Capítulo 48

38.3K 2.4K 507
                                    

Cadu💨

Cheguei em casa cansadão e me joguei no sofá.

Tá sendo difícil pá carai ficar sem o Deco aqui.

Não é a primeira vez que eu quase perco alguém assim na minha vida, tirando a morte dos meus país.

Mas com certeza foi uma das piores.

Eu aprendi a ser sangue frio depois que eu vi meus pais serem fuzilados na minha frente, eu tinha onze anos.

Desde então eu aprendi a ser forte, não sou de chorar muito.

Mas ver meu irmão, que cresceu junto comigo, quase morto no chão e não chorar foi impossível.

Esse foi a segunda vez que eu chorei na minha vida, a primeira foi com os meus pais.

Eu lembro até hoje quando o André, vulgo Deco, virou dono disso tudo aqui.

Nunca rolou inveja nem nada do tipo, pra mim sempre foi suave.

Eu fico feliz pelas conquistas dele e ele também fica pelas minhas.

Ele sempre fala que não tem medo da morte, quando é pra ser sempre vai ser, e ele me disse que se o demônio levar ele primeiro eu posso ficar com tudo.

Mas nem passa pela minha cabeça sacas? De que vale tudo isso se ninguém leva nada.

Ouvir a porta bater e eu olhei a minha Gostosa, vulgo minha Let, entrar.

Ela veio toda tristinha me abraçar e eu agarrei ela.

Cadu: O que foi nega?

Let: Eu não aguento ver a Bea daquele jeito, ela não merece isso.

Cadu: Ei, fica de boa pô, eu tenho fé que logo mais meu mano vai voltar pra nós.

Let: Eu sei, mas é tão difícil ver uma pessoa que tu tem tanto carinho sofrer, e saber que nada que tu diga vai fazer ela melhorar.

Cadu: Só de tu ficar do lado dela já basta, Beatriz ama as coisas simples Letícia, ela nunca foi de se importar com muito. Então só a tua presença já faz o bem pra ela gatinha.- beijei ela.

Ela concordou secando as lágrimas e eu subi pra tomar um banho.

Não sei quem é mais sortudo, a Beatriz que tem a Letícia como amiga, ou eu que tenho as duas na minha vida.

Entrei no box e tomei aquele banhozão.

Vesti meu samba canção e desci pra cozinha onde a Letícia tava fazendo a janta.

Cadu: Hmmm, tá fazendo o que?

Let: Arroz e strogonoff.- respondeu mexendo na panela.

Sentei no sofá e liguei a televisão.

Let: Tinha um número desconhecido te mandando mensagem.- falou da cozinha.

Cadu: Tu bloqueou? Nem sei quem é.

Let: Eu não quis bloquear pq podia ser alguma coisa do tráfico.

Procuro falar bem pouco sobre o tráfico no celular, não é seguro.

Se cai em mãos erradas isso é b.o na certa.

Levantei e peguei meu celular vendo o tal número desconhecido.

Visualizei a mensagem que era de uma mina que eu nem conhecia.

Bloqueei o número e deitei no sofá de novo.

Cadu: Bloqueei, tá bom nega?

Let: Gosto assim.

Ignorei ela e voltei a assistir.

Depois de jantar Letícia inventou de comer pastel e eu tive que vim comprar pra ela.

O mulher chata viu.

Comprei quatro pastéis pq eu sei que ela vai querer comer o meu.

Paguei a dona da barraca e ela me deu o troco.

Tainara: Olha só, resolveu tomar vergonha na cara Cadu?

Cadu: E tu, pq não resolve ir tomar no cu?- respondi boladão.

Tainara: E aquele lance que a gente tinha marcado?

Cadu: Não rola mais, aliás eu nem sei onde que eu tava com a cabeça quando eu resolvi marcar de transar contigo.

Tainara: Mas..- cortei ela.

Cadu: Tainara vai se fuder, namoral.- dispiei deixando ela com cara de taxo.

Entrei em casa vendo a Letícia deitada no sofá e ela já veio correndo pegar a sacola da minha mão.

Tô fudido com essa mulher.

Complexo Da MaréOnde histórias criam vida. Descubra agora