Contando toda a verdade

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Ao sair do quarto da sua filha rainha Clarice encostou na porta que se fechou atrás de si e se permitiu de chorar, um choro de alívio e felicidade

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Ao sair do quarto da sua filha rainha Clarice encostou na porta que se fechou atrás de si e se permitiu de chorar, um choro de alívio e felicidade.

- Mãe? - Henrique chamou ao se aproximar dela que o abraçou chorando. - O que houve? - o rapaz pergunta.

- Meu filho eu encontrei ela. - foi a única coisa que ela conseguiu dizer em meio as lágrimas.

- Não entendo mãe, ela quem? Não é minha Laís que está aí dentro? - ele estava confuso.

- Venha, vamos conversar, precisa saber de tudo. - falou secando as lágrimas e o puxando para o seu quarto que era vizinho ao dela.

- Mãe o que anda acontecendo com você ultimamente? Nunca guardamos segredos um do outro o que você e Laís tem em comum? - ele se sentia confuso e temeroso sentia que algo muito grande acontecia e ele não sabia.

- Bom é melhor eu lhe contar do começo não acha?

- Acho bom. - falou e deitou na cama apoiando a cabeça no braço para olhar ela.

- Eu sou irmã de sua mãe como sabe, nascemos na Genóvia e lá vivi minha vida inteira, até que casei e com uns anos de casada meu marido ficou desempregado e nos mudamos para o Condado de Borborema, meu casamento não era dos melhores eu fazia de tudo que podia pois fui criada para não me separar, mas um dia eu não suportei ele me bateu com um cano de ferro, minha felicidade foi não ter pego na cabeça se não eu estaria morta. Fui na vizinha que fazia faxina para ela, pedi minhas contas disse o que estava acontecendo e havia decidido pegar minha filha e ir embora, iria procurar a minha mãe que eu sabia que vivia aqui mas não sabia como e como encontrar. Antes de sair de casa com a menina, ele chegou bêbado como sempre e por ela ser pequena disse que ia viajar e então ele mandou a menina para a vizinha e subiu para onde eu estava, enquanto ele me questionava para onde eu ia, me batia e me batia, jogava as coisas em mim e me chutava. Quando ele cansou de me bater desceu e eu pensei que ele teria ido beber mas ele estava no corredor, ao me ver com a mala ele tomou de mim e constatando que dentro estava os documentos meus e de minha filha ele me empurrou pelo corredor afora me mandando ir embora que se eu voltasse a procurar ele ou a menina ele me mataria mas antes mataria ela na minha frente. 

- Mãe ele é um monstro. - Henrique estava já sentado segurando as mãos da mãe que contava mais chorava ao mesmo tempo lembrando de tudo que viveu. - E o que aconteceu depois?

- Eu sai de casa sem roupa, sem dinheiro e sem documentos, fui andando sentindo muita dor, até que um carro parou e perguntou se eu queria uma carona eu aceitei, era um homem daqui de Castelar o Duque Cabral.

- Eu lembro dele, era um bom homem. - Henrique atrapalhou lembrando do velhinho que corria atras dele no castelo.

- Era sim. Ele me trouxe até Castelar e me deixou numa pousada que não existe mais na entrada da cidade. A mulher de imediato não me reconheceu pelos meus hematomas, como não tinha como pagar e o duque só deixou pago uma noite, fiz acordo com dona Maria para ficar trabalhando em troca de comida e um lugar para dormir. Com o passar dos dias meu rosto desinchou e os hematomas sumiram então ela ao me olhar disse que eu lembrava a rainha Luana. Não dei crédito a ela no momento mas ela insistiu até que me mostrou uma reportagem que seu pai procurava sua tia e ao olhar a foto da rainha, realmente era me ver naquela foto. Deixei a mulher ligar para que ela ficasse com a recompensa por ter me achado e vim com seu pai para o palácio.

- E sua filha?

- Eu mantinha contanto com minha vizinha a dona Nicoleta, que me ajudava cuidar da menina de longe sem saber que era eu, até que um dia quando a vizinha veio aqui pegar o presente de quinze anos de minha filha, ao voltar para lá não a encontrou mais e nem o pai, o estranho era que a casa estava toda aberta e luzes acesas, sem sinal de arrombamento.

- Então ele fugiu com a filha?

- Não querido foi pior. Ele vendeu a filha ao primeiro que apareceu e ninguém sabe para onde ele ia que bateu com o carro de frente a um caminhão. Sem carteira, sem nada ele ficou como indigente até dois anos atrás quando Rodolfo o encontrou em coma no hospital da cidade.

- M-mas e a sua filha? - Henrique estava cada vez mais nervoso pelo final da história.

- Eu sofri muito tempo calada pois só seu pai e Rodolfo sabiam da existência dela, eles fizeram de tudo para a encontrar e ninguém sabia de nada. Até você pedir um favor a Rodolfo e ele para lhe agradar ir pessoalmente fazer o que pediu e descobrir que sua Laís é minha Laís.

- Não é possível. - ele levantou num rompante e começou a andar de um lado para o outro. - Se ela for sua filha ela é minha...

- Prima. - a rainha completou. - E legítima.

- NÃOOOOO! - Henrique se joga no chão chorando e gritando que não é possível que ele precisa dela para ser feliz, que não iria conseguir sobreviver. Ficou desolado chorando jogado no chão e a rainha sem saber o que fazer, pelas leis de Castelar dois primos legítimos não poderiam se casar.

Depois de um longo tempo tentando consolar o filho a rainha conseguiu fazer com que ele deitasse na cama e sem demora ele pegou no sono. No dia seguinte ela levantou antes dele e deixou um bilhete para ele dizendo:

"Meu amado e querido menino, não se preocupe com nada enquanto eu for viva você e Laís tenham certeza que farei de tudo para que sejam felizes."

Se dirigiu ao quarto da sua filha que já estava acordada também e a chamou para conversar. Sentou com ela e contou tudo, enquanto ela relatava a menina se levantou chorando de perto dela e sentou no chão com os braços abraçando as pernas e se balançando para frente e para trás como se estivesse se acalentando, era um choro constante mais calmo de quem sentia muita dor. Quando a rainha terminou de contar se aproximou dela e se abaixando perto disse:

- Pode me perdoar minha filha?

Laís não olhou para a mãe, ela não conseguia, havia passado muitos anos sustentando a raiva e se convencendo que a mãe foi só porque não gostava dela. Ouvir que ela foi obrigada, que o pai mais uma vez havia destruído a vida dela era muito para a pobre menina.

- Laís eu sei que não foi fácil, sei que você sofreu muito. Mas infelizmente eu não tinha como te tirar das mãos dele.

- Pode me deixar só? - foi o que Laís disse antes de baixar a cabeça entre as pernas.

A rainha olhou com tristeza a filha, mas sabia que ela precisava de um tempo para se acostumar com tudo então levantando-se para sair disse:

- Estou a sua disposição para responder suas perguntas se quiser. Leve o tempo que precisar e qualquer coisa toque um sino e sua amiga chegará aqui.

Láis não disse nada e nem ao menos a olhou, então ela saiu de coração apertado.

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