Sem pensar duas vezes atravessou a rua e se dirigiu ao consultório do dr. Rego o médico que a rainha pagava para cuidar do ex marido. Chegando lá só estava a recepcionista, o médico havia ido no sítio atender um paciente, então ele decidiu esperar, precisava tentar alguma coisa antes de voltar e soltar a bomba para sua amada rainha.
Rodolfo era apaixonado pela Rainha Clarice e não suportava a aflição dela sem saber notícias da filha, ele precisava tentar ajudar ela a encontrar a sua filha.
- O senhor quer um café? Acho que vai esperar um pouco mais que pense. - a mocinha falou sorrindo.
- Não tem problema mas eu preciso fazer uma pergunta ao doutor.
- Eu poderia saber o que é? Sou filha dele, desculpa a intromissão e curiosidade.
- Oh senhorita Rego talvez possa me dizer.
- Pois pergunte, vejo que está ansioso pela resposta.
- O paciente que minha patroa paga ao seu pai para cuidar.
- Sr. Luiz?
- Sim senhorita, sabe dizer se ele tinha família? Quero dizer fora a filha que provavelmente tenha morrido no acidente?
- Bom, eu particularmente sou revoltada com a rainha Clarice por ter se apiedado do estado daquele desinfeliz.
- Pode me dizer seus motivos senhorita?
- Ele é pai de minha melhor amiga, a pobrezinha ficou sem a mãe aos quatro anos e só tinha ele na vida e tudo que ele fazia era beber e beber e a obrigar a trabalhar em casa para poder comer. - ela conta secando a lágrima que vinha escorrer em seu rosto.
- E onde está essa moça? É a que está morta?
- Sim, Laís Torquato, minha melhor amiga, eu não acredito que ela estivesse naquele carro não, porque ele nunca havia levado ela nem ao médico no carro dele.
- Então a senhorita acha que ela tenha fugido?
- Não. - ela falou exasperada. - Ela nunca fugiria sem se despedir de mim ou da vó Nicota.
- Por favor senhorita é de suma importância a senhora tentar lembrar todos os detalhes daquele dia do acidente. A rainha deseja encontrar algum parente do senhor Luiz urgente.
- Naquele dia era o aniversário dela de quinze anos, como eu sabia que ela ficava triste nos aniversários, então eu fui no meu patinete pegar ela para ir para a escola, ela estudava no colégio particular junto comigo pois minha tia a prefeita havia dado a bolsa para ela, eu fiz meu pai comprar um patinete para ela também quando comprou o meu e juntas saímos patinando pela cidade, não fomos assistir aula, fizemos piquenique no parque, tomamos sorvete na mix e andamos pela cidade, já quase de noite eu tinha que vir para o consultório me despedi dela e então no outro dia soube que ela sumiu e o pior deixou o patinete que eu havia dado. Não é estranho?
- Muito estranho. - Rodolfo fala mais não se referindo ao patinete. - Eu prometo a você que se sua amiga estiver viva eu a vou achar e trazer para perto da senhorita.
- O senhor faria isso? - ela brilha os olhos negros para ele sorrindo.
- Claro que sim. - ele afirma com um sorriso. - É questão de honra agora para mim.
Rodolfo se despediu de Susy e seguiu de volta a Castelar, precisava dizer a rainha tudo que descobriu de sua filha. Ao chegar no castelo soube pelo mordomo que a rainha estava na sala verde (era reservada só para as mulheres), pediu para ser anunciado e a rainha autorizou a entrada dele na sala. Ele entrou e ela o recebeu com seu lindo sorriso que desmanchava a estrutura do homem e lhe ofereceu a mão para beijar como de costume.
- Veio tão rápido de sua viagem Rodolfo. - ela diz sentando e mandando ele sentar-se também com um gesto de mão que ele achava magnífico.
- Majestade eu vim pois tenho informação sobre sua filha.
- Oh minha nossa! - ela colocou a mão na boca e ficou já com os olhos cheios de lágrimas.
- A sua filha Laís está bem perto de vossa alteza esse tempo todo. - ele disse com medo da reação dela ao saber quem era a moça. - Agora majestade, por favor temos que agir com cautela pois a situação é crítica.
- Por favor Rodolfo fale de uma vez, lhe garanto que não vou fazer besteira homem, agora fale e pare de me chamar de alteza para cá e para lá quando estivermos a sós já lhe disse isso e não vou repetir. - ela se sentia estranha, como se um alto nível de ansiedade passasse a tomar conta dela.
- Laís Torquato é a mesma Laís Bocaiuva. - ele disse de uma vez e contemplou a rainha desmaiar com uma expressão de espanto.
Rodolfo gritou e chamou socorro e rapidamente a rainha estava sendo levada para a ala hospitalar e um médico já estava lhe atendendo e foi quando ele descobriu que não sobreviveria se algo ruim acontecesse com sua amada, sentou colocou as mãos na cabeça aflito e sem perceber ele estava chorando.
Na fazenda...
Bocaiuva chegou de sua pequena viagem e trancou-se no escritório com o médico que vinha sempre o visitar e passando quase duas horas que os dois estavam lá trancados o médico saiu com uma péssima cara pedindo um pano com água morna para fazer compressas no paciente. Correndo para lá junto com alguns empregados Laís viu o marido caído ao chão e olhou assustada para o médico que disse:
- Seu marido senhora, tem uma doença rara que nós chamamos de Lupus, ela consiste numa grande batalha de alguns órgãos dele para sobreviver e como ele não parava de fumar e beber infelizmente eu não pude fazer muito e temo que ele partirá.
Laís não disse nada, não esboçou alegria ou tristeza, não saberia o que lhe aconteceria após a morte do marido, como ficaria ela e os empregados? Com destreza realizou todas as orientações do médico que junto com alguns homens pegaram o doente e puseram na cama e se sentindo enfadada seguiu para seu quarto e foi orar.
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Vida Transformada
SpiritualLivro 10 Laís Torquato é uma jovem cristã que foi criada por seu pai, após a mãe ter os abandonado. Com quinze anos foi vendida por seu pai e teve sua juventude roubada pelo bêbado que a comprou. Seus únicos momentos de sossego era quando lia a Bíbl...