Visitante

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Quando terminámos de me vestir, minha mãe me ajudou a sentar na poltrona que ficava em frente a janela do meu quarto, respirei fundo sentindo o cheiro suave das flores do jardim e peguei um dos livros que havia parado de ler desde do incidente.

Ler me ensinou muitas coisas boas ao longo do tempo, porém o que eu mais gostava era da sensação de visitar outros mundos, de me sentir como os personagens estavam sentindo, pra mim ler, era tão importante quando respirar e os livros estavam salvando a minha vida.

Enquanto folheava as páginas eu sentia que as coisas poderiam melhorar, desde aquela manhã eu me sentia diferente, sentia que não estava mais sozinha e perdida naquele espaço tão pequeno de mundo.

Duas batidas na porta e dessa vez esperaram, da última vez que entraram sem que eu me pronuncia-se o barulho da porta rangendo me acordou de um pesadelo e praticamente entrei em pânico achando que queriam me atacar ou pior, depois do que aconteceu, qualquer barulho durante a noite me fazia acordar com medo.

Minha mãe praticamente surtou e pediu pra que se caso meu pai quisesse entrar ou qualquer um, que batesse na porta antes e esperasse uma resposta.

- Tudo bem, estou acordada. - avisei e minha entrou com um meio sorriso no rosto. - aconteceu algo? - Questionei.

- Mais ou menos. - disse a mulher. - tem uma pessoa aqui pra falar com você, mas é um garoto, então nos queríamos saber se tudo bem pra você recebe-lo, o que me diz?

- Deixe que entre. - sussurei um pouco apreensiva e antes que a mulher convidasse a pessoa a entrar, a pedi que ficasse no quarto comigo, que não me deixasse sozinha, ela assentiu e saiu em busca do visitante.

- Oi Sof. - disse o garoto de olhos azuis, ele estava tímido, diferente, passava a mão nos cabelos nervosamente. - nós sentimos sua falta na escola e decidimos que de um em um, nos viríamos ver como você está e eu serei apenas o primeiro, nossos amigos sentem sua falta. - concluiu, meus olhos marejaram ante a sua presença e segurei firme o livro nas mãos.

- Olá Marcus. - cumprimentei o garoto e sorri amarelo. - também senti falta de vocês. - não menti quando disse que sentia falta, mas tinha medo de sair de casa, com os machucados eu sabia que não seria obrigada a ir a escola, mas um dia eu sararia e tinha medo desse dia.

O garoto andou pelo quarto parando ao lado da janela a poucos passos de mim.

- Aqui tem um cheiro bom, diferente. - comentou respirando fundo. - sorri um pouco enquanto o fazia.

- São as rosas. - comentou minha mãe.

- Meu quarto fica de frente pro jardim, então quando venta o cheio das rosas perfumam o quarto. - adicionei.

- Eu queria poder ter um jardim como o seu. - afirmou olhando pro horizonte daquela pequena janela.

- Não é tão difícil, você só precisa de sementes, água e luz do sol, então é só limpar a terra em frente ao seu quarto e fazer pequenos buracos nela, depois depositar as sementes, cobrir com terra e regar. Com o tempo as flores vão crescendo se você cuidar direitinho delas. - expliquei e o garoto sorriu.

- Espero um dia Srtª Soffia, que possamos construir esse jardim juntos, pois sou terrível com flores. - disse fazendo a pose de um nobre, ele me olhou nos olhos e suas bochechas coraram. - você me ajudaria?

Olhei do garoto de cabelos amarelos para minha mãe, não sabia como responder aquela pergunta, Marcus era um bom amigo e eu gostaria de poder ajuda-lo como ele me ajudou no meu primeiro dia na escola e em tantos dias depois de minha chegada, minha mãe assentiu confiante de que tudo ficaria bem, então...

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora