Nikolai
Acordei com o toque alto do celular e chequei o horário: 1 a.m. Quem me ligaria aquela hora? Quando vi o nome do contato na tela atendi o celular o mais rápido possível. A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que talvez Sophie houvesse sofrido algum acidente.
— Alô? Sophie? — Os poucos segundos que ela demorou para me responder me deixaram ainda mais preocupado — Sophie!?
— Oi. To aqui, to aqui — Pude escutar sua voz arrastada e não demorou para perceber sua embriaguez.
— Onde você está? Está tudo bem?
— Pfff, claro que está! Eu to aqui ué, na festa.
— Que festa, Sophie? — Perguntei, já levantando e procurando uma roupa enquanto tentava desvendar onde a garota estava.
— Na festa da Michelle. Eu quero ir embora mas o Mateo sumiu.
— Michelle Gibbons? — A mais nova murmurou um "Uhum" — Fica aí que eu vou te buscar.Assim que desliguei o telefone, peguei minhas chaves e sai de casa com uma calça moletom sem nem conseguir encontrar uma camisa. Por ser um bairro pequeno, muitos dali eram conhecidos e eu já sabia onde Michelle morava, o que foi um alívio.
Ao estacionar na frente do local, pude ver luzes piscando por todas as janelas e portas, adolescentes bêbados em frente à casa, e no meio de tudo isso estava Sophie, me esperando em frente à caixa de correio. Saí do carro esperando que todos ali estivessem bêbados demais para lembrar de me ver ali e a levei até a porta do passageiro, colocando-a para dentro do veículo.
— Você é muito...uau. — Ela disse, passando a mão em meu peitoral, e eu ignorei enquanto colocava o cinto na garota. Voltei ao meu banco e comecei a dirigir.
— O que você pensa que está fazendo!? Olha seu estado!
— Iiihh, eu já fiquei assim ó — Ela deu risada — Tantas vezes.
— Cadê sua amiga? E seu namorado?
— Sumiram. Eles me deixaram sozinha e aí ficou tudo chato.
— Vou te levar pra casa.
— Não! — Ela pediu, quase gritando. — Por favor, não! Meu pai nunca mais vai me deixar sair de casa!
— Sophie, eu não...
— Por favor, Nik!Suspirando, eu mudei a rota e dirigi em direção a minha casa. Já dentro da garagem eu ajudei a mais nova a sair do carro e a levei para dentro. Ela já havia visitado o local algumas vezes quando era mais nova, mas duvidava de que se lembraria de muita coisa. Era mais comum que eu fosse a casa de Asher do que ele na minha.
Apesar de pequena e simples, minha casa estava sempre
organizada. Por isso, quando Sophie chutou seus sapatos e meias no chão da sala eu quase tive um ataque.
— Você vai me dar um banho gelado agora? — Ela me observava enquanto eu colocava seus pertences em um canto.
— Isso não funciona. Nem café. — Falei, estendendo a mão para ela e, assim que ela segurou a minha, fiz com que levantasse e me acompanhasse até meu quarto.
— Hmm, e o que funciona então? — Perguntou, em tom malicioso ao ver para onde eu a levava. Achei melhor poupa-la de uma resposta mal educada.
— Fique aí. Eu já volto.
Na cozinha, enchi um copo de água com açúcar, um outro copo de água gelada e peguei um comprimido. Levei tudo até o quarto, onde encontrei as roupas de Sophie largadas no chão. Quando meu olhar encontrou a garota, ela estava vestindo uma camiseta minha.
— Aqui, tome. — Entreguei primeiro a água com açúcar. Apesar de contestar, acabou tomando tudo. Fez o mesmo com o comprimido e a água gelada. Ela então se deitou e, em menos de cinco minutos, estava apagada.
Peguei um lençol e fui dormir no sofá, achando melhor manter uma distância saudável entre mim e a menina que usava somente uma camiseta.Sophie
Acordei com o quarto girando um pouco, e primeiro estranhei o local. Aos poucos algumas memórias da noite anterior vieram à tona e me lembrei de onde estava. Sentei na cama e percebi que minha cabeça não doía, só sentia muita fome e um estômago não tão feliz.
