Capitulo 25

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Nikolai

— Ele é o treinador e professor de educação física. — Meu amigo respondeu por mim, e pude ver o divertimento nos olhos do loiro.
— Asher! Sabe o que acabei de me lembrar. Beatrice estava procurando o responsável. Algo sobre ser alérgica a amendoim. Acho que queria saber o que tinha nas comidas. — Travis disse, de repente
— Claro! Eu já volto. — Asher respondeu, e então retornou ao ginásio.

Quando o loiro se certificou que só tínhamos nós dois ali, cruzou os braços e me encarou com um sorriso divertido.

— Olha, não é o que...
— Não é o que eu estou pensando? — Travis ironizou, dando risada. — Não me venha com essa merda,cara... — Ele tomou fôlego — Eu sempre tive muita raiva de você no colégio. Porque eu sabia que você não tinha nada de ruim por dentro e ainda sim conseguia de alguma forma me intimidar. Mas te vendo agora...você tem, sim, uma parte bem podre. Quer dizer, foder a filha do seu melhor amigo? — Balançou a cabeça em desgosto — E mais, com o risco de ser demitido? Nenhuma foda vale isso.
Instintivamente, eu o empurrei contra a parede.
— Não fale assim dela!
— Puta merda, Zadornov! — Travis riu, ainda que tivesse uma careta de dor por conta do empurrão— Você gosta mesmo da garota. Como você é burro.
— Eu não planejei isso, está bem? — Falei, ainda segurando-o ali. Como minha mão estava em seu peito e eu sem perceber fazia pressão ali, ele tossiu um pouco. Então, me afastei. Respirei fundo e tentei me acalmar.
— Não importa. Até eu sei que isso é sacanagem. Não é como se você fosse um animal sem consciência. Se está com ela é porque não poderia se importar menos com seu amigo. — Ao ser solto, ele arrumou a roupa. Eu fiquei quieto por longos minutos, sem saber o que dizer.
— Você vai contar? — Questionei, finalmente.
— Eu? — Travis riu mais uma vez. Ele realmente estava achando a situação divertida. — Não. Ele nem acreditaria, se viesse de mim. Eu vou é me divertir sabendo que você está fazendo isso com ele. E que algum dia, isso vai estourar. Aí, meu amigo... — ele deu tapinhas em meu braço — Boa sorte.

O homem retornou para o local da festa, deixando-me sozinho com meus pensamentos. Eu pensei na reação dele e no que ele havia falado, em como qualquer um que olhasse a situação enxergaria que eu estava sendo uma pessoa péssima.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Asher dizendo que estava indo para casa a pé. Sem mais explicações, eu saí dali e caminhei até minha residência.

Sophie

Meu pai chegou em casa tarde, e por não chegar gritando comigo, eu imaginei que nosso segredo estava salvo e que o tal colega de Nikolai não tivesse falado nada. Na melhor das hipóteses, meu pai nem tinha lhe direcionado a palavra. Fui para a cama mais tranquila com isso, pensando na desculpa que poderia arranjar no dia seguinte para ver Nik, nem que por pouco tempo.
Pouco antes de dormir, enviei uma mensagem à Sienna.

"'Cinema' amanhã"?"

"Claro. O que vamos assistir? 'Gatão de meia idade?'"

••

Combinei com Sienna de que diria a meu pai que íamos ao cinema, e em seguida eu dormiria em sua casa. Assim, poderia ficar na casa de Nik. Ao mesmo tempo, Samantha dizia a sua mãe que viria estudar na minha casa. Claro, seus pais apenas a deixariam sair para a igreja ou estudar, e com certeza não a liberariam para passar tempo com alguém que, de acordo com eles, "cuspia na cara de Jesus com suas escolhas mundanas baseadas em luxúria e desejo". Assim, a filha do diretor era uma escolha melhor.

— Estou saindo! — Disse a meu pai, já na porta. Eu usava um vestido florido, que apesar de não ser justo, acentuava minhas curvas. Ficava na metade da coxa e tinha um decote não muito exagerado. Não costumava usar aquele estilo, mas admitia que ficava bem em mim. A cor branca fazia um contraste legal com minha pele bronzeada e os cabelos castanho escuro.
Havia comprado, alguns dias antes, uma lingerie rosa que agora usava por baixo daquele vestido. Estava ansiosa para que ele me visse usando a peça.
Quando cheguei em sua casa, sempre garantindo que ninguém me visse entrando ali, eu usei a chave reserva e entrei.
— Nik? — Chamei, trancando a porta antes de procurá-lo. Enquanto avançava, ouvi barulhos na cozinha e fui até lá. — Ei! — Falei, sorrindo e me aproximando dele. Ele usava uma calça de exercício e estava sem camisa. Antes que ele pudesse se virar para me ver, eu o abracei por trás. Pude sentir seu cheiro e lhe beijei a pele descoberta.
Ele então se afastou delicadamente, largando a faca que usava e limpando as mãos. Ele parecia incomodado, e me olhou com uma seriedade que me assustou.
— Aconteceu alguma coisa?
— Precisamos conversar. — Ele disse, e então foi em busca de uma camiseta para vestir. Quis brincar, dizendo que não era necessário já que seria um retrabalho tirar depois, mas achei que não fosse o melhor momento. Ele me levou até o sofá e se sentou ao meu lado. — Não podemos continuar.

O TreinadorOnde histórias criam vida. Descubra agora