Daniel e Irithel.

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Acordei com minha criança tentando rasgar minha barriga de dentro pra fora, tentei acalma-lá cantando como sempre fazia, mas nada estava dando certo, a dor era quase insuportável e pensei ter algo errado acontecendo.

- Marcus acorda. - chamei o homem deitado ao meu lado na cama que se acordou sem entender nada. - tem algo errado acontecendo. - gritei de dor sem consegui segurar mais o grito em minha gargata, era como se minhas entranhas quisessem deixar meu corpo e então um líquido escorreu por entre minhas pernas e paralizei no tempo, tinha a sensação de ser sangue, minha cabeça rodou e o medo tomou conta de mim.

- Soffie... Sof. Está tudo bem. - disse Marcus tentando chamar minha atenção. - foi só a bolsa que estourou, vou te levar ao médico ok. Nosso bebê esta nascendo. - completou e então tive coragem de olhar pra baixo, não era sangue e então respirei fundo e outra dor me atingiu a barriga.

Agarrei a mão de Marcus com força e gritei, o garoto ficou meio vermelho e quando o soltei ele respirou fundo puxando a mão de volta pra si e sorrindo.

- você tem mais força do que eu pensava. - falou.

- Marcos temos que chamar alguém, não vou conseguir ir até hospital. - falei tentando não gritar.

- eu sei mas, não posso deixar você sozinha, o que faço? - perguntou. Marcus parecia nervoso com a situação.

- chama Lua, alguém, eu não sei, aaaaaaarrg. - gritei com a segunda pontada de dor que sentia, Marcos se levantou num pulo e começou a andar de um lado pro outro.

- eu não sei o que fazer. - ouvimos batidas a porta, Marcos não esperou para sair correndo até a mesma tropeçando numa poltrona dentro do quarto antes de sair.

Ouvir algumas uma voz conhecidas vindo da sala, uma que achei que nunca mais ouviria novamente, a porta do quarto se abriu e Marcos entrou seguido pelo garoto de olhos de esmeralda.

- Oi Soffia, você está bem? lembra-se de mim? - questionou surpreso ao ver a situação na qual eu estava.

- acho que sim. - respondi e não consegui segurar o grito preso a minha garganta, segurei firme os lençóis. - por favor, tem alguma coisa errada. - falei.

- Eu vou chamar uma alguém para ajudar fique com ela, Marcus falou antes de pegar seu paletó e sair correndo porta a fora.

- Sou Rafael, estive aqui no enterro do seu pai. - disse o garoto se aproximando e segurando uma de minhas mãos. - pode apertar o quanto quiser, tudo vai ficar bem.

Quando ele disse aquelas palavras realmente parecia que tudo ficaria bem, porém lembrei de todas as coisas ruins que já me aconteceram e tive medo, não queria me desesperar, mas sentia como se minha vida estivesse amaldiçoada e eu perderia meu filho, não queria perde-lo, não iria perde-lo, não como perdi meus pais, não consegui impedir as lágrimas de rolarem por meu rosto a lembrança dos dois, eu sentia falta deles em todas coisas.

Chorar por medo do desconhecido, por que meus pais não estariam comigo nesse momento assustador e sim um estranho de olhos verdes que se dizia amigo.

A dor que castigava meu ventre era cada vez mais forte, minha pele suava como se estivesse rodeada por labaredas dançantes.

Eu o olhei, era como se nós já fôssemos conhecidos a tempos, havia uma luz ao seu redor e creio que já estava alucinando quando notei algo saindo de suas costas descansando ao chão, não podiam ser asas podiam?

Senti a dor novamente e mordi meus lábios, segurando-me firme aos lençóis, tentando não perder a consciência, lembrei-me da mão do garoto segurando a minha e a apertei com força, ele não recuou, se quer fez careta, apenas continuou me olhando e sorriu mostrando que estava tudo bem.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora