Perdas

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...

Não imaginei que Marcus ficaria tão feliz quanto ficou, ele pagou para todos do restaurante uma rodada de bebidas, me girou no ar e nada tirava o sorriso de orelha a orelha que o homem tinha no rosto.

Os nove meses se passaram mais rápido do que eu esperava, arrumamos o meu antigo quarto para a criança que chegaria, eu me sentia maior a cada dia que passava e Marcus parecia cada vez mais feliz na medida que minha barriga crescia.

Nós dois costumávamos conversar com a criança que ainda não havia nascido, Marcus torcia pra que fosse uma menia, mas algo me dizia que seria um garotinho e eu gostaria que fosse como o pai, ou ao menos que tivesse seus olhos.

Marcus ficou um pouco diferete após o acidente, um pouco distraído, desastrado, estava sempre tropeçando e rindo de suas peripécias.

Estáva no quarto que um dia foi meu, sentada na poltrona de frente a janela admirando o perfume das flores enquanto lia um dos livros de medicina que Lua havia me emprestado, quando ouvi um barulho na sala, seguido de um xingamento e risadas, acabei rindo também e senti o bebe chutar outra vez a minha barriga.

- Esta tudo bem, foi só o papai que esbarrou em algo novamente. - avisei enquanto alisava minha barriga. - ele está um pouco desastrado esses dias, mas é uma otima pessoa, você vai ver, ele deve estar apenas ansioso.

- o que está falando pra ela? - Marcus quis saber ao entrar na quarto, ele estava deixando a barba crescer, disse que queria parecer um pai sábio e adulto.

- Estou dizendo a nosso filho que ele terá um pai um pouco destrambelhado. - sorri ao comentário e enrolei um de meus cachos com os dedos. - o que o faz pensar que será uma menina? - quis saber, Marcus sempre se referia ao nosso bebê como uma garota.

- Eu não sei. - sorriu mexendo nos cabelos. - apenas gostaria que fosse uma garotinha e tivesse a beleza de sua mãe. - comentou e abaixou-se para conversar com o bebê, era uma coisa que ele sempre fazia.

- espero que você tenha ouvido tudo está bem? Seja uma linda menininha como sua mãe. - falou.

Fiquei um pouco timida com o elogio, mas no fundo tinha medo que o bebê fosse como eu, não poderia suportar se algo ruim a acontecesse.

Marcus beijou minha cabeça antes de sair do quarto, brincando ao dizer para não comentar com nossa criança que ele havia se tornando um pequeno desastre e isso me fez sorrir.

Passei a mão na barriga e disse baixinho apenas pra mim mesma e a crianca dentro de mim: espero que você seja um menino, criativo e esperto como o seu pai, poderia puxar os lindos olhos dele e os cachos de mim, meu anjinho e você seria como um príncipe.

Não demorou muito e ouvi batidas a porta e em seguida a voz de Annie quando Marcus a atendeu, esperei um momento até que ela chegasse a mim, pois me sentia pesada de mais para caminhar e meus pés estavam inchados, comecei a levantar-me da cadeira com pouca dificuldade para cumprimenta-la, porém ela se recusou a deixar-me continuar.

- Não Sof. Não precisa se esforçar tanto por mim. - disse e me comprimentou com dois beijos em cada lado do meu rosto. - Como você tem se sentido esses dias?

- Enorme, - comentei e sorri a brincadeira. - Estou me sentindo bem, mas esse bebê aqui... tem um chute bem forte, as vezes parece que ele vai pular fora da minha barriga. - Nós rimos e Anne começou os últimos exames que podia fazer para saber se o bebê estava saudável para o dia de seu nascimento.

- Vocês estão bem, logo logo você poderá segurar seu bebê nos braços.

- Não vejo a hora de encontra-lo pela primeira vez. - afirmei passando uma das mãos na barriga novamente. - A senhora me ajudou muito Annie, foi como uma segunda mãe pra mim, - senti meus olhos marejarem. - Eu gostaria de convida-la a ser madrinha do meu filho ou filha, - sorri sem jeito. - também queria pedir que viesse mais vezes, pois acho que não sei como cuidar bem de uma criança e não quero errar com meu filho, as vezes me sinto jovem de mais para ser mãe.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora