Quando os dois chegaram na casa, Laís não estava e então o pai dela foi arrumar suas coisas e o homem ficou fumando na sala. Quando ela chegou em casa e viu um homem estranho na sala, com cara de poucos amigos ficou parada lhe olhando imaginando que seu pai teria se metido em alguma confusão. Foi quando viu o pai descendo com uma mala.
- Pai? - chamou com receio.
- Olha aí ela. - o pai disse sem lhe olhar. - Essas sãos as coisas dela. - jogou a mala nos pés do homem.
- O que está havendo papai?
- Não é nada, só lhe comprei por mil libras e agora vamos nos casar lá nas minhas terras. - disse o homem levantando e apagando o cigarro no braço do sofá.
Laís ficou estática, tentando assimilar as palavras que acabara de ouvir do homem, olhou para seu pai que não lhe olhava estava encarando o chão e então ela começou a balançar a cabeça em sinal negativo. O homem então se aproximou, pegou a mala e segurando no braço dela puxou até o carro.
- Não! Paaai! Me solta! Eu não vou! - ela gritava muito e ninguém lhe ajudava, foi então jogada no banco traseiro do carro e ainda gritava e soluçava muito quando o carro deu partida.
- Não adianta chorar e gritar garota, não gaste sua saliva, você agora é minha propriedade e seremos marido e mulher.
- E-esposa? - ela balbuciou em meio as lágrimas.
- Sim, mas não se preocupe não vou lhe deflorar até que faça vinte e um anos, não sou tão ruim assim, quero apenas uma mulher em casa para por ordem no chiqueiro.
Depois que ela ouviu aquilo, ela ficou quieta no carro temendo o que vinha a acontecer com ela, não sabia o que o futuro lhe esperava e então se encolheu no banco e se permitiu só chorar.
Ela não percebeu que adormeceu chorando, só sentiu que tinha dormido quando o homem a puxava para fora do carro, olhou em volta e viu apenas uma pequena casa suja e feia no final de uma estrada escura.
- O-onde nós estamos? - se permitiu perguntar.
- Na casa de um amigo, ele vai nos casar.
- Eu não quero me casar. - ela disse baixo com medo mais o homem ouviu. Pegou em seu queixo com força e apertando disse:
- Você não tem querer, não tem vontade própria. Foi vendida, eu lhe comprei e agora sua vontade é determinada por mim. Só vai abrir a boca para dizer sim e não me irrite ou vai passar a me conhecer.
- S-sim. - disse ela tomada pelo medo. Acreditava que a morte seria uma bênção mas não se atreveu em pedir isso, pois sabia bem o final dos homicidas qual era.
Não demorou muito e a porta foi aberta dando visão de uma família de quatro pessoas, a mulher mandou que as duas meninas subissem e não descessem e lhes mandou entrar.
- Não demorou muito achar a esposa Quintino. - o homem disse avaliando ela como se fosse uma peça numa loja.
- Não é muito nova? - a mulher perguntou.
- Cale-se Damiana, Quintino sabe o que faz. - o marido a lhe repreendeu.
- Eu também achei muito nova, mas foi vendida por uma pechincha não pude negar, faça um favor corte essa juba que ela chama de cabelo e tire esse uniforme escolar para lhe dar um ar mais velho. - disse Quintino empurrando a menina para cima da mulher.
A mulher guiou Laís por um corredor escuro que era iluminado apenas pela vela que carregava na mão, entrou em um quarto mais escuro ainda e após acender as velas fez um gesto para a menina sentar na única cadeira ali.
- Você é muito bonita. Como veio parar aqui? - a mulher perguntou enquanto pegava o que iria precisar para cortar o cabelo.
- O-obrigada, eu acho. Eu fui vendida por meu pai a esse home que nunca vi. Que lugar é esse?
- Está entrando no reino de Taris, mas vai morar numa pequena cidade chamada Castelar. Quintino é bruto mais é um homem bom, é só você aprender a obedecer a ele.
Laís não respondeu, já tinha ouvido falar em Castelar e não acreditava que tinha ido parar em tão longe lugar, essa cidade era conhecida como a cidade das uvas e ela imaginou os campos repletos de cachos de uvas como seriam bonitos.
Sentiu seu cabelo ser cortado e a cada tesourada que a mulher dava as lágrimas lhe desciam em silêncio. Se prontificou consigo mesma só falar o necessário, não iria mais fazer perguntas ou comentários, não valeria a pena, estava ali para ser escrava e então agiria como uma. A mulher terminou de lhe cortar o cabelo e lhe estendeu um vestido que pelo cheiro estava sujo.
- É o que tenho. Pelo menos não é o seu uniforme de criancinha. - disse saindo para que ela se vestisse. - Após se vestir venha até a sala estaremos lá. - disse colocando a cabeça para dentro do quarto.
Laís ficou ali naquele quarto olhando seus cabelos no chão e imaginando ter sido cortado de qualquer jeito. Pensou será que seu pai se arrependeu? Foi quando lembrou que não orou pedindo a Deus por seu pai.
- Pai amado, obrigada pelo dia maravilhoso que passei com Susy, me perdoa por ter murmurado algumas vezes e me sentindo fraca. Toma conta de meu pai, o perdoe por ter feito isso comigo, o Senhor sabe que ele não conhece a Tua Palavra e é consumido pelo vício. Tira ele dessa vida por favor, nem que para isso o senhor tenha que agir bruscamente. Eu te oro lhe entregando o meu futuro com esse homem Pai.
Luiz após ver a filha indo embora com aquele homem bruto e feio, foi acometido de uma culpa terrível, ele se jogou no chão da sala perto de sua poltrona preferida e se amaldiçoou muito por ter feito tão mal a própria filha, mas não poderia ser diferente com Laís, ele sempre foi um mal filho, um péssimo marido e um terrível pai, estava no seu sangue ser ruim. Olhou de lado e viu a Bíblia que sua esposa lhe deu então corroído de culpa entrou em seu fusca azul e seguiu pensando em ir ter com o pastor e lhe pedir ajuda, a estrada estava escura pela hora e as lágrimas junto com a bebida lhe dificultavam um pouco dirigir, ouviu uma buzina bem próximo e ao ver o que era não deu tempo desviar foi de encontro a um caminhão.
E aí?
O que estão achando?
A partir do próximo capítulo é quando a história dela vai ser bem parecida com a de Abigail.
O que será que aconteceu com o pai dela?
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Vida Transformada
SpiritualLivro 10 Laís Torquato é uma jovem cristã que foi criada por seu pai, após a mãe ter os abandonado. Com quinze anos foi vendida por seu pai e teve sua juventude roubada pelo bêbado que a comprou. Seus únicos momentos de sossego era quando lia a Bíbl...