Capítulo 5

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Tudo o que eu poderia pensar era em seu beijo, tudo o que eu sentia era seu gosto em minha boca, seu corpo másculo colado ao meu, sua mão em minha nuca me puxando de modo possessivo para ele. Meu momento sem reação durou pouco e logo eu estava entregue aquele beijo e quem diria que um dia eu estaria com um caipira bruto em minha cama?!


Não que ele fosse apenas bruto, aquilo era uma armadura para ele. Uma fonte de defesa, onde ele se escondia de todos para não se machucar mais. Ele não falava muito do seu passado que eu sabia ser tão negro quanto o meu ao seu próprio modo, mesmo que ele não tivesse falado muito comigo sobre isso.


Nos afastamos por falta de ar, ambos ofegantes e se encarando intensamente. Seus olhos azuis pareciam ler minha alma e me estremeci com esse pensamento, ainda podia sentir um rastro de fogo por onde seus dedos me tocaram e minha boca assim como a dele estava inchada pelo nosso beijo.


– O que deu em você Daryl? --- perguntei confusa e não me importando em estar com um pijama curto, seu olhar passeou pelo meu corpo e eu corei brevemente porque esse homem me dava calores em certas partes esquecidas do meu corpo.


– Você quer ficar com outro? O médico talvez? --- perguntou muito sério e não perdi a chance de provocá-lo.


– O Hershel? Não. Ele é muito velho para mim. Ok, eu já disse que o Robert é gay, sem falar que ele é meu melhor amigo. Ela não quer ficar comigo, nem eu quero ficar com ele.


– Isso quer dizer que me quer?


– Que raio de pergunta é essa? --- perguntei muito confusa e percebi que assim como eu, ele não era muito bom em lidar com sentimentos --- Temos uma cama confortável e um lugar seguro por um tempo e você quer se envolver comigo é isso?


– Eu... --- ele ficou sem reação, o que foi uma surpresa e um grande feito meu, deixei Daryl Dixon sem palavras.


– Olha, vou ser bem sincera. Eu sinto uma atração forte por você, não sei nomear isso e nem o que seríamos se deixarmos isso seguir caminho. Então por que não deixamos rolar e ver o que acontece? Só... Ficar.


– Podemos ter nossos momentos e não nos ligar emocionalmente. --- ele comentou pensativo e tão baixo que eu quase não ouvi.


– Mais ou menos isso, eu sei que não lidamos bem com essa merda toda de coração e não esperaria menos de você caipira, então vamos ficar como dois adultos responsáveis por si que sabem o que querem e vemos no que dá. Só não quero que isso atrapalhe o grupo, é um saco admitir isso, mas me preocupo com eles.


– Eu te entendo. Também sinto atração por você se posso dizer isso, só não sei lidar com essas coisas de mulherzinha e frescuras.


– Eu não sei se você percebeu querido, não sou cheia de frescuras assim como as outras mulheres.


[...]


Gleen e Maggie ficaram de ir logo cedo para a cidade pegar mais comida e suprimentos para nós, Lucy resolveu ir com eles, enquanto Lori e Carol cuidavam das roupas, Rick e Daryl cuidavam da floresta, T-Dog estava cuidando dos fundos, Rob e as crianças no sofá.


– Ohayo! --- disse na maior animação e o Rob me olhou com cara feia.


– Ah não, já começou?! Voltou um dia para sua casa e começou a falar japonês de novo!


– Baka!


– Pare de me xingar, Isabella!


– O que ela falou? --- Sophia perguntou inocente e o Carl me olhava curioso também.


– Eu disse bom dia antes.


– É! E depois me xingou de idiota, muito bonito Bella! Só esqueceu que eu também sei japonês.


– Você me ensina? --- Carl perguntou animado e eu fiquei sem jeito.


– É muito complicado, mas eu posso tentar. --- dei de ombros e os dois pularam em cima de mim, Rob riu quando fui esmagada e não fez nada. --- Rob cuida desses dois aqui enquanto eu procuro o Rick? Quero falar uma coisa com ele.


– É claro, não se preocupe com isso.


Saí de casa com cautela segundo uma pequena trilha que dava para uma clareira bonita ainda que não parecia ter sido afetada por essa doença louca, o que claro era uma grande ilusão, nada no mundo escapou e coisas bonitas e puras assim eram raras, prometi a mim mesma que viveria cada momento como o último, porque realmente pode ser!


– O que está fazendo aqui? --- dei um pulo de susto e quase morri do coração quando ouvi a voz do Daryl próxima a mim.


– Você tem que parar de me assustar assim, Daryl.


– A culpa é sua de estar tão distraída, mas e aí? O que ta fazendo por aqui? É perigoso fora.


– Ultimamente tudo é perigoso cara, não tem mais nada seguro realmente. Eu sei e você sabe também. Venho aqui para pensar um pouco, quando me mudei para essa cidade esquecida por Deus, encontrei essa clareira perfeita como está agora. E desde sempre nada mudou, mesmo com esse mundo destruído pelos mortos, essa paisagem não mudou.


– Tem coisas que não dá para entender.


– Não mesmo. Sinto que você se abre mais comigo do que com o restante do grupo. Por que isso?


– Acho que somos parecidos de algum jeito.


– É somos sim. --- dei um sorriso triste e ele estendeu a mão para me ajudar a levantar do chão --- Você também fala um pouco com o Rick. Ele é um bom homem.


– Acho que sim, apesar de nos ter escondido essa coisa importante.


– Ah de novo com isso Daryl? --- comecei a ficar aborrecida --- Fizemos o que achávamos certo, de que adiantaria fazer um alarde com todos antes da hora? E se fosse mentira e falássemos que estávamos infectados? Entende agora um pouco da situação?


Ele acenou com a cabeça e seguimos para a casa, o pôr-do-sol nos seguindo até que era uma visão bonita, isso se não levássemos em conta, a destruição do mundo e mortos querendo nos comer sempre. Um pouco antes de chegarmos, parei na sua frente e fiquei nas pontas dos pés para beijá-lo, assim que meus lábios tocaram os seus, ele congelou por um momento. Logo depois seus braços me puxaram para mais perto e senti que era ali que eu queria estar.

Little Hope 2 》D.D  { HIATUS }Onde histórias criam vida. Descubra agora