O Treinador

Capítulo 29.

Nikolai

Com a garota próxima daquele jeito, permiti-me ignorar as consequências naquele momento e a segurei pela cintura, dando-lhe um beijo demorado - porém sem muita voracidade, já que meus lábios estavam inchados. Ela passou a beijar meu pescoço e eu fechei os olhos, foi como se toda minha dor e preocupação deixasse meu corpo naquele momento, permitindo que eu somente sentisse luxúria e desejo.
— Ah, Sofiya... — Murmurei, e ela me deu um chupão de leve logo abaixo da minha mandíbula. Afastou o rosto apenas o suficiente para ver o efeito que tinha sobre mim, e eu quis me xingar naquele momento por deixá-la no controle de tal forma. Mas quando seus lábios retornaram à minha pele foi difícil me concentrar em qualquer outra coisa.
Fazendo uma força fora de mim para conseguir colocar o juízo à frente da vontade, eu lhe beijei uma vez mais e então afastei nossos rostos.
— Espere... — Pedi, e ela me olhou. Era um misto de frustração com medo. Eu coloquei seu cabelo para trás da orelha a fim de ver melhor aquele lindo rosto.
— Eu não quero esperar. Quero ficar com você. — Ela admitiu, ajeitando-se ao meu lado. Eu acariciei seus cabelos. — Recebi uma carta da UCLA, sobre minha admissão antecipada. Eu fui aceita.
— Isso é ótimo! — Beijei o topo de sua cabeça, apertando-a em meus braços. — Parabéns. Sabia que conseguiria.
— Você podia ir comigo.
— Para a faculdade? — Eu ri, franzindo o cenho. Ela revirou os olhos em resposta como se eu fosse um idiota.
— Para a Califórnia. Você...bem, meio que não tem mais nada te segurando aqui. Perdeu o emprego, e...
— E meu amigo. — Completei, sabendo ao que ela se referia. Ela não estava errada. — Eu...eu não sei, vivi a maior parte da minha vida aqui.
— Exato. Ja viu tudo o que tinha que ver, e fez tudo o que tinha que fazer aqui. Lá você pode recomeçar. Podemos ficar juntos sem ninguém olhar estranho, sem meu pai...você sabe.
— Eu vou pensar. Tá bem?
Ela assentiu, satisfazendo-se com aquela resposta. Talvez tivesse razão. Talvez já não houvesse mais o que fazer ali na cidade. Um dos únicos motivos pelos quais ainda estava ali era, afinal, minha amizade com Asher. Considerando que esta havia se acabado, não havia algo que realmente me prendesse ali. Seria arriscado sair de uma cidade tão pequena para uma enorme como Los Angeles, mas era algo a se pensar.
Havia vivido toda a vida com foco nas certezas, nas opções seguras. O único momento que cheguei a me desprender desses ideias foi quando iniciei o relacionamento com a mais nova. O único momento de emoção e impulso que havia experimentado em muito tempo, e que havia me levado a uma das melhores experiências da minha vida. Ali, deitado com o rosto inchado e o corpo dolorido, era o mais feliz que lembrava de me sentir desde bem mais novo. Mesmo que não soubesse o que me aguardava, tinha uma sensação gostosa de estar completo que me fazia ter certeza de que, se precisasse, eu faria tudo de novo da mesma forma.
Assim, decidi que iria com a garota, mesmo que fosse um tiro no escuro. Valeria a pena arriscar contanto que estivéssemos juntos.
— Quer saber...tudo bem. — Ela me olhou, confusa. — Preciso arrumar um emprego lá, mas...você está certa. Não tem nada me prendendo aqui, e lá poderemos ficar juntos. Porque eu te amo, e eu quero estar contigo seja onde for.
— Você... — Ela desistiu de colocar em palavras, mas com os beijos que sucederam eu entendi tudo o que ela quis dizer.