Capitulo 27.

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Enquanto Asher se aproximava, minha mente era um vazio. Não sabia o que falar ou como agir, apenas sabia que meu amigo havia de alguma forma descoberto o segredo que guardamos dele e que eu nunca o havia visto tão bravo.
Quando ele chegou até mim, me empurrou contra a parede. Apesar de não ter muita força, ele me pegou de surpresa então eu bati a cabeça o que me deixou tonto por poucos segundos. Com a mão em meu peito, me segurando ali, parecia que tentava me queimar com os olhos.
— Eu não acredito que você teve coragem de fazer isso! — Ele falou, bem mais alto do que o necessário, e então me deu um soco no rosto. Eu pude ouvir um coral de "Ah"s pelo corredor, e sabia que apesar de ainda não ser o horário das aulas muitos já haviam chegado na escola. Instintivamente levei minha mão ao lábio que latejava, e então o olhei. Talvez depois de extravasar com o soco ele estivesse apto a uma conversa ou pelo menos a não gritar tanto, eu pensei.
Me provando o contrário, ele continuou.
— Ela tem 17 anos! — Ele disse, me socando uma outra vez. Eu poderia revidar e com certeza com mais força, mas não achava justo. Eu entendia o motivo do homem estar daquela forma, e eu merecia aquela reação. — Você era meu melhor amigo! — E então me deu um soco no estômago, muito mais forte do que eu imaginei que ele poderia, o que me fez cair no chão abraçando meu abdômen.
— Pai! — Ouvi a voz de longe e levantei a cabeça para ver Sophie que tentava se aproximar mas foi impedida por Amy, que lhe disse algo antes de se aproximar do homem.
— Asher — Ela disse, parando na frente dele — Eu não posso nem explicar pra você agora quão errado você está. Olha em volta: todos os alunos estão vendo. E gravando. Você pode resolver isso depois como adulto.
Eu achei que, baseado na irritação dele, o homem iria também bater na moça. Mas então o efeito que ela teve me surpreendeu. Ele respirou fundo e pareceu se acalmar e entender o que havia feito. Então, se recompondo, virou para os alunos.
— Para as salas. Agora! — Com aquele tom de voz, ninguém discutiu. Todos obedeceram de acordo, e o corredor logo ficou vazio. Apenas eu, Asher, Amy e Sophie. Ele olhou para mim, que agora levantava ainda com a mão na barriga. — Está demitido. E não precisa nem esvaziar suas coisas, não quero que pise aqui de novo. — Então, ele segurou meu rosto já machucado com força que despertou em mim a maior vontade de socar alguém que já havia sentido — Não quero você perto da minha filha. Nunca mais. — E então me soltou, avisando Amy que estaria em sua sala.
— Nik — Sophie se aproximou mas Amy entrou em seu caminho
— Sophie, vá para casa. Está dispensada. Tente se acalmar — Ela disse, e pude ver que a mais nova estava prestes a debater — Eu cuido dele. Apenas...vá. Te dou notícias depois — Ela falou baixo, e eu não entendi bem a intimidade daquele momento. Ainda sim, Sophie finalmente concordou e saiu dali.
Quando a garota sumiu de vista, Amy veio até mim. Eu podia sentir o gosto de ferro na boca pelo sangue que escorria do meu nariz e do corte no lábio. Respirando fundo - e sentindo uma pontada no abdômen por isso - eu arrumei a postura e comecei a andar.
— Onde pensa que vai?
— Para casa, para onde mais?
— Para a enfermaria!
— Eu acabei de ser literalmente proibido de pisar aqui de novo. Não acho que ir para a enfermaria é a melhor das ideias.
— Você tem um kit de primeiros socorros em casa?

O TreinadorOnde histórias criam vida. Descubra agora