Capítulo 22.

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Tem recadinho no final do capítulo
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Nikolai

A semana parecia não acabar, e eu sabia que aquilo era por conta da minha ansiedade de ver a mais nova quando chegasse perto do fim de semana. Era quarta feira, e eu estava quase me convidando para comer na casa de Ashton apenas para ficar perto da morena.
Percebi que naquela semana Ashton parecia bastante distraído, mas também animado. Provavelmente tinha algo a ver com as aulas de culinária que tinha na maioria das noites na semana. Finalmente ele havia escolhido um hobby fixo.
Após estacionar na garagem, entrei em casa em busca de um banho. Aquele dia tinha sido um dos mais quentes que eu me lembrava, e eu me sentia um nojo. Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo que não ajudava muito com o calor.
Quando entrei, levei um susto ao ver a garota sentada no sofá. Revirei os olhos fechando a porta.
— Sophie! Eu não te contei onde guardo a chave reserva pra você me dar sustos assim.
— Eu sei, eu também queria te ver. — Ela brincou, e eu acabei sorrindo. De fato, eu queria vê-la. Tranquei a porta e andei até o sofá, sentando-me ao lado dela.
— O que faz aqui? Não devia estar em casa?
— Disse para meu pai que eu e Sienna íamos ao cinema. Tenho 1h30 com você.
Neguei com a cabeça, impressionado com a audácia da garota. Era bastante arriscado mentir para seu pai naquela frequência, mas eu tinha que admitir que naquele momento não me importei. Estava feliz em vê-la. E mais, em poder fazer o que queria sempre que a vida.
Levei a mão até seu rosto e fiz um carinho em sua bochecha, e sua resposta foi fechar os olhos e suspirar. Aproximei meu rosto do dela, fazendo com que nossos lábios se tocassem delicadamente. Eles ficaram colados por longos segundos, antes de darem inicio a um beijo devagar. Quando afastamos nossas bocas, ela se aproximou para sentar em meu colo.
— Espera. Preciso tomar um banho, ok?
— Não precisa. Você está cheiroso.
Eu ri, colocando as mãos em sua cintura.
— Vai ser rapidinho. — Dei um selinho nela e, relutante, ela se levantou. Eu disse que ela poderia ficar à vontade - apesar de saber que ela ficaria mesmo que eu não dissesse, e então fui até o banheiro que ficava em meu quarto.
Como prometido, meu banho foi rápido. Quando saí, enrolei a toalha em minha cintura e penteei os cabelos úmidos para trás com os dedos. Entrando no quarto, pude ver a morena sentada em minha cama e uma bagunça.
— Como você conseguiu fazer tanta bagunça em tão pouco tempo?
— Estava entediada. Comecei a mexer nas suas coisas. — Ela disse, sorrindo travessa, sem se preocupar se eu me importava com aquilo. Na verdade, por algum motivo eu não liguei. Mas ainda sim, tinha de dizer que não era exatamente educado. No entanto, antes que eu pudesse falar algo, a expressão da garota deixou de sorrir e pareceu confusa. Eu me aproximei a fim de ver o que ela havia encontrado. Meu rosto perdeu a expressão por um instante ao ver o que ela tinha em mãos.
— Por que você tem uma caixinha com coisas da minha mãe?
— Éramos grandes amigos. Como você já sabe.
— Esse colar. — Ela segurou uma corrente dourada na mão, com um pingente em forma de pincel — Eu tenho poucas memórias dela mas me lembro desse colar. Ela não tirava por nada. Meu pai disse que havia se perdido nas coisas dela.
— Ela deixou aqui pouco antes de...bem, eu só o encontrei depois.
— Por que ela deixou com você? — Ela perguntou, sua voz visivelmente ferida.
— N-Não sei. Pode ser porque eu dei a ela.
Sophie ficou quieta, e aquilo me assustou um pouco. Ela era bem esperta, e se ficasse pensando chegaria a uma conclusão que eu não queria que chegasse. Ela alcançou uma foto e a desdobrou. Éramos nós dois na época do colégio. Eu, como sempre, tinha o rosto sério - com a exceção de um quase sorriso de lado devido ao beijo na bochecha que a mãe da garota me dava no momento em que a foto foi tirada.
