Capítulo 69

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~ VICTOR

A única coisa que me segurava no Brasil era Bella. Ficar meses sem vê-la em um país diferente não era o ideal de namoro que eu queria para mim, e imagino que ela tampouco. E, além disso, eu poderia ir para o Canadá qualquer outra hora, não precisava necessariamente ser no primeiro ano da faculdade, mas esse pensamento mudou quando terminamos. Eu ainda a amava, mas não tínhamos mais o mesmo compromisso, o que significava que eu poderia ir assim que desse na telha, e, naquele dia no hospital, decidi que iria.

Eu entendia perfeitamente o fato de que ela precisava de espaço, e não era um espaço pequeno. Muita coisa aconteceu em um intervalo minúsculo de tempo e vai deixar marcas para o resto da vida, talvez até seqüelas psicológicas.

Decidi que só iria falar com ela se ela me procurasse. Somente ela poderia determinar se já era hora de falar comigo ou não, e eu tinha medo de invadir seu espaço e deixá-la com pensamentos confusos. Eu havia prometido que daria espaço a ela, e foi isso que eu fiz. Pedi para meus pais não comentarem sobre mim se encontrassem os pais dela na rua, arquivei sua conversa, não deixei ela ver meus stories nem status quando, por algum milagre eu postava algum, tentei ao máximo não deixar que suas amigas soubessem muito de mim e, claro, não mandei mensagem. Queria que ela conseguisse pensar em tudo e tomar decisões sem influência minha, o que me custou noites em claro.

Eu morria de saudade dela. Era difícil eu passar uma noite inteira dormindo. Acostumei a tê-la do lado desde a hora em que ia dormir até a hora que acordava, e ir dormir sem ela era uma tortura sem fim. Eu também tinha saudade de Cacau, e da forma como Bella brincava com ela todos os dias de manhã e à noite; de quando cozinhávamos juntos, de quando só ficávamos deitados olhando para o teto conversando sobre um futuro próximo, fazendo promessas, olhando um nos olhos do outro e dizendo palavra amorosas... Sinto falta dessa rotina, e de todos os sentimentos que vinham com ela.

E pensar que foi extremamente difícil ter essa loirinha para mim. Lembro-me como se fosse ontem da vez que nos esbarramos e ela, que, claramente, já estava irritada, descontou toda a raiva em mim e depois disso, brigávamos quase sempre que estávamos perto um do outro. Ela me tirava do sério e conseguia me seduzir com um único olhar. Ela ameaçadora sem ser agressiva de certa forma, sexy sem ser vulgar, linda à sua maneira. Seus olhos azuis me penetravam de uma forma que me tirava o ar, assim como na nossa primeira vez na cama. Me tirou o ar. A emoção era tanta, que me lembro de todos os detalhes daquela noite e de todas as coisas que fizemos enquanto eu olhava em seus olhos, que me invadiam, pareciam saber cada segredo meu. Ar. Me faltava ar. Eu nunca havia sentido nada daquilo com ninguém antes, era como mágica. Com ela, eu tive a prova de que o maior e melhor, e mais glorioso sentimento de todos é o amor, pois naquele momento, não havia mais nada que eu pudesse estar sentindo por ela, a não ser toneladas e toneladas de um amor leve, puro, encantador e verdadeiro. E a única coisa que eu queria era que ela sentisse isso de volta.

Senti-me o homem mais sortudo do universo quando começamos a namorar. Tudo tornou-se sólido, como uma pedra enorme e difícil de quebrar. Passamos por muitos e muitos problemas, muitas situações incômodas, mas sempre dávamos um jeito de voltar ao normal e começar de novo. Eu a amo por isso.

Sim, mesmo depois de tantos meses, eu a amo. Ninguém nunca irá substituir o lugar que ela tem em meu peito. Lugar esse que está enfeitado à sua maneira, como um quarto customizado. Ela deixa sua marca onde passa, e essa marca queimou meu coração como o símbolo de uma brasa diretamente em contato com a pele; eterna.

Eu queria vê-la. Esse era meu mais profundo desejo, mas eu precisava controlá-lo. Não posso ser egoísta com ela agora, mesmo porque, tenho muitas obrigações por aqui. Preciso dar conta de tudo, inclusive, esse foi um dos motivos pelo qual ainda não voltei ao Brasil para visitar meus pais. Um fim de semana que eu ficar fora, me desestabiliza. Preciso colocar tudo em ordem primeiro para poder viajar sem muitas preocupações. Além disso, e se eu a encontrasse? O que eu faria?

Os Opostos se Atraem? - LIVRO 3 - "As Diferenças Se Completam "Onde histórias criam vida. Descubra agora