Capítulo 44

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Ele me olhou. A expressão em seu rosto, antes dura, se suavizou.

- Matheus disse que você queria falar comigo - eu disse.

Quando eu estava me aprontando, recebi uma mensagem de Matheus pedindo que eu viesse até Marcelo.

- Sim - ele coçou a cabeça, claramente sem graça. - Quero.

- O que é?

- Eu queria te agradecer. Logo falarri com Victor também. Fiquei sabendo o que aconteceu e... nada mais justo do que fazer isso, então... obrigado.

- De nada.

Ele entortou os lábios em um pequeno sorriso.

- Eu também queria te dizer outra coisa. Lá no hospital, fiquei sabendo que não era nada demais. Eu só engoli muita água e desmaiei, mas na hora, na hora que eu estava lá tentando voltar, a única coisa que passava pela minha cabeça era que eu poderia morrer. E se eu realmente tivesse morrido, morreria sem me desculpar com você e sem dizer o quanto eu me arrependo por ter feito o que fiz contigo, e por ter te tratado de um jeito desprezível e arrogante esse tempo todo, como se a culpa de tudo fosse sua. E não foi. Sabemos que não foi. Então, me desculpe por aquilo. Não é o suficiente, mas eu sei que errei e queria saber se poderíamos ser amigos novamente porque eu sinto sua falta.

Meu coração se aqueceu.

- Você sabe que minha confiança em você já era, não sabe? - perguntei

Ele assentiu.

- E que vai ter que reconstruí-la.

Ele assentiu novamente.

- E provar que não vou me arrepender ao confiar qualquer coisa a você de novo.

Ele assentiu pela terceira vez.

- Então, amigos. - estendi a mão, mas ele timidamente me puxou para um abraço.

Senti seu cheiro, que antes costumava ficar ao meu redor ou em algumas das minhas roupas o tempo todo. Me senti incrivelmente protegida ali, como eu costumava me sentir. Eu queria tanto ter a certeza do que fazer... tentar recomeçar tudo, ou partir para outra?

Como se eu já não tivesse partido...

Ele encaixou o rosto em meu ombro e afagou meu cabelo, exatamente como costumava fazer. Depois, beijou minha testa e disse:

- Vai... estou te atrasando para seu compromisso.

Olhei no relógio, eram 20h30.

- Até mais. - falei me afastando. - Amigo. - sorri enquanto andava.

- Amiga- ele acenou sorrindo e desapareceu por entre os corredores.

Saí correndo e apertei o botão do elevador repetidas vezes, na tentativa - inútil- de que ele viesse mais rápido. Eu tentava não pensar em detalhes do que aconteceu, e peguei meu celular para ver se Victor tinha mandado alguma mensagem. Nada, mas havia duas de Filipe.

"Hey"
"Está livre hoje?"

Não, meu filho, a última coisa que eu tô nesse mundo é livre.

Deixei uma nota mental para respondê-lo mais tarde e saí do elevador quando ele parou no andar do saguão.

Olhei para os lados procurando Victor. O vi e minhas pernas amoleceram. Ele estava parado perto da porta oposta. Ele usava jeans preto, uma blusa polo vinho e botas marrons discretas. O cabelo estava meio molhado, jogado para trás e, quando me aproximei... seu perfume...

Ele estava lindo. Não lindo, deslumbrante. Eu me perguntei como ele conseguia fazer combinações tão boas e levar pouco tempo para isso

- Hey.

Os Opostos se Atraem? - LIVRO 3 - "As Diferenças Se Completam "Onde histórias criam vida. Descubra agora