Dormir em cima de uma moto era basicamente um suicídio, mas foi o que eu fiz basicamente no primeiro dia de viagem, trocamos os lugares por um tempo, acabou que no final do dia foi ele quem dirigiu mais, o que me deixou surpresa e confusa porque no FBI eu treinava todo dia explorando além dos meus limites físicos e mentais, não querendo me gabar, mas eu era uma máquina de matar.
Será que o fim do mundo me deixou meio mole afinal? Meu corpo que estava agindo por estresse constante não estava suportando muito sem a falta de um bom sono, me sentia esgotada e isso era coisa de menininha, além de ser muito perigoso para qualquer pessoa ali. Não podia esperar para estar na minha cama gostosa de novo, era errado pensar nisso como algo definitivo, mesmo porque a fazenda caiu. Eu era uma grande sortuda afinal, quem poderia dizer que voltou a dormir em sua cama depois do apocalipse zumbi?
Daryl havia saído pra caçar, carne de esquilo não era tão ruim, mas o que eu não daria por uma carne de porco, um bife de vaca ou até mesmo um filé de frango, já estava bem escuro e cada um na sua barraca, Hershell teve sorte porque eu pedi para que o Rob arrumasse uma para eles antes de sair da fazenda.
Maggie dormia na barraca do Gleen e o velho não gostava muito, só que não reclamava muito também, porque mesmo que fosse um pouco grande, quatro pessoas numa barraca só era meio complicado. Eu estava olhando para o céu, fazia muito tempo que não parava para administrar as estrelas, também era quase impossível fazer isso ultimamente, era sempre uma grande luta de sobrevivência.
– O que tanto pensa aí, pirralha?
– Puta que pariu caipira! --- resmunguei alto com a mão no coração, eu também tinha essa habilidade do Daryl, e suspeitava que ele usasse isso para me assustar e adorava quando tinha êxito. --- Não faz isso! O que você quer?
– Eu perguntei primeiro.
– Ai ai vou te falar... --- resmunguei baixo e ele me olhou divertido --- Eu estava olhando as estrelas, tem tempo que não faço isso. É sempre uma luta louca pra sobreviver, que me esqueço de aproveitar as coisas pequenas, olha como é tudo lindo.
– Isso me fez lembrar uma coisa... Você falou que conhecia a lenda da rosa, isso me fez pensar de onde você é?
– Bom, já que eu não tenho para fazer e estou sem sono, acho que podemos conversar um pouco. --- dei de ombros e o puxei para dentro da minha barraca --- É melhor ficarmos aqui do que aí de fora nesse frio doido.
– E então? --- me encarou com aqueles intensos olhos azuis e eu fiquei sem jeito.
– Eu nasci em Phoenix e morei por um tempo em Forks com meus pais, minha avó paterna era Quilleute e me contava várias lendas, eu sofria muito com as crianças por ser meio indígena, mas adorava cada tempo com eles. Tanto em Forks quanto na reserva deles em La Push e vou te falar era uma briga constante entre a família do meu pai com a da minha mãe, os indígenas queriam que eu fosse livre como eles e seguissem algumas tradições; já o lado da minha mãe que era mais riquinho por assim dizer, eles queriam que eu fosse uma dama.
– Antes eu pensei que você fosse uma vadia fresca, agora te conhecendo um pouco melhor não consigo te ver como uma madame rica.
– Ah obrigada Daryl pela parte que me toca. --- comentei irônica e ele bufou baixinho --- Eu nunca fui muito de brincar de bonecas, usar vestidinhos, maquiagem ou essas coisas de menininhas. Queria mesmo era pular de penhasco com meus irmãos e meu primo, jogar futebol às vezes, brincar de luta, caçar e pescar com meu tio e meus pais, para eu usar uma maquiagem foi bem difícil e usar salto então piorou. É claro que eu gosto de ser feminina, só não gosto de ter que arrumar sempre, eu acho isso tão fútil. E de onde você é?
– Grimsbourg, uma cidadezinha infernal do interior. Acho que assim como você, não quero entrar em tantos detalhes, mas já que me falou um pouco de você, acho justo falar um pouco de mim. Minha mãe era viciada e bêbada, meu pai não muito pior, você já conheceu o Merle então sabe como ele, apesar de tudo ele é família.
– Entendo o que quis dizer. --- dei de ombros e sorri de leve --- Você antes não falava nada e me xingava de tudo, agora parou um pouco de implicar comigo e se aproximou mais. --- sorri quando ele ficou sem jeito e desviou o olhar por um momento --- Relaxa, também é bom implicar com você... Gostei que se aproximou de mim, é bom não ter que ficar muito perto deles, tudo isso... Essa pressão, me sufoca, entende?
– É. Sei do que você tá falando.
[...]
O coldre estava bem preso na minha perna com as duas pistolas que havia ganhado do meu pai e as duas facas maiores, as pequenas guardadas na minha bota, a besta com o Rob que se agarrava em mim enquanto eu corria com a moto e meu facão estava na mala, é eu poderia dizer que estava bem armada.
A noite com o Daryl foi produtiva, nos aproximava aos poucos, mas isso que eu queria? Eu não pensava muito no que eu perdi ou eu ficaria louca, sabe naqueles momentos que você se preocupa com coisas idiotas? Ou era só eu que pensava nisso? Nunca saberia o fim dos animes que eu gostava tanto, não poderia ver as séries que eu tanto gostava, não iria trabalhar, não viajaria para outros países que eu gostaria de visitar.
Olha aí... Eu não estava certa? Isso era para deixar qualquer um louco, enfim fomos sem problema nenhum para a cidade e foi estranho estar ali de novo. Tudo sujo e estranhamente limpo ao mesmo tempo, tinha uns seis errantes na praça central da cidade que vinham em nossa direção; Rick, Rob, Daryl e eu demos um jeito nele rapidinho.
Dei um sinal para que eles me seguissem e fomos entre a divisa da cidade com a floresta, logo vimos aquela casa enorme branca, um casarão praticamente, todo protegido com cercas elétricas que deviam funcionar ainda porque o sistema ligava também com a energia solar, fiquei como uma idiota admirando minha casa até que criei coragem e abri o portão, ainda não acredito que havia chegado na minha casa!
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Little Hope 2 》D.D { HIATUS }
Fiksi PenggemarDepois da fazenda ser destruída pelos errantes, Isabella e o grupo deveriam procurar um novo lugar para ficar, agora não bastava enfrentar os errantes. Novos perigos e desafios estariam no seu caminho, era um novo tempo... Inverno, errantes, fome, i...