...Eu sabia quem Lilian era só de olhar, a mulher de muitas faces que anda pela terra a muito tempo, mais do que qualquer humano, eu só não entendia porque ela estava ali.
Lilian ou Lilith, seu nome verdadeiro, nunca poderia machucar um ser humano por conta da maldição que o próprio rei do infernun a lançou, pois ele dizia que as vidas humanas deveriam vir a ele como o barro sujo que eles são, contaminados com maldade e desespero, mas Lilith gostava de usa-los e depois mata-los e desse jeito, aquelas almas nunca iriam descer.
Mas me intrigava o motivo de a rainha de infernum estar tão próxima da família de Soffia, eu sabia que algo ruim aconteceria, podia sentir.
Durante a noite visitei o quarto da mãe da menina e o guardião da mulher estava sentado a seus pés cobrindo-a com suas asas, ele fez sinal de silêncio pra mim e acenti ouvindo seus pensamentos serem transmitidos para minha cabeça.
- Eu tentei proteger as duas quando Soffia chegou sem um guardião, mas não fui forte o suficiente e perdi a maior parte de minhas energias então, agradeço a sua presença.
- vim porque era injusto deixa-la sozinha, ela é tão humana quanto os outros. - respondi a seus pensamentos.
- Lilith estar aqui me deixa inseguro, essa mulher ja sofreu muito, eu temo por essa família. - disse.
- eu também.
A noite havia sido calma de mais, sem pesadelos ou sonhos, sem gritos a noite, sem ruidos de passos na madeira ou portas abrindo e fechando por conta da insónia das duas mulheres, elas pareciam dormir profundamente.
Mas a calmaria me deixava nervoso, eu andava de um lado para o outro dentro do quarto, olhando pelas portas e janelas, as vezes atravessava as paredes para ver se algo estava errado.
Ouvi um barulho no quarto ao lado e tive medo de deixar Soffia sozinha para ajudar o guardião de Maria a lutar contra seja lá o que fosse que estivesse dentro da casa.
Olhei ao redor e vi que Soffia não corria perigo, deixei uma armadilha para que, qualquer um que entrasse naquele quarto com más intenções ficasse preso, não pudesse reagir e corri até o outro quarto.
O guardião que não me dissera seu nome lutava contra dois anjos caidos, prováveis amigos de Lúcifer, saquei a espada da bainha e aparei um golpe que o mesmo levaria por trás se eu não tivesse chego a tempo.
Ficamos um ao lado do outro protegendo a mulher que dormia profundamente.
- quem são e porque estão aqui? - perguntou o guardião ao meu lado, ele tinha os cabelos negros grudados no rosto por conta do suor, seus olhos castanhos brilhavam com o desejo de proteger a humana.
- está na hora dela morrer, ela deve partir rápido. - disse um dos inimigos, eles se pareciam, tinham olhos avermelhados e cabelos quase brancos, a diferença entre eles era a altura. - a vontade de Lúcifer deve ser cumprida.
- não iremos permitir. - afirmei e entramos na forma angelical, seria a primeira vez que eu lutava ao lado de outro guardião. - Sou Hamiel filho do grande Arcanjo, eu e meu amigo, protegemos essa casa.
- logo não restará uma pena se quer de você se eu amigo, Guardião. - ele cuspiu a última palava.
Os anjos vieram contra nos e brandimos nossas espadas, eles eram bons, eu não sabia o motivo da luta deles, mas com toda certeza eles não desistiriam.
Girei minha espada tentando acertar o braço direito de um deles, mas o mesmo recuou e se defendeu, as espadas se chocaram, com a mão livre segurei seu pulso e girei meu corpo dando uma cotovelada em seu rosto, o anjo desequilibrou, troquei a mão que segurava a espada e girei a mesma contra a cabeça do anjo que desviou no último segundo, deixando apenas um rastro de sangue brilhoso em seu rosto recem cortado, o anjo limpou a própria face com as costas da mão esquerda e se endireitou.
Ao nosso lado eu quase não via meu novo amigo lutando com o outro caido, eles eram um borrão de velocidade e zumbidos de espadas se chocando.
A luta continuo, eu estava ficando cansado de atacar e defender e o inimigo poderia me acertar a qualquer momento, recuei um pouco tomando fôlego e defendi o ataque, girei o corpo e soltei uma de minhas asas que atingiram o anjo e o fez atravessar a parede, ouvi o barulho de minha armadilha e corri, mas ela havia funcionado e pego o anjo inimigo.
Escutei um grito e voltei para batalha, o guardião havia sido atingido pela espada na barriga e estava quase levando o golpe final quando eu intervi, girando minha espada contra o braço armado o inimigo, a espada caiu no chão e o anjo me olhou incrédulo e sorriu.
- meu trabalho esta concluído. - disse e desapareceu.
Me aproximei do guardião que sangrava.
- nós vencemos por agora, seja forte. - o garoto segurou minha mão lutando para respirar.
- o sangue deles... - o guardião tossiu. - e as armas, estavam infectados com o veneno dos ofuscantes. - sugou o ar com força. - estou morrendo.
- não, você vai ficar bem. - rebati.
- Hamiel, - o garoto segurou meu rosto próximo ao seu. - o sangue de um deles encostou em Maria. - olhei pra mulher que suava frio em cima da cama, eu preciso ajuda-la, me leve até ela. - pediu.
Guardei a espada e segurei o anjo em meus braços levando-o para perto de sua protegida.
- Est nomen meum Israel: ego memini me: et cum ab amico maria defendat. - disse na lingua dos anjos.
- farei o que puder para manter as duas seguras. - eu sabia que o anjo daria suas últimas forças para salvar Maria e depois partiria, fui ensinado que os guardiões podem usar a graça nos seus protegidos apenas uma vez a cada a humano escolhido e isso drenava sua aura e no fim o faria acender, Israel daria sua última gota de vida a Maria.
O anjo pos suas mãos e asas sobre o corpo da mulher e uma luz forte deixou todo seu corpo, parte da luz limpou as veias de Maria, depois o anjo desapareceu.
- Suscípiat Dóminus in armis. - proferi.
A febre de Maria havia desaparecido, a mulher tossiu e voltou a dormir, segui para o quarto de Soffia, ela estava bem e dormia, o anjo ainda estava preso no cubo de vidro.
- vai chegar o dia em que Lúcifer tera o corpo de sua protegida e nesse dia os seus irão queimar. - cuspiu o anjo e brandiu a própria espada contra si mesmo, enterrando-a em seu corpo, houve um clarão de luz avermelhada e cheiro de enxofre, o anjo estava morto.
...
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Anjo Meu
FantasyUm amor proibido, uma criança amaldiçoada e uma promessa. Quando um arcanjo se apaixona pela criação, algo extraordinário pode acontecer. Contando a história completa de Soffia.