Capítulo 17

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- Lauren!

Me jogo descuidadamente na porta do banheiro, com o objetivo de pará-la antes que ela tenha a chance de se trancar. Isso é provavelmente o que mais me assusta, saber que ela está com dor, mas não ser capaz de ajudá-la, não ser capaz de ficar perto dela e mantê-la segura.

Felizmente consigo chegar a tempo quando ela se move para trás e eu a empurro para o outro lado. A primeira emoção que sinto quando entro no banheiro é alívio. Ela está bem, não exatamente bem, mas ela está de pé. Uma parte de mim estava esperando encontrá-la desmaiada no chão, gemendo de dor e encharcada de álcool. Para ser honesta, a situação à minha frente não é muito diferente, mas ela está acordada, e está de pé, ela poderia me dizer o que está acontecendo agora!

Ela bate a porta com força. Decido não dizer nada sobre isso.

Dou um passo hesitante em direção a ela, tentando desesperadamente absorver o que está ao meu redor enquanto o resto do meu cérebro está tentando juntar as peças do quebra-cabeça. O que aconteceu?

Lauren ainda não parece interessada em minha presença. Na verdade, ela está em pé na frente da pia do banheiro, tentando desesperadamente retirar algo do bolso da frente da calça jeans, e toda a sua concentração parece estar em encontrar alguma maneira de libertar o objeto. O olhar no rosto dela no espelho é de pura determinação, nunca vi suas expressões tão profundas, ou seus olhos tanto tempo sem piscar.

Sei que ela está agindo assim porque está bêbada ou chapada ou os dois. Mas minha mãe sempre me ensinou a olhar além da superfície, sempre há algo mais profundo, algo a ser descoberto. Os que mais lutam são os que têm algo mais abaixo da superfície. Não entendi completamente o que ela estava falando na época, mas agora que Lauren está na minha frente nessa situação, eu sei exatamente do que ela estava falando.

Então, o que a levou a isso? Meu primeiro instinto é buscar respostas fáceis. Seu corpo não aguenta mais depois de anos de abuso de álcool e drogas? Talvez ela tenha sido demitida do trabalho por ter aparecido chapada? Talvez ela teve um dia ruim? Talvez Noel não possa vir hoje? Talvez ela tenha brigado com os pais dela? Ou talvez... E isso é o que está na minha cabeça desde o momento em que ela cambaleou para dentro do apartamento… Talvez todo esse comportamento imprudente, agindo como se seu corpo não signifique nada, e ignorando o resto do mundo por medo… Seja por minha causa? E se eu sou a razão pela qual ela está assim?

Esse pensamento faz meu coração afundar em meu peito até que eu possa sentir isso pressionando meus pulmões, tornando difícil respirar. Deus, eu fiz isso com ela?

- Argh! - Lauren grunhe alto e o som me traz de volta a situação na minha frente. Ela conseguiu o que queria do bolso. Dou um passo à frente com curiosidade e franzo a testa quando vejo o pequeno saquinho de pó branco em suas mãos.

- O que você está fazendo? - Pergunto em choque. Ela não vai fazer isso. Eu sei que às vezes ela vai para casa do Kevin ou Noel e sempre achei que ela fazia coisas assim, mas ela nunca fez isso na minha frente. Por algum motivo, pensei que ela nunca faria. Algo aconteceu… E eu vou descobrir..

Lauren não responde minha primeira pergunta, sem surpresas, então pergunto de novo.

- Quanto você já cheirou? - Pergunto de forma exigente e dou um pequeno passo à frente, com cuidado para não pisar nos cacos de vidro que estão espalhados pelo chão do banheiro.

- Nada ainda, não consigo abrir essa porra! - Ela diz frustrada, suas mãos tremendo incontrolavelmente enquanto ela tenta abrir o saquinho com os dedos, fracassando miseravelmente e ficando cada vez mais agitada com cada tentativa. Ela geralmente não é de mentir para mim, é por isso que dói tanto quando ela diz que não cheirou nada quando está óbvio que ela já usou alguma coisa. Estou por perto tempo suficiente para saber quando ela está sóbria e quando ela não está, e agora ela não está.

The Girl Next DoorWhere stories live. Discover now