Contract - 5sos

Prólogo.

Izabela Hartley
           

Testes. Reuniões. Testes. Resultados. Audições. Resultados. Negação.  Negações. Próxima! Tente outra vez. Entraremos em contato. Próxima! Esse não era o papel pra você. Próxima! Próxima! Próxima!

Apenas rápido retrato da minha vida no último ano.

"Vou para a América, morar na Califórnia e ser uma grande atriz", disse à todos por anos, inclusive à mim mesma. Eu era só uma criança ingênua, criada em um mundo de cristal sonhando de longe com um futuro brilhante.

Sonhar sempre foi bom, mas nunca me ensinaram que entre uma ideia e a realidade há um penhasco muito muito grande pra ser atravessado.

–Rony, você não está entendendo. Eu preciso de algum trabalho. Um comercial de pasta de dentes, qualquer coisa!

–Você está na minha lista de prioridades, eu juro. Mas as coisas estão paradas, a sua oportunidade ainda não apareceu.

–Te contratei pra ser meu agente, pra você conseguir algo pra mim, você tem que se virar. Eu preciso de um emprego!

Ronald Former, é um agente de Hollywood. Não é famoso nem renomado, mas disseram que era competente, e foi a única coisa que a estrangeira perdida conseguiu arrumar. Rony se tornou meu amigo, e uma das poucas pessoas em quem confio nessa cidade depois de tudo que passamos. Mas eu não posso ser gentil com ele agora, estou em um momento de desesperada demais pra isso.

–Estou trabalhando em algumas propostas, você pode fazer alguns testes no mês que vem.

Esfrego meu rosto com as mãos.

–Não tenho até o mês que vem, Rony. Meus pais querem que eu volte pra casa. – abro o jogo.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

–O que?! –ele exclama, assustado.

–Meu pai não confia em mim, ele quer que eu volte e trabalhe no Hotel, minha mãe está começando a concordar.– confirmo– Eu não posso voltar pra lá.

–Querem você em Perth?! – assinto. Acho que ele finalmente entendeu o problema. – Ok, isso é sério. Vou ver o que eu posso fazer.

–Obrigada. – abro um sorriso. –Qualquer coisa, Rony...

–Entrarei em contato.– ele pisca, com os grandes olhos cor de mel.

Sorrio educadamente outra vez, e deixo a sala minúscula do prédio comercial, cheio de outras salas.

Preciso me apressar, ou vou me atrasar para meu turno no Café, então saio a toda pelas ruas movimentadas do centro.

Trabalhar em uma cafeteira é bom. Principalmente, quando o movimento não é tão grande, quase sempre onde eu trabalho. Meus colegas são legais, e os clientes também, na maioria das vezes.Foi a forma que encontrei para gastar meu tempo enquanto não consigo o trabalho da minha vida, no cinema. Além me render um dinheiro extra para minhas compras pessoais, superficiais. Los Angeles pode ser bastante deslumbrante ás vezes e tenho dificuldades em resistir.

Infelizmente os gastos reais e obrigatórios ainda são bancados pelos meus pais, o que não faz absolutamente nenhuma diferença na conta bancária deles, mas no fim das contas me incomoda. Odeio depender do dinheiro deles pras coisa, preciso conseguir me virar sozinha o quanto antes.

Meus pais podem ser gentis, quando querem ser. Mas já segui suas ordens, lidei com as tempestades, e obedeci durante vinte e dois anos. Acho que já é o suficiente.