Capítulo 14.

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Sophie

Quando a visita ao Zoo acabou, fomos em direção ao hotel para jantar. Durante o dia tivemos apenas um rápido intervalo onde pudemos comer, e me arrependi de levar somente uma maçã para aquele momento já que agora estava faminta.
— Iremos distribuir as chaves para as duplas, vocês poderão ir ao quarto tomar um banho antes de irmos ao restaurante do hotel. — Senhorita B anunciou, e começou a chamar os alunos para entregar o cartão magnético que permitia acesso aos cômodos. Memorizei o número do meu: 302. Sienna ficava no 303, o que facilitaria nosso escape mais tarde. — Jantaremos às 7. — Olhei para o relógio: 5:30. — Eu ficarei no quarto 201, e o professor Zadornov ficará no 301. Então se tiverem alguma emergência, falem com o responsável em seu corredor.
— Falei com os garotos — Sienna se aproximou, dizendo. — Eles irão andar pelo hotel procurando um lugar que possamos ficar. Provavelmente nos mandarão para os quartos às 9, então podemos nos reunir às 10.
— Tudo em que eu consigo pensar agora é comida. — Disse, honestamente, e meu estômago fez um barulho que confirmou minha frase. Fomos até nossos quartos.
No meu, Suzy já se encontrava arrumando sua cama e preparando as coisas para tomar banho. Estava trocando os lençóis do hotel por lençóis dela, e eu resolvi não fazer perguntas.
Fui para o banho primeiro, e Suzy logo me fez perceber que eu demorava ao reclamar que eu deveria me apressar pois ela precisaria de tempo para secar seus cachos.
Depois de sair do chuveiro enrolada na toalha e esperar a garota entrar no local onde eu estava antes, analisei as roupas que tinha na minha bolsa. Eu não era exatamente uma fashionista - Sienna se saía melhor naquele quesito. Meu estilo era um tanto simples, as peças eram em sua maioria jeans skinny e regatas que chamavam atenção para o decote. Mas naquele dia, resolvi usar uma saia que não usava há um bom tempo. Era azul marinho, solta e ia até um palmo e meio para cima do joelho. Combinei com um tomara que caia preto. Sequei o cabelo até ele ficar um pouco menos do que úmido., sem paciência para esperar que secasse por completo. Além do mais, eu achava que ele ficava melhor quando secava naturalmente.
Ainda eram 18:40, e sem esperar por Suzy, fui até o restaurante. Já haviam algumas pessoas ali, incluindo os professores. Ambos estavam em uma mesa grande, com espaço para mais ou menos 6 pessoas. Sentaram-se com eles um garoto ruivo que não consegui lembrar o nome, Helen e Jordie do time de futebol feminino, e George e Rick, que eu conhecia por serem amigos de Mateo do time de natação.
Aproximei-me da mesa ao lado e pude ver o olhar de Nikolai me seguir conforme eu passava por sua frente. Sorri comigo mesma brevemente, antes de me sentar e ver Sienna se aproximar junto de Mia e Raven.
Tínhamos varias opções de jantar, e dentre elas eu escolhi o hambúrguer e fritas, o mesmo que Mia e mais dois garotos da nossa mesa. Sienna, Raven e Suzy - que chegou alguns minutos depois das 7 - resolveram escolher salada e peixe assado.
— Não acredito que você vem um restaurante diferente e pede hambúrguer. — Sienna riu, julgando-me pela escolha.
O restante do jantar foi divertido. Com bastante conversa jogada fora e sobremesas deliciosas. Por volta das 8:30, todos já haviam terminado de comer e estavam apenas conversando.
— Atenção — Senhorita B pediu, levantando-se — Vocês vão agora para os quartos, sendo que após as 9 vocês não devem sair. Vocês devem estar em pé amanhã às 8:30 da manhã e poderão tomar café das 9 às 10. Depois disso, iremos ao aquário e retornaremos para o ônibus às 3 da tarde.
Aos poucos o restaurante se esvaziou, todos indo para os respectivos quartos como o instruído. Combinei com Sienna e com o resto do pessoal que nos encontraríamos 11 horas, já que daria tempo o suficiente de achar que estávamos dormindo.
E assim, precisamente às 11:05 eu e Sienna nos encontramos. Precisaríamos tomar o dobro do cuidado, já que o quarto do professor ficava ao nosso lado.
No primeiro andar, nos encontramos conforme combinado, e seguimos Stephen até um pequeno espaço após uma quadra infantil.
