Capítulo 21.

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Sophie

Depois de passar parte da tarde na casa de Nikolai, achamos melhor que eu não estivesse lá quando meu pai chegasse. Ao invés de ir para minha casa, decidi passar na casa de Sienna. Após bater na porta, a garota abriu a mesma só o suficiente para mostrar seu rosto.
— Ah, Sophie! Você não disse que estava vindo.
— Desculpa, estou atrapalhando? — Eu sorri de lado. Talvez alguém estivesse ali com ela
— Na verdade, não. Mas pode esperar um pouco?
— Ahm...claro — Dei de ombros, rindo.
Ouvi alguns barulhos e sussurros enquanto aguardava. Desses, escutei "E se ela falar para alguém?", sendo que a resposta foi "Ela não vai. Mas se quiser pular a janela fique a vontade"
Eu já estava ficando muito curiosa quando a porta se abriu e eu não pude acreditar no que vi. Samantha estava com os cabelos bagunçados e a regata ao contrário.
— Sophie. — Ela me cumprimentou com um inclinar de cabeça, visivelmente envergonhada mas querendo manter a pose. Eu, segurando o riso, retribui. Ela então saiu dali em direção ao carro que estava estacionado ao lado da casa de Sienna. Pude vê-la arrumando a peça de roupa antes de dirigir para longe, e então eu entrei no local.
— Você é louca! — Eu disse, enquanto fechava a porta atrás de mim.
— E você não é a melhor pessoa para me julgar. — Respondeu, enquanto procurava algo entre as almofadas bagunçadas. — Tanto que eu imagino que você veio aqui me contar algo interessante — Ela provocou, e finalmente encontrou o que queria - seu shorts.
— Talvez — Eu ajudei a recolher algumas almofadas do chão e arrumar o sofá — Mas agora estou curiosa demais para saber o que está rolando com vocês duas.
— Ah, amiga...é sexo. Quer dizer, ela tem toda essa vontade reprimida, e eu tenho minhas necessidades. Assim juntamos o útil ao agradável.
— Você? Transando sem se apegar? Eu apostaria dinheiro que você vai se apaixonar por ela logo menos.
— Larga de ser besta. — Reclamou, sentando-se a meu lado e colocando as pernas em meu colo, deitando. Ela parecia cansada. — Eu não ficaria com essa louca.
— Claro...
— Mas e o miss Rússia? Vocês...? — Ela perguntou com tom sugestivo, e eu revirei os olhos sorrindo.
— Ontem. Quer dizer, teoricamente hoje de madrugada. Saímos da balada e estava muito tarde para voltar, então ficamos em um hotel. Íamos tomar banho, e aí...bem, aí aconteceu.
— No chuveiro? Sua primeira vez foi no chuveiro?
— Não! Desistimos do banho e ele me levou para a cama. Aí...bem, aí aconteceu.
— E foi bom?
— Foi a melhor sensação que eu já senti.
— Ah! — Ela gritou, animada, e eu acabei rindo de sua reação. — E ele é...? Sabe, grande?
— Sienna!
— O que? Pergunto de um ponto de vista científico. Porque sejamos sinceras...parece ser.
— ...e é. Quer dizer, nada assustador, mas...é.
— Vivi para ver você ficar vermelha ao falar de um assunto.
— Tá bom, chega. — Pedi, pegando o controle e ligando a TV para mudar o assunto — Vamos assistir algo?

Ainda sim, Sienna não quis mudar de assunto e eu precisei contar como havia sido a noite anterior. Contei sobre o caminho, a balada, o hotel e sobre hoje de manhã. Falei também do idiota em que esbarramos mais cedo.

— Espera, eles estudaram juntos? Que coincidência estranha. — Ela apontou, e eu concordei.
— Pelo menos não era ninguém próximo do meu pai.
— Agora é só esperar que ele não comente nada perto do seu pai na reunião.
— Reunião? — Perguntei, confusa
— Sim, a reencontro que vai ter sábado que vem. Seu pai e o treinador eram do mesmo ano que minha tia, não?
— Lauren? Sim.
— Então, ela ligou avisando que passaria o fim de semana que vem aqui por conta dessa reunião. Seu pai não falou nada?
— Na verdade, não. O que é estranho. Mas ele anda meio distraído ultimamente. — Eu fiquei em silêncio um pouco, antes de continuar — De qualquer forma, ele nem sabe que sou filha dele. E meu pai não era próximo dele pra contar, então tá tudo bem. — Finalizei, tentando convencer mais a mim mesma do que minha amiga. Por poucos instantes fiquei com medo de Nikolai ter razão para não achar prudente andarmos juntos em público daquela forma.
— Fica tranquila, Soph. Quer tomar alguma coisa?
— Sua mãe está viajando de novo?
— Pois é. E eu ainda tenho uma garrafa inteirinha de vinho para terminar antes dela chegar e tomar tudo sozinha.
— Parece que precisarei fazer esse sacrifício. — Brinquei, e ela levantou animadamente em busca da bebida.
O restante do tempo ali foi resumido em vinho, salgadinhos e risadas. Quando meu pai me mandou mensagem dizendo ter chego, eu me despedi da garota e fui para casa - fazendo minha melhor imitação de garota sóbria.

O TreinadorOnde histórias criam vida. Descubra agora