— Vocês parecem bem íntimos mesmo. Você não falou que era tão amigo dela.
— Bem, nós éramos mais próximos antes.
— Antes de perceber que você gostava dela? — Ela finalmente desviou o olhar das coisas e me encarou. E aí estava: a conclusão que eu sabia que ela chegaria.
Eu não a respondi. Não queria mentir, mas não conseguia juntar as palavras para confirmar. Não sabia como sair daquela situação. Enquanto eu ficava quieto, os pensamentos pareciam turbilhão na cabeça da garota pois sua calma foi embora em questão de segundos, e ela parecia bastante irritada.
— É por isso que você está comigo?
— O que? — Franzi o cenho, confuso
— Vocês sempre dizem que eu sou igualzinha a ela. Eu não acredito nisso...Eu sou um tipo de prêmio de consolação para você?
— Sophie, não é nada disso!
— Sempre me incomodou ficar na sombra dela. Parecia que eu nunca conseguia ser eu mesma. Mas pelo menos isso foi bom pra alguém, não? — Ela ironizou, guardando as coisas na caixa com uma delicadeza que me deixou nervoso. Parecia que ia queimar a caixa com o olhar a qualquer momento.
— Sophie, você não é a sua mãe. Nunca foi, e nunca será. Sim, alguns traços marcantes seus são iguais aos dela. Mas você é também tão diferente, tão única.
Ela revirou os olhos, levantando-se para - eu imaginei - ir embora. Mas antes de chegar a porta, ela se virou e se atirou contra mim, tentando me bater. Ela tentou dar uns tapas em meu peito, irritada.
— Não acredito que mentiu pra mim! E me usou assim! — Ela dizia, e eu segurei seus punhos. Os olhos dela se encheram de água e seu rosto ficou vermelho. Quando ela parou de lutar, eu a puxei ainda pelos punhos para que se sentasse a meu lado. Ela respirou fundo.
— Desculpa não te contar antes. Mas em nenhum momento que estive com você eu pensei nela. Sempre foi você. Você, me fazendo ignorar tudo que há contra o que nós temos. — Ela ficou em silêncio, olhando para suas mãos. Eu coloquei a mão em seu rosto e a fiz olhar para mim — Eu sei que é uma...coincidência filha da puta. — Ela arregalou os olhos por uma fração de segundo, e eu sabia que era devido ao palavrão que havia saído de minha boca. Aquilo não acontecia com muita frequência. — Eu só penso em você. Quando estamos juntos, quando estamos afastados. Quando eu vou dormir, e quando eu acordo. Você é a única coisa que ocupa minha mente e isso está me deixando louco! Eu estou...estou apaixonado por você. E só você.
Ela se manteve em silêncio por mais alguns segundos, até relaxar um pouco os ombros.
— Eu também estou apaixonada por você. — Falou, cruzando os braços. Eu teria rido de seu jeito, se não estivesse naquela situação. — Não pense que eu vou te desculpar só porque você falou algumas coisas fofas.
— E se eu falar mais vezes?
— Aí talvez. — Ela deu um sorriso fraco de lado, e eu me aproximei devagar para lhe dar um curto beijo.
— Desculpe. Devia ter falado antes.
— Tudo bem. E eu entendo que seria algo complicado de contar. Mas um relacionamento é isso: confiar e dividir mesmo quando for difícil. Promete que vai fazer isso?
— Claro. Prometo.
Então, ela me beijou.

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Opa, galera, belezinha? Bee aqui. Estou começando uma história chamada Cicatrizes, então se vocês estão curtindo essa por favor dêem uma olhadinha na minha nova!

Sinopse:

Maxwell retorna a sua cidade natal para finalizar o ensino médio após morar um tempo em Los Angeles com a tia.
Caleb, antigo melhor amigo do garoto, agora mudou completamente e faz parte do grupo de idiotas do colégio.
Ao serem forçados a passar tempo juntos, segredos são revelados e a pergunta a se fazer é: O tempo cura todas as cicatrizes?

O TreinadorOnde histórias criam vida. Descubra agora