Estou ansioso.
Não achei que seria difícil bater na porta, e depois da conversa com o enfermeiro comecei a sentir-me ainda mais estranho.
Talvez o fato de ser mais alto, os olhos estreitos no castanhos escuro, mesmo que gentis.
Não sei dizer.
Quando o questionei se poderia entrar, o mesmo apenas negou e mandou-me ver Sr.Jeon primeiro indicando o corredor adentro.
Esse suspense estranho para esconder Jungkook me causa coceira.
Bato na porta finalmente, e depois de alguns segundos sou atendido, contudo não é o rosto conhecido do senhor Jeon que tenho em foco.
Os olhos que me cercam, são castanhos escuros, amendoados e concentrados, a feição serena, bonita, mesmo que induza mais idade.
A mulher me analisa por uns segundos, então abre espaço.— O senhor Jeon…?
— Sente.
O modo firme no qual ela diz me faz rapidamente obedecer, não é rude, não causa medo ou desconforto, ela me lembra minha própria mãe me pedindo para sentar e calar a boca quando as vizinhas começaram a fofocar do lado de nossa casa, claro que ela só fazia isso porque não queria ser pega antecipadamente com o balde de água em mãos pronta para despejá-lo nas mulheres, usando a desculpa esfarrapada que não as notou ali, afinal ela apenas regrava as plantas da mureta alta.
— Sou Jeon Hein, mãe de Jungkook; meu marido está ocupado agora com reuniões de negócios, então se não for problema para você, irei te auxiliar nas tarefas. _Calma sua voz ressoa, um sorriso gentil. — Jungkook precisa das medicações, terá que entregá-las nos horários certos e nas doses certas, seu papel será mais como um cuidador do que de fato um técnico de enfermagem, Jeon costuma ser quieto além da conta, isso nos deixa preocupados, além de que a maioria dos amigos não o visitam mais
Sua mão me estende um papel pardo, deixo os olhos concentrados sobre ele
— Aqui está uma cópia dos horários. Além das medicações; os problemas de saúde mesmo não estando totalmente em seu pico afetam muito, alguns remédios acabam o deixando sonolento.
— Senhora Jeon, ouvi que alguns dos empregados dormem na casa…
— Correto, precisamos do apoio de todos em momentos difíceis, todavia, não sabemos quando esses momentos vão surgir. Aumentamos o salário em dias que são necessários, não se preocupe com isso!
Concordo, realmente comecei a trabalhar para não me preocupar com "isso".
— Taehyung, comentários que você considera essenciais mais aos olhos dos outros empregados são desnecessários, não os guarde para você; Jungkook não ficará satisfeito ao saber que estão falando dele pelas costas, e nessa casa todos os cantos ouvem.
Concordo novamente, e ajustando a roupa sobre o corpo, deixo os olhos irem aos seus.
— É apenas isso, qualquer coisa que acontecer preciso estar ciente, então venha à minha procura; quando eu ou o senhor Jeon estivermos no quarto com Jungkook, não entre sem ser solicitado, é isso, pode ir.
Me levantei com meu rabinho entre as pernas e sai do cômodo às pressas, mas os segundos de respirar fundo e manter tudo em minha cabeça no tópico "ok vai ser fácil" acabam quando bato de frente com o enfermeiro.
Ele ajeita minha camiseta antes de me entregar uma bandeja com alguns remédios, a seguro sem entender quando sou guiado ao corredor, por sua direita em minhas costas.— Se sentiu pressionado?
— Por você, ou pelo que ouvi dentro daquele escritório? _ Ele solta uma risadinha.
— Pelo escritório, Hein não é do tipo de pessoa que pressiona as outras, mas acho que ela não está nos melhores dias, você acabou levando mais do que deveria nas costas.
— Está preocupado comigo? _ Pergunto quando novamente me encontro em frente ao quarto de Jungkook.
— Totalmente, se não estiver bem não pode agradar Jeon, e isso se torna um problema para ambos, não é?
— Você tem um ponto…
Ele gasta alguns bons segundos explicando-me no corredor mesmo o'que cada medição faz, a dosagem certa e os nomes e cores separados por frascos, assim como auxilia a identificá-los na folha de tarefas que a senhora Jeon me entregou.
