Capítulo 23

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–Eu não subiria lá se fosse você.

Quase saio correndo de volta quando ouço a voz de Calum na sala, me recebendo assim que chego de mais um dia de gravações. Essa rotina está me dando nos nervos de milhões de jeitos diferentes.

Todo santo dia ele está aqui, como se fizesse de propósito pra ficar me esperando, mesmo depois de ter concordado em recuar. Talvez seja só loucura da minha cabeça porque ela fica bagunçada perto dele, mas de qualquer forma, estou me irritando.

E o que eu posso fazer? Exatamente, nada.

Porque em termos de morar de favor nós estamos na mesma situação. E mesmo em circunstâncias normais eu não faria Luke escolher entre nós, porque sei o meu lugar. Só que é ainda pior, porque de normal isso aqui não tem muita coisa.

Se eu encontrasse o gênio da lâmpada hoje, ou tivesse encontrado ontem, e se eu encontrar ele amanhã, já que a esperança é a última que morre, desejaria que a droga do apartamento dele ficasse pronta logo. Melhor ainda, desejaria que aquele vizinho maldito nunca tivesse começado a reforma que deu errado, se ele não tivesse vindo pra cá não estaríamos agindo assim, não teríamos extrapolado, as coisas seriam bem mais fáceis. 

Será que seriam mesmo? Me pergunto se a insanidade entre nós dois aconteceu porque eu estava em um momento muito vulnerável e ele não liga pra absolutamente nada, ou o problema é que existe mesmo uma coisa entre nós que se recusa a nos deixar em paz.

Calum deve ser o meu karma.

Pois eu estou cansada da quantidade de coisas que me chama a atenção nele. Quer dizer, a minha não, a atenção feminina em geral, de milhares, totalmente qualquer uma. Calum Hood, a entonação já vem pronta até. E eu. Mais uma peça no tabuleiro imenso da vida dele, uma peça que precisa dar o fora de uma vez  e nunca mais olhar pra trás.

Hoje ele está no sofá com Duke deitado sobre seu peito nu e TV ligada. Seu tom parece satisfeito demais quando ele diz tais palavras pra mim.

–E por que não? – tiro meu novo casaco favorito e o deixo junto com o meu capacete logo na entrada, tentando não dar muita atenção a ele.

Quando eu surtei com ele há alguns dias, acho que meu recado ficou bem entendido. Calum respeitou o espaço e vem agido levemente mais normal na maioria das vezes. Não sei se foi porque peguei pesado em todos os argumentos que consegui encontrar, ou porque ele se tocou que não pode fazer aquilo com o melhor amigo dele. Infelizmente não foi suficiente pra resolver as coisas.

Já acho que nunca vamos conseguir a tranquilidade de antes, mas acho que é bom saber que ele está tentando deixar toda a história de lado ao invés de dar mais corda pra nos enforcarmos. Estava, porque agora não estou entendendo suas insinuações. 

–Você vai me fazer te contar? –ele abre um sorriso enigmático – Liga os pontos aí.

–Acho que vou sim, sem pique pra adivinhações.

–Por favor, Izabela. Acha mesmo que você é a única que quebra as regras desse contrato? – ele dá risada, fazendo carinho em Duke – Quanta inocência.

–Você tá blefando. –acuso.

–Sobe lá e descobre por conta própria se quiser. Mas antes de surtar, lembra que eu avisei.

Não, não é possível.

Estreito meus olhos pra ele, o esperando desenrolar o assunto. Não devia dar moral, mas porque ele mentiria sabendo que vou descobrir em minutos de qualquer jeito? Não faz sentido algum. 

–Não me responsabilizo. – o moreno levanta as mãos – Mas subiram faz um tempo já, se fosse você esperaria na cozinha. Ofereceria meu quarto mas imagino que você não vá querer.

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