Capítulo 28

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Uma semana depois, os tremores ainda não desapareceram. Não é como se ela estivesse tremendo todo esse tempo ou algo assim. Ela está bem composta a maior parte do tempo, na verdade, talvez porque ela está tentando esconder sua dor... Mas posso ver isso. Vejo isso em seu rosto quando ela acorda de manhã e percebe que ela tem que sobreviver outro dia sem a coisa que tem “ajudado” a fazer isso nos últimos cinco anos, ela sorri para mim, mas vejo a dor em seus olhos. Vejo isso quando chego em casa depois de uma corrida e a ouço vomitando no banheiro, corri para o seu lado nas primeiras vezes que aconteceu, mas agora aprendi que é a última coisa que ela quer. Vejo isso na maneira como seus olhos se enevoam quando assistimos TV juntas, ela está na sala, mas ela não está realmente lá, sua mente está em outro lugar, ela está pensando “naquilo”, minhas suspeitas são confirmadas quando tenho que colocar minha mão sobre a dela para impedir que ela bata irritantemente contra o lado do sofá ou passe sem rumo sobre o jeans.

À medida que o tempo passava, pensei que seu desconforto e a dor continuariam a desaparecer, mas permaneceu estável, às vezes, até piorando. Eu sabia que seria difícil, ela avisou sobre isso, mas ela nunca me disse o que fazer para melhorar. Para não doer tanto. Em minha retrospectiva, eu fazia o café da manhã todas as manhãs, mas ela recusava ou vomitava momentos depois de comer. Tentei distraí-la com abraços, beijos e carinhos, o que na maior parte do tempo funcionou, mas teve alguns momentos em que senti que ela nem estava lá. Ela nem sequer tinha espaço em sua cabeça para pensar em mim naquele momento, tudo que ela podia pensar era em um certo pó branco.

No entanto, ontem, depois de seu vômito matinal, peguei seu celular enquanto ela dormia inquieta ao meu lado e pesquisei terapeutas ou reuniões de grupo e qualquer coisa que pudesse ajudá-la a com sua dor. Não quero falhar com ela, ela está contando comigo para ajudá-la a passar por isso, eu disse que estaria aqui para ela, mas simplesmente não posso ser suficiente quando essas drogas estão em sua cabeça o dia todo, ela não consegue nem se concentrar quando estou falando. Preciso de ajuda profissional, ela precisa de ajuda profissional, e foi assim que eu encontrei a Dra. Marsha Reynolds, uma terapeuta de abuso de substâncias que lida especificamente com o vício em drogas ilícitas. Ela tinha boas classificações e preços acessíveis. Assim que Lauren dormiu, eu eu saí para “correr”, aproveitei para falar com a doutora.

- Camz, eu realmente preciso de alguém que não sabe nada sobre mim me dizendo como viver minha vida? Eu poderia simplesmente voltar a morar com meus pais - Lauren geme enquanto, roboticamente, limpa as mesas e cadeiras. A segui como um cachorrinho, empurrando para ela sutilmente o cartão de visitas da Dra. Reynolds. Assim que o show terminou, troquei de roupa e esperei que a maioria das pessoas saísse antes de começar a importuná-la. Até agora ela não aceitou muito bem.

- Ela é uma profissional Lauren, ela pode ajudar - Imploro. Lauren revira os olhos e geme um pouco mais. Ela parece cansada, mas ela sempre parece cansada ultimamente, mais uma prova de que ela precisa dessa ajuda - Por mim...

Lauren balança a cabeça e para de limpar a mesa.

- Um dia esse negócio de “por mim” não vai mais funcionar e eu não vou mais cair nessa - Ela sorri.

- Esse dia é hoje? - Pergunto conscientemente. Lauren joga o pano de volta na mesa e se levanta para olhar para mim. Sei o que ela está fazendo, ela está me desafiando, e não posso deixar de rir e endireitar o pescoço como ela faz. Quando ela vê meu sorriso, suas sobrancelhas abaixam e um pequeno sorriso aparece em seus lábios.

- Dê-me o maldito cartão - Ela diz  revirando os olhos. Rio e entrega o cartão rapidamente antes dela mudar de ideia.

- Você quer que eu vá com você? - Pergunto animadamente.

- Não, não precisa - Lauren murmura, virando o cartão na palma da mão - Eu meio que quero fazer isso sozinha, e você não pode perder os ensaios Camz, Joey não vai gostar disso.

The Girl Next DoorWhere stories live. Discover now