— Aqui é improvável que alguém nos escute, mas ainda precisamos tomar cuidado e falar baixo. — Ele avisou, e nos sentamos em uma roda. Sentei ao lado de minha melhor amiga, e Raven fez um esforço para se sentar perto de Roger. Stephen tirou duas garrafa de vodka de uma bolsa, e eu ri.
— Se tomarmos isso tudo ninguém acorda amanhã. — Observei.
— Qual é, gatinha. — Marcus, que estava a meu lado, pegou a primeira garrafa e abriu — Sei que você aguenta. — E me olhou com um sorriso um tanto malicioso. Marcus era muito bonito. Os cabelos eram bem pretos e lisos, devido sua descendência asiática - não tinha certeza se japonesa ou coreana, os olhos escuros e os dentes muito brancos. Tinha um corpo esguio mas um tanto musculoso, e um sorriso que deixava varias meninas a seus pés. Seu único problema: uma auto estima ridiculamente alta.
Se ele achava que conseguiria algo de mim ali, ele estava muito enganado. Ainda sim, aceitando sua provocação, eu peguei a garrafa de sua mão e tomei um gole. O líquido desceu queimando e fiz uma careta, antes de devolver. Todos comemoraram em tom animado, e a garrafa começou a ser partilhada enquanto comentários sobre o dia eram feitos.
— Ok, vamos começar com a bebê foca molhando a camiseta da Samantha? Porque aquele foi o ponto alto do meu dia. — Sienna disse, rindo.
— A camiseta dela ficou toda transparente, e ela ficou da cor do meu tênis — Roger riu, apontando para o tênis tom vermelho sangue que usava. Raven riu também, mas mais do que a piada merecia.
— Eu acho que isso é Karma. — Disse, por fim, dando de ombros
— Espero que o Karma tenha mais coisa guardado pra ela — Sienna completou, antes de tomar mais um gole da bebida.
A conversa se estendeu por minutos que pareciam mais longos a cada gole que eu dava na garrafa. Quando consumimos mais ou menos dois terços da primeira garrafa, eu parei de tomar. Não queria passar o dia seguinte todo de ressaca. Sienna diminuiu o consumo um pouco também, ao passo que Mia e Raven pareciam só aumentar. Raven e Roger estavam em um mundo só deles, conversando sem perceber que os dois se queriam, o que deixava todos nós agoniados. Mia, que era sempre muito impaciente, finalmente falou o que todos queríamos.
— Qual é, se beijem logo. Todos percebem a tensão sexual no ar. Olha, ali no parquinho tá bem escuro — Ela disse, apontando para um lugar ainda mais escuro do que onde estávamos. Eles ficaram sem jeito, e não foram até o escuro mas se afastaram do grupo, para fazer o que todos sabíamos que fariam eventualmente.
Marcus e Stephen conversavam animadamente enquanto Mia se divertia com a vodka, mesmo que parecesse nunca ficar mais do que animada. Sienna interrompeu todos.
— Vocês viram o climão entre o Miss Rússia e a senhorita B?
Senti meu corpo endurecer. Não era coisa da minha cabeça?
— Berger e o treinador? Eu não percebi nada — Marcus franziu o cenho, deixando a conversa sobre a garota que havia conhecido no tinder para focar no novo tópico.
— Qual é, eles passaram o dia todo conversando.
— Eles não são colegas? — Stephen retrucou, mas sem totalmente descartar a teoria da morena
— Não sei não. Senhorita B ria de tudo que ele falava. Pareciam até Raven e Roger — Ela riu. Eu não.
— Eles fariam um casal sexy. — Mia contribuiu para a conversa. Desejei que não o fizesse mais. — Será que é por isso que a professora está se arrumando mais? Quer dizer, ela parou de usar aquele suéter bege dela. Eu achei que ela seria enterrada naquilo.
— Meu estômago está meio embrulhado. — Falei de repente — Acho que vou para o quarto.
— Já? — Sienna pareceu desconfiada. Ela me conhecia bem, e geralmente podia dizer quando algo me incomodava. O que explicava porquê ela estava tão convencida de que eu escondia algo dela.
— Sim. Mas não se preocupe, não vou vomitar nem nada. — Ela ainda não parecia acreditar, mas não disse mais nada — Bem, aproveitem aí. Não deixem aqueles dois transarem sem camisinha. — Brinquei, e então me retirei dali. Estava um pouco zonza pelo álcool, e subir as escadas foi uma tarefa difícil. Quando cheguei ao terceiro andar, parei diante de minha porta. Tentei passar o cartão magnético mas a luz continuava vermelha.
— Droga de chave! — Murmurei, irritada.
Quando alguém abriu a porta, entendi o motivo do meu cartão não funcionar.
— Sophie? — O sotaque russo atingiu meus ouvidos.

O TreinadorOnde histórias criam vida. Descubra agora