Com medo de ficar com o livro dentro de seu quarto e ser descoberta, Laís foi no dia seguinte bem cedo da manhã cuidar do jardim, todos na casa sabiam que quando ela estava no jardim passava horas esquecidas por lá e não vinha nem se alimentar, por isso que Ana lhe mandava uma cesta de suprimentos.
Ela chegou no jardim e se posicionando em baixo de algumas árvores que faziam a entrada do belo jardim que ela construiu ali atrás da casa, abriu o diário e começou a ler.
" Meu querido diário, você será o meu único e mais querido amigo nos momentos de angústias, não prometo lhe contar tudo que faço no dia como as adolescentes fazem, pois sabes que como rainha tenho mil e duas ocupações. O meu enteado anda muito doentinho e tenho que me desdobrar em lhe dar atenção e do reino de Castelar.
Me manter ocupada é uma dádiva dos céus pois assim não preciso pensar na dor aguda e forte que perfura o mais intimo do meu ser. Já imaginou o que é como rainha estar sempre rindo e feliz para os outros e por dentro estar um farrapo de gente? Assim sou eu querido amigo."
Laís parou a leitura e olhou em volta para se certificar que ainda estava só. Não podia acreditar no via, o diário da rainha Clarice Navarra estava ali nas suas mãos. Mas como foi parar naquele quarto? O que o marido tinha a ver com isso? Qual o motivo do seu sofrimento.
- Ai meu Deus, não pode ser. - pensou alto. - Será que ele fez algo ruim com o rei ou o príncipe? E ainda tinha a novidade que o príncipe não era seu filho e só do seu marido. Quantos segredos. - pensava ela em voz alta olhando para o livro em suas mãos.
De repente ela se sentiu com a consciência pesada de estar lendo a privacidade de alguém que poderia requerer que sua cabeça fosse cortada. Mas era movida de tanta curiosidade que resolveu dar mais uma olhada, então avançou algumas páginas e leu.
"Hoje é um dia de luto amigo, meu amado rei faleceu de um infarte após ter raiva de seus inimigos, não sei o que será de mim e do Henrique daqui para frente, a saúde dele agora que estava melhorando e já não basta a dor que sinto por minha filha, agora perco o homem que foi uma ponte de salvação para mim."
- Filha? - ela pensou alto novamente. - A rainha tem uma filha? Mas eu fiz um trabalho sobre esse reino e não vi nada disso nas minhas pesquisas. - ela falava para ela mesma.
Não deu tempo ela ler mais nada, nem pensar foi interrompida com uma criada gritando seu nome.
- Dona Laís, dona Laís. - a criada gritava e corria em direção ao jardim e Laís se apressou em esconder o objeto em suas mãos.
- O que foi menina. - ela diz vendo o desespero da mocinha.
- É o patrão. - a menina diz com a mão no peito tentando se acalmar da carreira que deu para poder falar melhor. - A polícia real veio prendê-lo senhora. - finalmente ela disse a frase toda.
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Vida Transformada
SpiritualLivro 10 Laís Torquato é uma jovem cristã que foi criada por seu pai, após a mãe ter os abandonado. Com quinze anos foi vendida por seu pai e teve sua juventude roubada pelo bêbado que a comprou. Seus únicos momentos de sossego era quando lia a Bíbl...