Capítulo 53

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Contei resumidamente para as meninas tudo o que aconteceu desde que saí do quarto. Ficamos conversando mais de meia hora, até que recebi uma mensagem do Victor perguntando se já estávamos prontas. Não estávamos nem perto de estar prontas, então nos arrumamos correndo. Mesmo com toda a pressa, demoramos uma hora ou mais, e acabamos nos encontrando com Victor no saguão às 23h00. Pegamos um Uber e fomos até o pub mais próximo, o mesmo que fui na primeira noite com as meninas. Eu estava feliz demais e minha vontade de dançar estava absurda. As meninas e eu dançamos sem parar ao som de todas as músicas eletrônicas que tocavam lá. Victor dividia o tempo entre tentar dançar comigo pra roubar uns beijos, e ficar no bar. O vi conversando com uns caras e imaginei que tivesse feito amizade. Quando Sue Me começou a tocar, eu e as meninas, além de dançar, cantamos a plenos pulmões. Amávamos aquela música desde o primeiro dia de seu lançamento.

- SO SUUUUUUUUUUUUE MEEEEEEEEEEEEE

A energia que emanava de nós era leve, mas ao mesmo tempo, intensa. Estávamos tão concentradas na música, que nenhuma de nós, nem mesmo eu, notamos que algo não estava certo. O que antes eram várias e várias luzes coloridas iluminando o local, tornaram-se pontos pretos num piscar de olhos. Eu sentia meu coração pulando no peito, fazendo força para bater. Cada parte do meu pulmão parecia estar se fechando, se comprimindo, impedindo o ar de entrar. Minhas pernas perderam as forças e eu me agarrei em Giovanna, que parou de dançar imediatamente.

- Bella??

- Me tira daqui... - falei, fazendo força para respirar.

Gabi veio de um lado, Gi do outro, e as duas me tiraram do meio da multidão. Havia um banheiro perto, e foi para onde fomos. Me soltei delas e sentei no chão, cada vez com mais dores nos pulmões, já sem ar.

- O que aconteceu? - Gabi perguntou, preocupada. Sua voz estava longe.

Fechei os olhos, coloquei a cabeça entre os joelhos e abracei os mesmos. Aos poucos, o ar foi voltando e meu coração foi desacelerando. Senti como se meus pulmões estivessem se abrindo novamente, como uma bexiga inflando.

Estiquei as pernas e encostei a cabeça na parede, olhando para elas.

- O que foi isso? - Gi perguntou.

- Eu não sei. Perdi o ar de repente

- Isso não está acontecendo com muita frequência?

- Eu não sei, às vezes eu fico ofegante, mas sempre passa.

- Só que dessa vez, demorou demais para passar. - Gabi cruzou os braços - Você precisa ir no médico. E se sua doença estiver voltando?

- Eu fiz um transplante de coração. Como ela poderia voltar?

- Eu não sei, não sou médica, caralho.

Rolei os olhos.

- Ok, quando chegarmos de viagem, eu vejo isso.

As duas cruzaram os braços e me olharam.

- É sério.

- Tá, tá, eu sei. Vou fazer algo a respeito.

Saímos do banheiro, e claro que as duas tinham que contar a Victor o que aconteceu. Ouvi mais um sermão de como eu devia contar aos meus pais o mais rápido possível e então, quando deu 01h00, fomos embora.

Iríamos voltar de viagem na sexta de manhã. De domingo à quinta, nossos dias foram bem normais e aquecidos pelo sol, que saiu todos os dias. Fomos à praia de novo, tomamos sorvete, conhecemos um restaurante de massas maravilhoso, saímos com algumas outras pessoas da turma, e na quinta, recebi um telefonema da minha mãe.

Os Opostos se Atraem? - LIVRO 3 - "As Diferenças Se Completam "Onde histórias criam vida. Descubra agora