Capítulo 35

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Nos levantamos e tomamos um banho, tiramos a maquiagem e nos arrumamos para dormir, mas antes de deitarmos, Gabi disse:

-Bella... aproveitando que você tocou no assunto do Marcelo agora pouco, tem uma coisinha que preciso te contar.

A olhei. O que poderia ser?

Me sentei em sua cama e esperei que ela falasse.

- Eu estava conversando com Ruan e Matheus esses dias sobre a viagem... Você sabe que eles são muito amigos do Marcelo... e eu não sei como o assunto mudou para como que vocês dois iriam se comportar numa viagem com a turma, se iriam brigar ou apenas fingir que o outro não existe.

- E daí?

- E daí que Matheus disse que fingir que você não existe é mais fácil para Marcelo. E eu perguntei "fácil em que sentido?" E aí os dois me contaram que ele ainda tem sentimentos por você.

Aquilo foi como um tapa.

- Como? Depois do que eu fiz?

Eu havia espalhado uma foto dele com a legenda deixando bem claro que ele broxava. Eu nunca tive problemas com isso, e na verdade só havia acontecido uma vez, mas como ele havia me traído e me ridicularizado na escola toda, nada melhor do que eu dar o troco.

Nós praticamente começamos a nos odiar desde então. Fingimos que o outro não existia. E eu fiquei tão por dentro disso, que devo ter esquecido como ele era enquanto me namorava.

Ele me mandava flores, deixava bilhetes escondidos em meus cadernos, me beijava do nada, sempre me ajudava com física e eu sempre o ajudava com história. Ele sempre me respeitou, nunca levantou a voz comigo durante nosso namoro. Nós transávamos muito, e quando eu não queria, ele nunca reclamou, nunca fez cara feia... Nós éramos um casal lindo, todos nos usavam como exemplo. Eu não via motivo para ele ter procurado outra na rua. Eu não via motivo para ele ter me traído. E depois da traição, tudo acabou. Eu fiquei sabendo, terminei com ele, espalhei a foto, e desde então ele se tornou essa pessoa amarga sempre que está perto de mim. Ele era igual com os amigos, mas fechava a cara quando eu me aproximava, fora as brigas que já tivemos em público, que ele me faltou total com respeito.

Como ele ainda podia sentir algo por mim?

- Eu não sei... - falou Gabi - Foi o que eles disseram. Você vai fazer algo a respeito?

- Eu não sei. Vou pensar ainda... - falei, indo para minha cama. - Vamos para a praia amanhã? Umas 10h30? - tentei fugir do assunto.

- Vamos sim! - ela se animou. Gabi amava praia e nosso hotel ficava bem na frente dela - Vamos dormir então. Coloca um despertador aí.

- Ok. Boa noite!

- Boa noite!

Fechei as cortinas e me deitei olhando para o teto. Respirei fundo. Como ele poderia ainda gostar de mim?

Eu e ele nós conhecemos na escola. Ele era aluno novo. Ficamos amigos bem rápido e eu tenho quase certeza de que fui eu quem começou a gostar primeiro, mas nunca disse nada. Nossas famílias eram muito amigas e um dia, fomos viajar de cruzeiro juntos. Ele me pediu em namoro lá, em alto mar, na noite em que teria uma festa de gala para todos os passageiros.

Iríamos fazer um ano de namoro quando toda a merda aconteceu. E apesar de ter me "vingado" e ficado morrendo de raiva, eu fiquei triste quando terminamos. Eu realmente o amava e ele fez uma falta danada nos primeiros meses. Sem mensagens de bom dia, nem de boa noite, nem de "como foi seu dia, princesa?"... sem passeios de fim de semana, sem acampamento, sem passear com nossos cachorros... sem ouvir um "eu te amo".

E foi lembrando de todas essas coisas e de vários momentos perfeitos que tivemos, que chorei baixinho pela primeira vez desde que nossa história teve um fim, e fiquei imaginando se algum dia eu iria achar outra pessoa que me fizesse esquecer todas as outras, como ele fez quando estávamos juntos.

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Menorzinho que o outro, eu sei. MAAAAAAAS eu ainda estou fazendo maratona, então esperem outro capitulo logo menos!!!!!

Os Opostos se Atraem? - LIVRO 3 - "As Diferenças Se Completam "Onde histórias criam vida. Descubra agora