Capítulo 43

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~ VICTOR

Fiquei feliz de ter me desculpado, e mais feliz ainda por finalmente ter tomado coragem e chamado ela pra sair de novo, mas dessa vez, meu plano era para acontecer realmente, marcar horário e local. Um compromisso de verdade.

Amanhã, vai fazer três dias que estamos aqui. Tão pouco tempo, mas parece que tanta coisa aconteceu...

Quando fiz o convite, ela sorriu, e então eu pude imaginar sua resposta.

- Sim -ela disse.

Me aproximei de seu rosto delicado e a beijei mais uma vez. Eu gostava tanto dessa garota, mas tanto. Admito que ela me cativou de um jeito diferente. Ainda não sei se posso dizer que a amo, mas ela acendeu uma pequena chama dançante e aquecida aqui no meu peito, que faz meu coração sorrir sempre que a vê.

- Então... está marcado? Amanhã? - eu disse - Podemos ir naquele restaurante que falamos no ônibus. Ou na pizzaria ao lado dele.

- Eles abrem de segunda? -ela perguntou.

Em nossa cidade, era comum alguns restaurantes fecharem de segunda-feira em vez de fecharem no domingo, para dar um dia de folga aos funcionários. Mas nossa cidade era pequena. Aqui é enorme, uma cidade turística e litorânea. Os lugares têm funcionários o suficiente para fazer rodízio entre eles e dar um dia de folga a todos, sem prejuízo.

- Sim.

- Então, amanhã. Às 20h30? Dividimos um Uber?

- Perfeito. E vê se não fura.

- Vê se não chama mais ninguém - ela disse, em tom de brincadeira.

- Puxa, você me deu uma ótima ideia. Vou ver se Alícia quer ir, ela pode fazer uma boa companhia para nós.

- Há, há. - ela rolou os olhos.

Bella ficava tão bonitinha brava.

- Hey - dei um soquinho fraco em seu braço.

- Vai falar "Hey" pra ela. - Bella meteu um soco no meu braço tão forte, que eu sabia que ia estar roxo no dia seguinte.

Ela está realmente brava?

Comecei a fazer cócegas nela, sem parar. Levantei um pouquinho a barra da blusa do seu pijama, para ter contato direto com a pele e fazer ela implorar pra eu parar.

Bella ria, mas não alto para não acordar suas amigas. Ela soltava a risada aos poucos, muito baixo, mas contínuo. Com certeza, logo ela iria ficar sem ar. Ela cravou as unhas no meu braço na tentativa de me fazer parar, mas eu não parei. Em vez disso, subi em cima dela e a prendi entre minhas pernas para poder segurá-la.

Ela girava o pescoço de um lado para o outro e debatia as pernas, mordendo o lábio, provavelmente para não gritar.

Eu não pude evitar sorrir ao vê-la assim: toda sorridente, querendo escapar das cócegas...

Presa sob mim.

Com dó dela, acabei parando de torturá-la, e saí de cima para que ela pudesse respirar.

- Minha barriga dói- ela disse - E minhas bochechas.

- É o que normalmente acontece quando você ri por muito tempo.

- Eu odeio você.

- Você me ama.

- Vamos dormir? Rir tanto me deu sono, e já está bem tarde.

Eu concordei e nós nos deitamos da maneira certa: eu olhando para cima, ela deitada em meu peito e meu braço atrás de seu pescoço.

- Boa noite - ela disse.

- Boa noite. - falei e dei um beijo em sua cabeça - Amanhã vai ser incrível.

E foi.

No dia seguinte, acordamos cedo e fomos todos à praia. Encontramos algumas pessoas que vieram conosco e ficamos com eles por um tempo. Ficamos sabendo que Marcelo estava bem, só havia desmaiado por exaustão, e que aquela tarde ele já estaria conosco de novo. Eu não sei bem qual foi a relação dele com a Bella, mas eu vou falar com ele depois para ver como ele está.

Encontrei uma bolacha-do-mar na praia e corri atrás de Bella com ela na mão até não aguentar mais. As bolachas-do-mar têm uma aparência meio grotesca e suas patinhas na parte debaixo fazem cócegas nas mãos quando elas tentam se mover.

- TIRA ISSO DE MIM AGORA! - ela berrou no meio do mar quando eu coloquei a bolacha-do-mar em sua cabeça. E obviamente, várias pessoas nos olharam. - VICTOR, TIRA ESSE TROÇO DE MIM! EU VOU FAZER VOCÊ ENGOLIR ESSA MERDA.

Eu, Giovanna e Gabriela só conseguíamos rir sem parar do desespero da loira. Ela se debatia sem parar e por fim, o bichinho saiu de sua cabeça. Ela ficou com um bico enorme o dia todo e eu tive que jogá-la no mar para que ela emitisse sons diferentes de "aham" e "tá".

Mais no fim da tarde, paguei uma rodada de cerveja para nós quatro e Gabi pagou a outra. Já era pôr-do-sol e já tínhamos recolhido as coisas.

Voltamos para o nosso hotel e combinamos que um Uber viria nos buscar às 20h30 e nos levaria até o restaurante.

Como combinado, 20h15 eu estava no saguão, mas nem sinal da Bella.

~BELLA

Respirei fundo e saí da frente do espelho. As meninas aprovaram meu look, disseram que iriam sair para algum lugar sozinhas, eu assenti e saí do quarto. Estava um pouco tensa enquanto percorria os corredores até o elevador. Em vez de ir para o saguão, desci até o segundo andar.

Meu salto fazia um barulho que ecoava pelo lugar, eu estava sozinha ali. Fui olhando as placas dos quartos até achar o 98.

Parei de frente para ele, arfando, e me perguntando como eu estava quase sem ar depois de andar apenas alguns corredores.

Respirei fundo de novo e olhei no relógio. 20h10. Eu tinha pouco tempo.

Bati na porta.

Ouvi barulho de passos do outro lado e ela foi aberta.

- Olá, Bella - ele disse

- Oi, Marcelo...


Os Opostos se Atraem? - LIVRO 3 - "As Diferenças Se Completam "Onde histórias criam vida. Descubra agora