Estou a um passo de me tornar o novo rei de Castelar, não é uma novidade para mim, porém não deixa de me dar aquele frio na barriga e um certo medo de não conseguir ser rei como meu pai foi. Lembro que ele sempre dizia que reinar requer sinceridade e honestidade sempre. Sei lá, parece que é algo impossível mais inevitável. A rainha Clara sempre foi uma boa rainha, embora ela tenha crescido na periferia da cidade e nunca tenha aprendido nada de etiquetas, ela parece que nasceu para fazer o que fazia.
Devem estar se perguntando o porque dela agora ter decidido passar a coroa para mim sem eu me casar como foi o combinado com meu pai. Vou explicar.
Uma semana antes do baile...
- Mandou me chamar mãe? - sim eu a chamo de mãe, pois quando ela chegou no palácio eu ainda era muito pequeno depois conto essa parte.
- Sim Henry, (ela me chamava assim e eu amava) preciso conversar uma coisa com você. - ela disse com sua voz doce e suave, eu olhando para ela hoje, parece mais velha e sofrida desde que papai morreu ela vem se esforçado só no reino já que eu estudava longe e voltei a alguns meses. - Sente-se. - me disse indicando as poltronas em vez da cadeira atrás da mesa onde estava.
- Algo que fiz errado? - tenho que perguntar já que por vezes me meto em confusão.
- Não meu querido pelo contrário. Em primeiro lugar venho lhe parabenizar de que com maestria resolveu o problema dos roubos aqui, embora eu não entenda o porque de não termos resolvido como manda o protocolo, o importante é que o povo aprovou.
- Eu já lhe disse tinha um motivo maior para mudar a lei naquele caso.
- Sim, tudo bem não vou insistir nesse assunto. Mas diga-me já tem alguém em mente para se casar? Precisa de um baile para escolher? Como pensa em resolver esse impasse?
- Mamãe eu não queria mais vou lhe ser sincero, acabei me apaixonando e até agora não sei o porque isso aconteceu se a moça em questão é impossível para mim e nunca me deu razão para tal.
- Oh Henry! - ela colocou a mão na boca maravilhada e eu senti vontade de correr dali.
- Ela é casada mãe. - disse baixando a vista para meus pés prevendo o discurso que achava que iria ouvir, já que minha mãe sempre foi de dialogar muito para me provar que estava errado.
- Eu sinto muito Henry. - foi o que ela disse sentando a mão em minha perna. - Posso saber quem é?
- É o motivo para eu quebrar o protocolo. - ainda de cabeça baixa falei.
- A esposa do senhor Quintino Bocaiuva? - ela perguntou assustada.
- Mas essa mulher deve ter o dobro de sua idade considerando o marido dela meu filho. - minha mãe levantou da poltrona e se pôs a andar pela sala. - Já pensou que pode ser um golpe dele?
- Mãe para! - gritei.
Minha mãe parou onde estava e me olhando fixo, vi quando uma lágrima rolou em seu rosto e então me aproximei dela com carinho, a abracei pois eu sabia que ela estava preocupada comigo.
- Mãe ela nunca me olhou da maneira que eu a olho, ela apenas estava preocupada com os empegados quando me procurou, e pela idade eu não sei como foi isso mas ela é ou da minha idade ou mais nova que eu e linda como um raio de sol. Sei que estou errado em pensar isso, sei que ela nunca vai me corresponder, mas o que posso fazer se desde a primeira vez que a vi ela permeia meus pensamentos dia e noite? Me perdoe mãe. - terminei de falar e apertei mais o abraço sentindo que ela chorava.
- Tão parecido com o pai. - foi o que ela disse quando me beijou a face e se afastou do abraço. - Eu pretendia anunciar ou um baile para seu noivado ou um baile para sua noiva, mas vou fazer diferente.
- Como assim?
- Vamos lhe passar definitivamente a coroa e então um dia quando estiver pronto para casar-se você se casará.
- Um rei solteiro?
- Sim, eu serei a rainha ainda e estarei em todos os eventos do seu lado meu amor. - ela alisava meus cabelos como fazia quando eu era pequeno, ela nem imagina que foi esse contato que fez eu me apegar a ela. - Não vou permitir que meu menino case-se por contrato como vários reinos fazem por aí. Nos tempos de hoje é inaceitável, um dia vai encontrar um amor para casar-se.
- Obrigada mãe e quando vai ser a coroação?
- No sábado que acha? - Eu engasguei e suei com essa notícia, porque tão cedo era a pergunta que não queria calar, o que se passava na cabeça dela para querer apressar a coroação assim? - J-já? - consegui perguntar tendo em vista um nó na minha garganta.
- Filho, sei que está pronto e seus pais teriam orgulho de você como você é, mas eu preciso estar mais livre para cuidar um pouco de algo que pretendo descobrir sobre meu passado, um dia lhe conto tudo por hora não me faça perguntas por favor.
Meus pais... (fiquei ali pensando) Minha mãe morreu quando eu tinha apenas dois anos e nós sofremos muito, seis meses depois da morte dela o papai encontrou o diário de minha mãe e descobriu que ela era gêmea, ficou feito um louco procurando a irmã de mamãe para conhecer e assim poder ver alguém como ela pelo palácio novamente. Ele dizia que seria como se ela nunca tivesse morrido. Colocou manchetes nos telejornais e revistas por todo o reino e cidades circunvizinhas durante dois anos; e foi quando ele havia desistido que um telefonema mudou toda a nossa vida.
Era uma tarde de sábado e uma mulher de voz idosa liga e diz que sabe onde a pessoa que papai estava procurando estava. Meu pai saiu com uma grande comitiva nas pressas para o endereço passado, nem imaginou que pudesse ser mais um dos cento e noventa trotes que já passaram para ele. Mas dessa vez foi verdade, a tia Clarice estava lá e era a cópia fiel de minha mãe Luana.
Meu pai encontrou minha tia que hoje em dia eu a chamo de mãe com vários hematomas e ferimentos, essa senhora que telefonou havia sido funcionária do castelo antigamente e achou a semelhança dela com a minha mãe estranha e lembrando da manchete do jornal confirmou o sinal de nascença uma manchinha branca no formato de nuvem na perna direita, então resolveu ligar para o palácio e comunicar.
Foi assim que Clarice virou a rainha de Castelar e minha mãe, sempre a amei muito e ela sempre procurou fazer com que eu também amasse minha mãe Luana, juntos passávamos horas tentando descobrir mais coisas sobre minha mãe na biblioteca e ficamos muito ligados um ao outro. Agora eu vou assumir o trono e ela está toda cheia de segredos me fazendo ficar com ciúmes, já estou imaginando que esse baile vai ser uma tortura com as mães querendo casar-me com suas filhas cheias de maquiagem e joias.
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Vida Transformada
SpiritualLivro 10 Laís Torquato é uma jovem cristã que foi criada por seu pai, após a mãe ter os abandonado. Com quinze anos foi vendida por seu pai e teve sua juventude roubada pelo bêbado que a comprou. Seus únicos momentos de sossego era quando lia a Bíbl...