Capítulo 16

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Nas duas semanas que se passaram desde que me mudei para a casa de Luke me acostumei a acordar com o som do piano, a primeira coisa que o loiro faz pela manhã é sempre tocar um pouco. Nunca me incomodei com isso, acordar com notas suaves e a voz doce de Luke é tão bom. Eu sempre desço e digo bom dia pra ele com um sorriso no rosto.

Mas hoje é um dia diferente.

A música me irrita em um nível inimaginável, e infelizmente já sei que todas as outras coisas que acontecerem hoje, independente do que forem, vão me irritar. É um dos dias a única coisa que me deixaria contente seria ver o mundo acabar de uma vez, quando meu mau humor fica totalmente fora do meu controle.

Ninguém disse que seria fácil ser mulher, mas também nunca me avisaram dessas merdas, o que me deixa ainda mais irritada, se é que isso é possível.

Vai ser uma longa semana...

Estou destruída em todos os sentidos da palavra. Passei a semana toda em filas de audições, dando o meu melhor para conseguir algum dos papéis, qualquer um, em qualquer coisa. Já nem faz mais tanta diferença pra mim, mas a que estou sonhando em passar é para a última que fiz, ontem à tarde. Fiquei completamente apaixonada pela personagem depois de ler só a cena do teste, imagino quão maravilhoso seria poder gravar episódios e mais episódios...!

Eu queria tanto esse papel, precisava fazer um teste perfeito, o que me deixou excessivamente nervosa. Voltei pra casa com a cabeça explodindo, e tinha certeza que é era por isso. Talvez tenha mesmo muito a ver, mas minha vontade de cometer um crime a sangue frio, e as dores na minhas costas já me mostraram que não foi só isso.

Eu gostaria de passar o resto do dia reclamando sem nem tirar o rosto para fora do meu quarto, mas minha fome nunca vai deixar isso acontecer.

Me forço a levantar, e parecer um pouco menos assustadora antes de descer as escadas. Prendo meus cabelos e depois corro até o banheiro para escovar os dentes, lavar o meu rosto, e resolver tudo que eu tenho para resolver.

Ao chegar no primeiro andar percebo que não é Luke quem está no piano, e sim Calum. Mas o loiro está parado logo ao lado, anotando alguma coisa no celular. Imagino que estejam compondo uma música, mas não pergunto.

Quando Luke disse que o moreno vinha muito aqui, tinha razão sim, mas estava exagerando um tanto. Ou vai ver Calum venha menos agora por minha causa... não sei dizer, porém apenas o vi aqui umas três vezes, no máximo.

–Bom dia, Izzy. – Luke é o primeiro a notar minha presença.

–Izabela. – Calum desvia os olhos das teclas por alguns segundos.

–Oi. – é o mais educada que consigo ser.

–Acordamos você?

–Sim.

Vou para a cozinha atrás da única coisa que me fez sair da cama, posso conversar com eles em qualquer outro dia da minha vida, tanto faz.

O ápice do meu dia é quando encontro um pote cheio de creme de avelã em um dos armários, a maneira mais eficiente de calar minha fúria. Faço um sanduíche com uma generosa camada daquilo que provavelmente vai escorrer por todos os lados do pão, e depois encho uma caneca com café, creme e mais açúcar.

Me sento na bancada para comer, e infelizmente nem isso posso fazer em paz. Quando estou na metade do sanduíche Calum e Luke entram na cozinha.

Reviro meus olhos.

–Pensei que você já estivesse acordada, desculpa por isso. – Luke se pronuncia.

Olho para o relógio, que marca mais de dez horas. Não posso reclamar. 

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