidiu que seria bom achar alguém para me ajudar nas tarefas, e nenhuma dessas pessoas realmente pareceu se importar verdadeiramente comigo.
Nunca gostei de ser o centro das atenções, a famigerada criatura rustica do show de horrores, mas depois que minha doença começou a se propagar de forma mais elevada as coisas mudaram.
Amizades, ciclos sociais e até mesmo estudar acabaram se tornando algo impossível de manter.

Aprender a lidar com suas limitações também é uma forma de amor, creio que seja a mais admirável de todas, pois se auto amar significa contornar um ciclo imenso de defeitos nos quais só você consegue enxergar, não é fácil, não é rápido e tão pouco chega a ser tão reconfortante, e creio que dizer isso agora desse modo possa parecer balela, entretanto saber até onde você consegue ir para ser feliz é necessário.
Em tese, minha doença tornou-se a maior limitação por muito tempo, o sonho de conseguir ser ou fazer atividades normais sempre esteve presente, e a certeza que meu problema pode se tornar algo sem soluções também, minha visão sobre a morte começou comigo bem menino, não tenho medo, não tenho anseio… apenas espero o momento.

Creio que a morte seja um fardo para aqueles que convivem com você, velórios são para os vivos, o sofrimento também.

Com o'que fui entendendo melhor o problema, a morte começou a ser uma ideia pacífica de uma companhia suave, entretanto não tenho mais o desejo de partir, de me entregar de olhos fechados, depois de Taehyung, de conhecer necessariamente um declínio do que seria uma vida a dois, se relacionar com alguém, dar seu coração em troca do sentimento, ter filhos, se casar, da mesma forma que papai fez, também penso nisso, abrir os braços para a felicidade.

Taehyung me faz ter uma curiosidade sobre oque é estar verdadeiramente vivo.
Ele entra no quarto, carregando consigo a bandeja de sempre , os olhos me fitam com ternura, enquanto o sorriso que tanto admiro se estampa sobre sua face.
Me sinto leve, e ele se aproxima cauteloso, deixando a bandeja sobre a cama e erguendo as mãos para acariciar-me o rosto.

— Como você está se sentindo hoje, meu bem? 

A pergunta ressoa baixa, quase como um abraço, sorriu em resposta e ganho um beijo casto em retribuição, Taehyung me estende um dos remédios e bebo em seguida mesmo que a contragosto, não sei se o mesmo tem conhecimento sobre minha saída hoje, Namjoon me levará até o hospital para exames rotineiros, vamos começar um tratamento novo para meus 2D, de modo a um dos problemas terem solução absoluta, ele chegou a comentar que as chances de dar certo serão altas, então por agora quero verdadeiramente tentar.
Seguro as mãos de Taehyung, trazendo-o para mais perto, apoiando então uma sobre seu peito, sentindo a batida de seu coração, anúncio ao menino para pegar meu caderno e assim ele faz, entregando-me em seguida.

—Você sabe que meu problema de saúde pode ter salvação e pode não ter, não sabe?—

Pergunto, mostrando a si uma das páginas.
Ele analisa por alguns instantes, o suspiro escapando de seus lábios, e como resposta ganho um concordar de cabeça.

—Não tenho medo da morte, mesmo que agora a ideia de falecer tenha ficado distante por sua causa, entretanto, quero que saiba que você foi e continuará sendo a primeira pessoa pela qual senti um amor incompreendido…—

Ele tira o caderno de minhas mãos com rapidez, noto seus olhos marejados e me falta o ar na medida que percebo que os mesmos estão deste modo por minha causa.

— O que quer dizer com isso Kookie? _A pergunta sai meio esganiçada. —Vamos ficar juntos, você não vai morrer então não precisa temer nada, vou ficar com você, não fale as coisas como se fosse uma despedida!

— Tae...._Seguro suas palmas, dessa vez sentindo-me pior que antes. — Vo-você sabe que irei na cli-cli-clínica hoje?

Ele concorda com a cabeça.
Nam já deve ter comentado mas mesmo assim continuou me sentindo atordoado com a situação, decido por final selar meus lábios com os dele, sentindo a maciez à medida que seu corpo vai relaxando com o contato.

— D-desculpe ter te a...assustado?

Seu balançar de cabeça é veloz, e sei que de alguma forma não haverá mais respostas verbais vindas de si pois sinto-me da mesma forma.
Taehyung  ergue a palma em minha direção, e a tomo de forma cortês, sentindo o calor de sua pele contra a minha tão gélida.

— Vamos tomar um banho agora.

Ele anuncia e obedeço, caminhamos até o banheiro, e espero até que o mesmo ligue a água para encher, consigo mesmo com certa dificuldade retira as roupas sozinho, e Taehyung parece maravilhado apenas com pouca coisa, sento-me na beirada da porcelana, tendo suas mãos firmes sobre meu alcance, a água quente me invade com rapidez, quando deslizo para dentro um suspiro de aprovação escapar de meus lábios.

— Está nervoso por ter que ir na clínica? 

Nego depois de um tempo.
Não me sinto nervoso em relação a isso, mas tenho um certo medo de não voltar para casa, precisar ficar internado por vários dias ou simplesmente não poder vê-lo, verbalizar todas essas palavras sem tremer ou gaguejar é quase impossível, então tento mostrar o'que penso apenas com o olhar, e Taehyung se aproxima para lavar meus cabelos.
Provavelmente ele não tem ideia do que se passa em minha cabeça, mas gosto da maneira pela qual ele parece nem que seja aos poucos me interpretar.

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