Capítulo 52

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Eu o olhei sem entender e me deitei ao seu lado.

- Eu tinha prometido pra mim mesmo que ia dar um tempo nisso tudo. Nesse lance de gostar de alguém, de me apaixonar, de me envolver. Prometi que só ia curtir porque era tudo muito recente. Mas aí, você apareceu. Toda marrenta, sem educação às vezes - ele soltou uma risadinha - linda, inteligente com uma pontinha de sarcasmo, e irônica na quantidade certa pra mim - ele já falava baixo.

Ele me encarou com aqueles olhos verde-esmeraldas e passou a mão por meu rosto.

- No começo, pensei que não era nada - ele falou - Achei que eu só estava um pouco interessado em você por você ser diferente, e que logo passaria. Mas não passou. Ficou mais forte ao longo das semanas, e eu sei que posso estar sendo precoce, mas isso foi aumentando demais, e nenhum fator que ocorreu me ajudou a diminuir ou sentir menos. Primeiro, você não parecia estar interessada em mim de modo algum, e era legal te irritar. Depois, te vi de calcinha e sutiã na sua casa, em seguida, passei muito tempo com você fora da escola e pude te conhecer melhor. Depois, lá em casa, fazendo o trabalho. No ônibus, na nossa vinda pra cá, conversamos demais. Todas aquelas briguinhas foram ficando de lado e eu gostei de saber algumas coisas da sua infância. Essas coisas todas não me deixavam tirar você da cabeça o dia todo.

- E depois, tivemos aquela noite - eu falei, meio envergonhada com tudo aquilo que ele havia dito.

Ele sorriu e beijou minha mão.

- Sim, tivemos. Foi naquela noite que eu percebi que amava você.

Por essa, eu não esperava. Então, ele continuou:

- Eu não sei descrever até hoje o que eu senti. Eu nunca senti aquilo com ninguém. Não o sexo em si, apesar de ter sido incrível, mas sim a conexão. Não tem outro modo de dizer. Eu me conectei em você naquela noite. Senti como se fosse minha primeira vez, toda aquela ansiedade, aquele nervosismo, o medo de fazer algo errado. Eu senti muitas coisas ao mesmo tempo, que só você me proporcionou. Parece que, de algum modo, você pegou aquela barreira que eu tinha construído ao meu redor, estalou os dedos e a derrubou num piscar de olhos. Entrou no meu coração como uma flecha: rápida e certeira. Foi como se ele já fosse todo seu, e eu não quero pedir ele de volta.

Meu coração se alegrou ao ouvir aquilo, então, eu disse:

- Na hora da raiva, dissemos que aquela noite não tinha tido importância pra nós, mas teve pra mim.

Ele se deitou de lado, me olhando:

- Nunca pense que não teve importância pra mim. Foi a melhor noite da minha vida. Teve uma importância enorme e vai continuar tendo. Pra sempre.

Não pude evitar sorrir. Victor se aproximou devagar e tocou sua testa na minha. Fechamos os olhos. Ele passou um braço por minha cintura e eu fiz carinho em seu cabelo, ainda um pouco úmido. Estar deitada com ele daquele jeito era maravilhoso, um silêncio confortável nos invadia. Não tínhamos a necessidade de falar a todo momento e eu amava isso.

- Você se importaria se eu fosse tomar um banho? Ainda estou um pouco molhado por conta da chuva.

- Sem problemas.

Ele me deu um beijo no rosto e se levantou.

- Não tem chance de seus amigos chegarem? - perguntei - Você divide quarto com o Rafael e com o Gabriel.

- Ah, não. Eles provavelmente vão passar a noite fora. Hoje é sexta! Fica tranquila, eles não devem chegar.

- Tudo bem.

Ele separou uma toalha, tirou os coturnos e tirou a camiseta na minha frente. Vi os músculos de suas costas se enrijecerem e relaxarem conforme seus movimentos e... Uau.

Os Opostos se Atraem? - LIVRO 3 - "As Diferenças Se Completam "Onde histórias criam vida. Descubra agora