Laís voltou para a casa e informou as primas do marido que se organizassem pois iriam com ele para uma festa temática em comemoração a colheita da uva. Estranhamente as duas perguntaram com qual roupa ela ia e ao ouvir que ela não iria com eles se puseram indignadas e foram tirar satisfação com o primo. Laís sabia que teria algo por trás da bondade das duas, mas não ligou, estava mesmo querendo sair da fazenda um pouco conhecer o vilarejo, então deixou as duas comprar essa briga.
- Láis. - Anabete a mais nova das duas entrou no quarto dizendo. - Ande se arrume logo que ele permitiu que você vá conosco. Não sabia que o primo era tão ciumento com você assim, ele nem ia mais e decidiu ir só pra ficar de olho em ti. - Ela disse e Laís apenas esboçou um sorriso, ela sabia o motivo do primo não confiar nela.
Não demorou muito para as três estarem juntas na sala arrumadas a caráter para que pudessem ir, o esposo de Laís Quintino Bocaiuva nunca foi dado a festas ele achava uma perda de tempo e só decidiu ir para ficar de olho nela, não podia correr o risco dela tentar fugir, dentro da fazenda era uma coisa mas no vilarejo era diferente.
- Estão prontas? - ele pergunta entrando na sala.
- Sim, vamos logo não quero perder nada. - Anabelle a mais velha das duas disse animada.
As duas saíram na frente para o carro e Laís logo atrás, sentiu quando o marido segurou seu braço e disse:
- Não faça nenhuma burrada. Estou de olho em você.
- Não preciso fazer nada.
- Não quer fugir da fazenda?
- Claro que não. Para onde iria? Com quem moraria? Não tenho ninguém por mim Quintino. Aqui eu não tenho muito mais tenho um teto para dormir e comida para comer.
Ele a olhou, sempre pensou que ela odiasse morar ali, mas agora com aquela declaração ele foi pego de surpresa.
- Mas você sempre pediu para ir no vilarejo e eu pensei...
- Pensou errado, apenas queria conhecer a cidade ver se tinha uma igreja ou capela que pudesse entrar e orar e quem sabe uma sorveteria. Nunca pensei em sair daqui, olhe para mim, tenho roupas, comida e teto como já disse para onde irei eu?
- Então é feliz aqui? - ele pergunta.
- Sou satisfeita, feliz não sei se é possível eu ser, mas Deus nos ensina sermos gratos por tudo e sou grata por estar aqui e hoje ainda mais estou indo na cidade, mesmo que seja vigiada.
- Vamos logos dois tartarugas. - Gritou uma das meninas de dentro do carro.
Ela seguiu em direção a voz deixando ele parado onde estava, seria possível que o coração dele estivesse mesmo se quebrantando? Eu não contei a vocês como ele enriqueceu para comprar as terras e dar início a plantação de uvas, ele roubava e também fazia certos tipos de favores para as pessoas que queriam se livrar de outras. Foi assim que ele decepcionou a mulher que ele amava e ela o rejeitou casando com outra.
Ao chegar na festa ele fez um gesto para que as três fossem circular no meio das pessoas e se dirigiu ao bar, precisava beber, não podia se apaixonar pela mulher que tinha em casa, ele sabia que quando ela descobrisse a verdade sobre ele o odiaria ainda mais do que já não gostava. Então o segredo era tratar mal ela e beber para não prestar atenção na joia que tinha nas mãos.
- Vamos para a parte das gincanas? - Anabete puxava Laís falando e levando a irmã junto a contra gosto.
Chegando lá Anabelle para humilhar Laís a inscreveu na prova de pular os barris para ganhar uma certa quantia em dinheiro. Ao ouvir o seu nome sendo citado ela percebeu que era armação das primas para lhe humilhar e então decidiu levar como brincadeira, estava ali para se divertir, levantou de onde estava e foi cumprir a prova que deixou todos maravilhados como ela conseguiu o feito de pular os barris? Ninguém sabia explicar.
Após isso se empolgaram as três e começaram a entrar em todas as provas que tinha ali, fizeram até tiro ao alvo, lançaram argolas e karaokê. As duas garotas estavam amando a companhia de Laís então a caçula das duas falou:
- Laís, nos desculpe por tudo que lhe dissemos ou fizemos. Você é bem legal.
- Não precisa se desculpar eu estou acostumada.
- Como foi para se casar com o primo? - Anabelle questionou.
- Hum deixar eu ver se consigo explicar, vamos dizer que ele me acolheu quando ninguém mais queria.
- Nossa! É de se admirar o primo ter coração bom. - Anabete disse.
- É admirável até ele ter coração. - a outra completou.
- Que tal agente voltar no Karaokê? - Laís perguntou tentando mudar o foco da conversa. Ela não saberia dizer a ninguém que foi comprada e que o pai e a mãe não a amava.
Estavam no Karaokê e Laís viu uma movimentação estranha, um dos empregados da fazenda o Simão, estava andando de forma suspeita no meio do povo como se escondesse algo, ela deixou as duas ali e começou a seguir ele, viu quando ele chegou perto do Quintino e mostrou algo que estava dentro de um saco, achou suspeito mais talvez fosse algo relacionado ao trabalho do marido e deixou para lá voltando para perto das outras.
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Vida Transformada
SpiritualLivro 10 Laís Torquato é uma jovem cristã que foi criada por seu pai, após a mãe ter os abandonado. Com quinze anos foi vendida por seu pai e teve sua juventude roubada pelo bêbado que a comprou. Seus únicos momentos de sossego era quando lia a Bíbl...