Capítulo 12.

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Nikolai

Afastei-me da mais nova quando escutei a campainha. Notei o ponto avermelhado em seu seio antes do mesmo ser coberto com a regata preta que ela usava até minutos atrás. Seguindo seus passos, vesti minha camiseta também, garantindo que minha ereção estivesse coberta antes de pegar o dinheiro e atender a porta.
Após rapidamente entregar o dinheiro para o garoto e pegar a pizza, voltei para dentro e deixei a caixa na mesinha de centro. Voltei com dois pratos, apoiando-os ali também.
Quando olhei a menina, ela estava já vestida, mas agora um pouco distante. Nos dois sentidos da palavra.
— Está tudo bem?
— Está sim — Ela disse, sorrindo sem graça e abrindo a caixa.
— Desculpe se eu passei dos limites de alguma forma. — Falei, franzindo um pouco o cenho e a olhando, ignorando a pizza.
— Não, você não fez nada que eu não quisesse. — Ela me assegurou, ainda sem jeito — Eu só...
— Não tem certeza? — Ela assentiu. Eu fiz com que ela me olhasse — Sabe que pode me dizer se não quiser continuar, não sabe?
— Eu sei. Na verdade, eu queria. Mas agora que paramos, eu não sei se estou pronta. — A palavra que ela escolheu me fez pensar se ela não estaria pronta para fazer aquilo comigo, ou para fazer aquilo. Logo ela complementou — Nunca...nunca fiz isso antes.
Fiquei um pouco surpreso, já que baseado no vídeo que Mateo postou eu imaginava que eles já tivessem feito. Eu acariciei a bochecha dela antes de beijá-la de leve.
— Não precisa se preocupar com isso. Não farei nada até ter certeza.
Ela sorriu, antes de esticar os braços e alcançar a pizza.
— Como você vive sem Netflix? — Eu ri com a mudança repentina de assunto, percebendo que ela tentava disfarçar seu desconforto.
— Assistindo TV
— Ah, e o que você vê?
— Hm...não sei. O que tiver passando.
— Você não se diverte!
— Claro que eu me divirto.
— Me fala um hobbie seu.
Eu pensei por longos segundos, mordendo a pizza antes de responder.
— Eu gosto de assistir documentários de história.
— Sério? Documentários? E nem os do tipo legal, sobre crimes? — Ela parecia incrédula — Sabe o que temos que fazer? Ir a uma festa.
— Espero que saiba quão absurdo é o que você acabou de falar.
— Complicado? Sim. Absurdo? Não.
— Sophie, nenhuma festa vai deixar uma menina de 17 anos entrar. E se deixar, eu quem não poderei.
— Duh, como você acha que eu entro nos lugares? — Ela ironizou, e eu não precisei de muito para entender.
— Mesmo que não fosse óbvio quão contra eu sou sobre usar uma identidade falsa, você não acha que alguém pode nos reconhecer?
— Você pensa muito pequeno. Como acha que eu frequento esses lugares e nunca ninguém disse para meu pai? Simples: vou em lugares de outra cidade.
— Mas de jeito nenhum.
— Qual é, Nik! Você precisa se divertir um pouco. E eu também. Por favor?
Eu suspirei, sem responder. Não acreditava que estava sequer considerando aquilo. Diga não, Nikolai, falei para mim mesmo, mas enquanto observava a morena em minha frente me encarando com um rosto pidão, eu acabei decidindo pensar sobre o assunto.
— Você parece mesmo a sua mãe. — Balancei a cabeça, lembrando de Annelise. Havia conhecido a mulher na escola junto de Asher, aos 16. Havia se transferido de Nova Iorque, por conta do emprego de seu pai, e acabamos fazendo uma atividade em grupo com ela no laboratório de química. A partir de então, passamos o restante dos anos juntos, e ao decorrer do tempo Asher e Annelise começaram a se apaixonar. A lembrança era um tanto amarga, por motivos que havia jurado enterrar fundo e esquecer. Mas ali, na frente da garota, era inegável que o jeito imprudente e intenso de Sophie parecia muito com o de Anne.
— Já ouvi isso — A garota sorriu triste
— Desculpe, não quis dizer...
— Tudo bem. — Ela me interrompeu, encarando o pedaço de pizza em suas mãos — Você a conheceu melhor que eu. Por que acha que ela fez aquilo?
— Eu...Eu não sei
— Quer dizer, como pode alguém que parecia tão feliz e ansiosa para experimentar a vida decidir acabar com ela?
Pude ver os olhos da menina encherem de lágrimas, e coloquei nossos pratos na mesa para me aproximar dela.
— Sua mãe soube esconder muito bem, mas ela também tinha seus problemas.
— Tenho medo de acabar como ela.
— Ei, olha para mim. — Pedi, e ela o fez, ainda que resistente. — Você não é sua mãe. Além do mais, se em algum momento se sentir como ela, você sempre pode contar comigo.
— Obrigada. — Ela disse, a voz baixa. Então, forçou um sorriso — Vamos comer — Pediu, pegando seu prato novamente. Aproveitamos o restante do tempo que tínhamos sem mais assuntos tão sérios.

Sophie 

Cheguei em casa quinze minutos mais tarde do que pretendia, mas meu pai parecia estar atrasado também. Já em meu quarto, tirei minha roupa a fim de tomar um banho e dormir. Teria aula no dia seguinte. E treino, pensei sorrindo.
Na frente do espelho, eu me olhei e notei alguns pontos roxos em meu seio, onde a boca de Nikolai havia estado. Toquei o local com a ponta dos dedos, suspirando ao lembrar da sensação dos nossos beijos e de como foi bom sentir suas mãos por meu corpo. Nunca havia me sentido tão excitada assim ao ficar com alguém.
Tomei um banho, tentando lavar do meu corpo a vontade de voltar naquele mesmo instante para a casa do mais velho e terminar o que havíamos começado.
Uma hora depois eu ainda estava acordada, começando a ficar preocupada com meu pai. Antes que eu pudesse ligar para ele, a porta abriu e um Asher aparentemente alterado entrou. Ele não percebeu que eu estava no sofá esperando, e eu observei a dificuldade dele para trancar a porta. Quando se virou, assustou-se comigo ali.
— Sophie! — A sobriedade pareceu retornar pelo susto.
— Você não iria chegar há uma hora? — Perguntei, franzindo o cenho. Ele não costumava fazer aquilo.
— Eu fiz amizade com o grupo do curso e bebemos um pouco antes de voltar para casa. E você, o que faz acordada?
— Queria saber se estava vivo. — Brinquei. A desculpa dele pareceu convincente, e achei bom que ele saísse um pouco. — Vou dormir agora. Boa noite, pai.
Eu beijei a bochecha do homem, sentindo o cheiro característico do vinho e então indo em direção à cama.

O TreinadorOnde histórias criam vida. Descubra agora