Depois de me fazer repetir alguns remédios de nomes mais simples, seu sorriso aparece, então tocando a maçaneta ele apenas comenta que posso entrar pois Jeon estará a minha espera no quarto.
Equilibrando a bandeja, faço o'que pede.
Houve muito de mim querendo realmente poder ver meu "paciente", e a aflição agora me toma conta do peito, mesmo que meu rosto por fora esteja totalmente concentrado.
Encaro a porta onde penso que talvez o enfermeiro ainda esteja, talvez, até com os braços cruzados e o corpo relaxado.O quarto é grande bem claro mesmo que haja cortinas azuis enormes, não deixo de admirar algumas pinturas apoiadas sobre a parede, outras ainda não penduradas, uma prateleira pequena com troféus e medalhas e um violão. Presto atenção na cama de casal com colcha verde clara, dessas fofas e pesadas demais para serem lavadas na força do braço, travesseiros da mesma cor e algumas plantas aleatórias.
Alguns passos a mais são necessários para que eu chegue a mesinha de madeira deixando a bandeja, e só um levantar de cabeça é suficiente para encontrar um jovem sentado em um tapete redondo e preto, os cabelos castanhos escuros com leves ondulações, a blusa maior que seu corpo, de modo que esconde seus dedos ao que ele vira páginas de um livro, a pele branca em destaque ressaltando ainda mais os lábios avermelhados.Me sinto idiota, e acabo me mexendo chamando sua atenção, os olhos grandes e escuros me encaram.
Como pode alguém nascer uma só vez e nascer tão bonito assim?— Oi, eu sou Taehyung… Kim Taehyung, o empregado novo.
Tento uma comunicação meio abobalhado, levando as mãos atrás do corpo por alguns segundos, nervoso.
O garoto parece saber quem sou; ele coloca o livro de lado, se ajeitando melhor no tapete e só concorda com a cabeça.
Será que entrei no quarto errado? tem uma porta fechada à esquerda, talvez o garotinho esteja lá dentro ocupado, aliás eu fiquei sabendo que senhor Jeon tem três filhos mesmo.
Parado como um idiota, olho para baixo, decidindo se devo ou não chegar perto, que sensação cômica e embaralhada.— É… os remédios.
Digo mais baixo do que pensei, e me assunto ao que o rapaz se levanta, ele caminha de forma suave, as meias claras batendo sobre o chão, tão levemente que se eu fechar meus olhos juro que digo com toda certeza que estou sozinho.
Ele se aproxima da bandeja, pega dois remédios do potinho cor de rosa e os leva à boca.
Lhe fito atordoado por notar que somos da mesma altura e ele parece se divertir com minha timidez alheia, o sorriso só vem, mais fácil que nunca.
Merda, eu coloquei expectativas erradas sozinho, ninguém me disse que Jungkook era uma criança, a única fonte afirmativa que eu tinha pra acreditar nisso eram as vozes da minha cabeça.— Você deseja mais alguma coisa, senhor?
Pergunto de forma robótica, esperando um negar de cabeça, que realmente aparece, mesmo que a mão me toque a beirada da blusa, e me puxe devagar abaixo quando senta-se no mesmo tapete de antes.
Jeon ajeita sua bermuda, então aponta para um copo cheio de lápis, pega uma caneta, me passando outra em seguida.—Você parece surpreso; ninguém te falou minha idade não é?! Espero que isso não seja um pretexto para que você desista do trabalho e vá embora.—
Ele escreve no que noto ser um bloco ao lado do livro que estava concentrado antes.
— Não sabia. _Solto um riso tímido pela resposta. — Mas não penso em ir embora…
Ele concorda pegando a folha novamente, mesmo não querendo ir, pois acabei de chegar e será uma aventura sob meu ponto de vista, também preciso do dinheiro ofertado.
— Espero que se acostume comigo._Dou um sorriso de lado, e Jungkook acaba piscando algumas vezes antes de retribuir o mesmo sorriso.
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Êxtase
Fanfiction(Finalizada) Assim que teus olhos percorreram toda a dimensões nua a sua frente, um sorriso alegre e apaixonado se formou, fazendo seu coração transbordar de carinho. Estando ali ele pensou a coisa mais verdadeira e com duplo sentido que poderia pen...