Capítulo 1

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Estou observando o visor do meu celular por quase um minuto agora, e ele ainda não parou de tocar. Atender é a ultima coisa que quero fazer, mas ao olhar para o aparelho, me lembro com o dinheiro de quem ele foi pago e aí aceito a ligação. Não tenho como fugir, é impossível sumir assim do mapa.

–Alô? 

–Izabela, estou tentando falar com você há dias! – no fim das contas, papai não parecia assim tão irritado, só a ponto de me chamar pelo meu nome inteiro.

–Desculpa, papai,eu ia mesmo te ligar. É que ando muito ocupada. 

Talvez, isso não seja verdade em nem 1%, já que a minha rotina entediante continua a mesma. Estou o ignorando, mas não posso dizer isso a ele.

–Então você finalmente arrumou um emprego, eu imagino.  

–Acabei de chegar do meu turno no café, nesse exato momento. 

–Café? Você ainda não tem nada para atuar? 

Lá vamos nós...

–Preciso de mais um tempinho, você sabe papai, essas coisas são complicadas. 

–Você está aí desde o ano passado, não acha que já brincou o suficiente? – posso notar sua irritação começando a borbulhar. A minha também aumenta a cada palavra que ouço.

Infelizmente pavio curto é uma coisa da família Hartley. 

–Não estou brincando, estou correndo atrás dos meus sonhos. E como já disse, tenho um emprego num café. 

–Eu não pago suas despesas nos Estados Unidos pra você trabalhar em um café. – ele debocha– Nós precisamos da sua ajuda nos Hotéis, volte pra casa. 

–Se você confiasse em mim, eu poderia fazer algo grande.

–Eu confiei mas o seu tempo acabou, Izabela. Investimos muito nessa sua loucura e não tivemos absolutamente nada em retorno. – ele faz uma longa pausa.

Enquanto isso tento pensar em algo para rebater, mas sei que nada vai ser o suficiente pra ele. Nunca é. 

–Seu lugar é aqui conosco. Você vai assumir a gerência, assim como Jayden, há uma vaga em Brisbane.

–Eu não vou trabalhar em Brisbane, papai! – nem morta. 

–Camberra, Melbourne, Newcastle... decidimos quando você chegar. – ele diz, como se a cidade fosse realmente o problema. – Vou providenciar sua passagem.

–Eu disse que não vou voltar. –resisto. 

–Céus, minha filha! O que é que eu...

Não há chance alguma de ter chegado tão longe, pra voltar pra casa agora e passar o resto da minha vida com a bunda em uma cadeira para resolver problemas de hospedes folgados.

–Nada que você possa fazer vai me obrigar. Nem tente. – adiciono, com sangue nos olhos.

Ele faz uma longa pausa. Por alguns segundos, eu penso que venci.

A sensação não durou nada.

–Nós tínhamos um acordo, e você foi muito bem avisada das minhas condições. Cumpri a minha parte e te sustentei por um ano aí, você usou meu dinheiro e não fez nada. Deixe de ser uma criança mimada e volte já pra casa, Izabela. Essa sua tolice nunca vai funcionar.

–Você pode não acreditar, mas estou me esforçando. E eu não vou embora.

Posso imaginar a veia saltada em seu pescoço largo, pulsando no puro ódio, cena que me dá calafrios. Mas de forma alguma isso significa que vou recuar.

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