Capítulo 59

606 71 11
                                    


Amores, mil perdões pela demora. Fiquei mais de um mês sem aparecer. Mas estágio e faculdade de Direito estão pesando aqui, e pesando muito. Ainda estou no meio de um furacão, mas agora está mais brando e por isso consegui vir. Faz mais de uma semana que estou tentando terminar esse capítulo para vocês e vou tentar não demorar no próximo, ok? Boa leitura.

----------------------------------------------------------------------------------------------------


Só o que pude fazer foi suspirar. Eu estava triste, porém não surpresa. Os episódios que me trouxeram aqui estavam dando indícios o tempo todo de que eu teria de enfrentar isso de novo, a única coisa que eu havia pensado era que, pelo menos dessa vez, ela pudesse vir mais leve.

Um cansaço me atingiu. Exames, mais exames, mais exames, tratamento, remédios, repouso e uma possível cirurgia se nada disso der certo. Eu já estava esgotada antes mesmo de começar.

Segurei o choro. Não por mim, mas pela minha família, meus irmãos, meus amigos que saberiam disso e ficariam sem chão, e eu não poderia fazer nada para consolá-los, apenas viver.

Olhei para minha mãe. O silêncio na sala era fúnebre. Não pude decifrar a expressão em seu rosto, era uma mistura de preocupação, angústia e tristeza, talvez até uma nostalgia desagradável a houvesse atingido naquele momento. Eu queria dizer alguma coisa, que ficaria tudo bem, mas como eu poderia dizer algo desse tipo? Eu não fazia ideia de como as coisas iriam terminar e estaria dizendo isso mais para mim mesma do que para ela.

A Dra. Ingrid nos dirigiu um olhar de compaixão e mexeu alguns minutos em seu computador, como quem estivesse procurando algo. A impressora ao seu lado cuspiu uma folha, ela a pegou e se virou para nós.

- Aqui é o gráfico dos exames da Bella há 8 anos. Está vendo a linha? Ela possui uma frequência anormal, por isso a cirurgia foi necessária. Ainda não temos o seu gráfico de agora, vou providenciá-lo assim que você fizer os exames, mas já posso dizer com profunda certeza de que sua doença dessa vez é bem mais branda e pouco letal. Não sei se isso ajuda, mas já é alguma coisa.

Um pequeno alívio me invadiu. Talvez eu não morresse.

Saímos de lá com mais 2 ou 3 exames marcados. Minha mãe não disse nada o caminho todo. Ela parecia brava, e eu acho que sabia o motivo.

- Como pôde demorar tanto tempo para contar? - ela disse quando paramos num sinal vermelho.

- Porque não era nada.

- Nada?!

- Eu achei que não fosse nada, ok?

- Mas era. E se tivesse contado antes, poderia já ter começado o tratamento há tempos.

- Que "tempos", mãe? Quem vê, pensa que escondi isso por anos.

- Já não tenho tanta certeza – ela acelerou quando o sinal abriu.

- Ah, pelo amor de Deus. Você ouviu que não é grave. Não vai ter que se preocupar com meu enterro.

- Bella, cala a boca.

Talvez eu tenha pegado pesado, justamente por isso, fiquei de boca fechada o restante do caminho para casa.

- Seu primeiro exame é daqui 2 dias, às 14h00, não esqueça. – ela falou antes de eu descer do carro – Estou voltando para o hospital, ok?

- Ok – fechei a porta e ela desceu o vidro do passageiro.

- Precisamos falar com seu pai sobre isso.

Os Opostos se Atraem? - LIVRO 3 - "As Diferenças Se Completam "Onde histórias criam vida. Descubra agora