Força

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Não consigo lembrar o que aconteceu depois que cheguei em casa naquele dia, mas acordei deitada na minha cama em meu quarto, minha mãe estava sentada na cadeira da escrivaninha ao meu lado dormindo com metade do corpo em minha cama, havia água numa garrafa e um copo de vidro sobre a escrivaninha, ao lado da garrafa, um buque de flores amarelas, meu quarto era simples, havia uma janela aberta na parede ao lado direito da minha cama, além da escrivaninha e da cama, havia uma poltrona perto da grande janela, com uma pequena mesinha de centro ao lado e a porta do quarto ficava ao lado esquerdo da poltrona.

Me remexi incomodada, todo o meu corpo doia, percebi que a maioria do mesmo estava envolta a faixas brancas manchadas de sangue. - não foi um pesadelo. - pensei e lágrimas deixaram meus olhos, engoli em seco e respirei fundo tentando me acalmar e sentar, para alcançar a água na escrivaninha ao meu lado, quando minha mãe acordou, a mulher olhou pra mim, seus olhos estavam vermelhos e inchados, mas ainda assim ela sorriu, um sorriso amarelo que dizia o quanto ela sentia muito.

- você acordou. - ela disse, tentando colocar seus cabelos de volta ao lugar. - Eu.. Eu pensei que, que você não acordaria mais.

Eu nunca tinha visto minha mãe chorar antes, e eu sempre admirei seu sorriso, ver suas lágrimas deixou meu coração em pedaços, então apenas recostei a cabeça no travesseiro e fechei os olhos enquanto ela segurava uma de minhas mãos, então ela me abraçou e me senti desconfortável pela primeira vez em seus braços.

- me desculpe se a apertei de mais, esta doendo? Como se sente? - perguntou preocupada, eu não queria falar, não queria fazer com que se machucasse ainda mais, então apenas fechei os olhos e senti lágrimas molharem meu rosto.

- tudo bem Sof, tudo bem, entendo que não queira conversar, mas estou aqui. - minha mãe segurou minhas mãos com firmeza e uma lágrima deixou seus olhos, ela a enxugou. - você quer alguma coisa? Água? - assenti, minha boca estava seca.

Minha mãe colocou água no copo e me entregou, meus braços doiam, era como se eu tivesse caido de um barranco e todo meu corpo tivesse sido cortado e esmagado pelas rochas, bebi a água e devolvi o copo, então voltei a recostar no travesseiro de olhos fechados.

- Sof. - minha mãe chamou minha atenção. - uma médica vira lhe examinar mais tarde, tudo bem pra você?

Eu não respondi, apenas virei a cabeça e tornei a fechar os olhos, eu sabia o que a mulher diria, eu só não queria ouvir ou falar disso em voz alta.

A minha mãe saiu do quarto me deixando sozinha, então eu desabei, entrei em desespero sem poder me mexer direito, eu queria desaparecer, queria ter lutado mais, ter me esforçado a sair daquela situação, agora o rosto do homem ficaria gravado em meus pesadelos para sempre.

Dexei que a dor me embalasse e dormir, desejava dormir para sempre.

Mas tarde naquele dia, minha mãe entrou no quarto acompanhada da médica, uma senhora de cabelos brancos e olhos de um azul quase cinza, era uma senhora pequena, mas que possuia um ar de sabedoria além do comun, a mulher me olhou e sorriu, caminhando até o meu lado e sentou-se onde uma vez minha mãe sentara.

Mamãe explicou que haviam polícias esperando do lado de fora, para que depois do exame eu pudesse fazer um retrato falado do agressor, se assim eu quisesse, assenti e esperei que a mulher falasse alguma coisa.

- Olá Soffia, meu nome Anie e eu espero que esteja tudo bem pra você que eu faça alguns exames, se você concordar. - disse a mulher, ela tinha a voz suave, como de uma avó.

Eu acenei em concordância e ela abriu uma maleta preta que carregava consigo, Anie informou que precisaria olhar meus ferimentos e pra isso removeria de meu corpo algumas talas e peças de roupas, percebi que abaixo de muitas faixas estava apenas de roupas íntimas, não queria pensar no que aconteceu depois que encontrei a minha mãe na porta da frente aquele dia.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora