Capítulo 15.

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Nikolai

Já era meia noite e eu ainda estava acordado. Não sabia o motivo, simplesmente não conseguia pegar no sono. Assistia um programa aleatório que ensinava a fazer cerâmica, quando ouvi alguém tentando entrar em meu quarto. A maçaneta girou, mas a porta permaneceu fechada. Colocando uma camiseta rapidamente, eu fui ver do que se tratava.
— Sophie? — Franzi o cenho, reconhecendo a garota. O corredor estava escuro, iluminado somente pela luz forte da lua — O que está fazendo fora do seu quarto?
— Não te interessa. — Ela respondeu, ríspida. Então quando se virou para ir até sua porta, eu percebi que se esforçou para mandar o equilíbrio.
— Espera, você tá bebada?
— ...não.
— Eu sinto o cheiro de vodka daqui.
— ...sim? Quer saber, isso não é problema seu. Não é como se você fosse se preocupar mesmo.
— O que? O que quer dizer com isso?
— Quero dizer que você está muito ocupado flertando com Barbie A Professora para se importar com o que eu faço ou deixo de fazer. — Ela não falava alto, mas sussurrava com força, e eu sabia que estava irritada
— Você não pode estar falando sério. Somos colegas, estávamos conversando.
— E todas as risadinhas e piadas? Quer dizer, se você é tão engraçado quanto ela fez parecer hoje devia trabalhar com isso. — A voz dela começou a ficar menos raivosa.
— Sophie, eu não vou ter essa discussão com você alcoolizada. 
— Você pode me dizer se mudou de ideia.
— Mudei de ideia sobre o que?
— Sobre vocês. Você sempre falou para o meu pai que não a chamaria para sair porque provavelmente nem conseguiriam conversar, já que são tão reservados. Mas claramente vocês se dão muito bem. E eu vou entender se você preferir ficar com ela. Senhorita B é linda, é mais velha e vocês podem conversar em público sem medo de ser demitido ou levar um soco.
Eu fiquei alguns segundos sem respondê-la, o que pareceu deixá-la ainda mais nervosa. Então, segurei seu rosto entre minhas mãos.
— Você tem razão, eu consegui falar com ela mais do que imaginava. E seria, sim, mais fácil se eu ficasse com ela. Mas no fim do dia, é em você que eu penso. E quando eu to sozinho, é de você que eu sinto falta. — Ela me encarou, e então revirou os olhos.
— Estou tentando ficar brava aqui. Será que podia ser menos...fofo? — Ela reclamou, gesticulando ao falar a última palavra. Eu ri um pouco.
Sofiya... — Sussurrei, meu rosto perto do dela. Ela então sorriu ao escutar seu nome russo.
— Pronto, agora sim. — Ela murmurou, olhando em meus olhos — Você ganhou.
— Eu nunca faria isso. — Adicionei, em um tom um pouco mais sério agora — Trair você. Eu não faria. — Ela assentiu em resposta.
Então, eu lhe dei um rápido beijo antes de me afastar. Não podíamos fazer nada mais ali, naquela situação. Além disso, a garota ainda estava alterada. Ao pensar nisso, eu cruzei os braços.
— Estava bebendo sozinha?
— Claro que não, qual a graça nisso?
— E os seus colegas já foram para os quartos?
— Hm...não...
— Onde estão?
— Não posso dizer!
— Sophie, eles estão sob minha responsabilidade. Se algo acontecer...
— Tá. Mas eles não vão se encrencar?
— Se me obedecerem, não.
Então ela me explicou o caminho para onde eles estavam. Eu a observei entrar no quarto - o certo - e então segui para o caminho mencionado pela morena.

Sophie

Na manhã seguinte, acordei ao som de Lady Gaga. Olhei o celular: era 8:30. Suzy já estava acordada, se maquiando. Eu ainda usava o top de ontem, mas havia jogado a saia no chão antes de me deitar na cama.
— Você parece animada. — Ela brincou, e eu senti a cabeça latejar um pouco. Ao menos a dor poderia ser pior. Demorei cerca de quinze minutos para me arrumar, colocando uma calça jeans qualquer e uma camiseta mais solta. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo alto e decidi passar um pouco de maquiagem para parecer menos com um zumbi. Enquanto eu passava um pó, memórias da noite passada vieram à tona e eu sorri sozinha, pensando nas palavras de Nikolai.
Quando Suzy e eu terminamos, nos direcionamos ao restaurante para o café da manhã. Nikolai estava em uma mesa com Berger, dessa vez sem alunos por perto, mas não me incomodei. Eu me servi: panquecas, um croissant,m e café com leite. Fui até a mesa das minhas amigas. Raven parecia não ter dormido nada, suas olheiras estavam enormes.
— Bom dia — Ela somente grunhiu em resposta, antes de tomar um longo gole de seu café preto. — Você parece como eu me sinto. — Eu ri, recebendo um olhar raivoso da garota.
Mia se sentou na mesa, um pouco mais irritada do que o normal. Então, foi a vez de Sienna. Se eu não estivesse com ela na noite anterior, poderia jurar que ela não havia bebido nada. A garota estava impecável.
— Como você consegue continuar assim depois de beber tudo aquilo? — Perguntei, dando uma grande mordida em meu croissant. Sienna não me respondeu, ocupada despejando o suco de laranja no copo e comendo um pedaço de seu muffin.
— Você saiu na hora certa ontem, Sophie — Stephen comentou, sentando-se na mesa acompanhado de Marcus e Roger, o que me impediu de perguntar o motivo de Sienna me ignorar.
— Sério? Por que? — Fingi desentendimento.
— Zadornov apareceu. — Foi a vez de Marcus. — Não sei como ele nos encontrou, mas nos deu uma bronca.
— Na verdade — Stephen adicionou — Tivemos sorte. Ele disse que se entregássemos as bebidas e fôssemos todos para os quartos, fingiria não ter visto nada.
— Sorte. — Bufou Roger, e eu já imaginava o que Nikolai havia interrompido que tanto lhe incomodava. Talvez por isso Raven parecia tão irritada quanto. Será que estavam tão frustrados assim porque não conseguiram se beijar mais na noite anterior? Qual é, poderiam fazer aquilo em qualquer outro lugar.
— Sienna também deu sorte. — Raven disse, e eu olhei para minha amiga que ainda me ignorava — Saiu logo depois de você.
— Sério? Quanto tempo depois você saiu? — Perguntei, a princípio inocentemente, pensando apenas na coincidência de não tê-la visto. Depois, pensei em como foi possível não vê-la se havia saído antes de Nikolai descer, sendo que nossos quartos ficavam lado a lado. Ela finalmente me olhou, os olhos escuros com raiva.
Segundos depois. Acho que você não me viu. Estava bem escuro. — Ela pronunciava algumas palavras com um tom de voz característico. Então, eu entendi o motivo do tratamento de silêncio.

Ela havia nos visto.

O TreinadorOnde histórias criam vida. Descubra agora