Quando levantei, percebi que usava apenas uma camiseta por cima da lingerie e me questionei por um momento se havia feito algo demais. Não, Nik não faria nada comigo bêbada, pensei.Na cozinha, encontrei a mesa com um prato cheio de panquecas e ouvi meu estômago roncar. Sentado, encontrei o mais velho com uma calça azul de moletom e uma regata cinza que destacava muito bem seus braços. Seu cabelo não estava preso como de costume, e parecia um misto perfeito de bagunçado e ajeitado.
— Bom dia. — Nik cumprimentou, bebericando seu café preto e me encarando. Não sabia dizer se estava bravo ou apenas sério. — Como se sente?
— Melhor do que eu esperava. O que voce me deu ontem?
— Água, açúcar e um remédio para náusea e dor de cabeça.
Eu ri, sentando-me e me servindo com um pouco de café com leite e panquecas.
— Se fosse algum cara da minha idade não perderia a chance de me dar um banho.
— Bem, então espero que a próxima vez que você ficar naquele estado não ligue para alguém da sua idade. — Ele disse, cruzando os braços. Ah, sim. Ele estava bravo.
— Você que me trocou?
— Não. Você decidiu arrumar uma roupa mais confortável para dormir.
— Hm. — Tentei desconversar. Se continuássemos falando sobre os meus erros da noite passada, Nikolai iria ficar mais irritado. — Bem, hoje é sábado e meu pai acha que estou na Sienna. Temos muito tempo para aproveitar.
— Eu vou te levar para casa assim que terminar seu café da manhã.
— Qual é, Nik. Não quero ir para casa. — Protestei, enquanto enchia minhas panquecas de Xarope de Maple. — E se você me levar meu pai vai saber que algo está errado.
— Sophie, você não pode passar o dia aqui.
— Por que? Tem um compromisso?
— Não é isso, eu...
— Então pronto! Além do mais, vai ser interessante saber o que você faz no seu tempo livre.
Ele me encarou sem saber o que dizer, e então pareceu desistir. Assim que terminei de comer a maior parte das panquecas, ajudei a arrumar a mesa.
Ainda em silêncio, fomos para o sofá.— E então? O que o misterioso Nikolai faz em seu tempo livre?
— Nada específico, eu acho. Eu assisto TV, conserto alguma coisa. Saio para o bar à noite. — Encarei-o surpresa por um instante — Não me olha assim.
— E você trás alguém pra cá?
— Não vou discutir isso com você.
— Vou interpretar isso como um sim. — Falei, desanimada. Ele suspirou pesado antes de me encarar.
— O que está tentando fazer aqui, Sophie?
— Eu não sei, tá legal? — Admiti, exasperada — Eu só...Eu não consigo tirar você da cabeça desde aquele dia no vestiário. E eu sei que você também não. — Ele continuava me olhando, e eu não sabia dizer o que se passava em sua cabeça. — Eu não estou dizendo que estou apaixonada por você, só que tem alguma coisa acontecendo aqui e você sabe.
— Seriamos errados por tantos motivos. — Ele finalmente disse, com pesar na voz — Eu sou seu professor! Você só tem 17 anos, e o seu pai...O seu pai me mataria. Além disso, você tem namorado. Não pode fazer isso com ele.
— Eu sei — Grunhi quando Mateo foi mencionado. Estava me sentindo culpada por continuar com ele — Eu nem sinto mais nada por ele. E eu sei que é errado. — Cobri o rosto com a mão — Toda vez que eu beijo ele, eu penso em você. Quando eu estou com ele, eu quero estar com você.Antes que eu pudesse continuar, senti suas mãos nas minhas, retirando-as com delicadeza do meu rosto e me fazendo olhar em seus olhos.
— Sofiya... — Ele murmurou, o sotaque Russo carregado. E, para minha surpresa, ele se inclinou e me deu um beijo devagar.
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O Treinador
RomanceSophie é a garota de ouro de Maple Ridge High. Filha do diretor, melhor aluna da classe e capitã do time de futebol feminino. Namorando o menino mais quente do colégio e melhor amiga da garota mais popular, sua vida tinha tudo para seguir sem nenhum...