viver

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...

Eu nunca pensei que me casaria tão jovem, eu nunca pensei que muitas coisas aconteceriam na verdade.

Não esperava a morte de meus pais, não esperava a rejeição de minha mãe em seu último suspiro.

Não esperava ter sido atacada e não esperava me casar com Marcus, mas lá estava eu, num vestido quase branco, olhando o garoto nos olhos e de frente a um padre.

Eu não esperava que ele me beijasse ali na frente de todos, eu senti minhas bochechas corarem, senti a falta do conforto que sempre segurou minhas mãos, senti falta de ser uma criança de novo, de brincar nos jardis enquanto ajudava minha mãe, de ouvir as histórias do meu pai, de brincar no lago e de subir na árvore que um dia achei que era minha.

Mas aquilo não importava mais, eu tinha que aprender a crescer e deixar tudo isso de lado e de algum modo tentar recuperar tudo aquilo que perdi nos últimos meses.

Marcus se mudou pra nossa casa definitivamente, eu ainda cuidava dos jardins e o ensinei a fazer o mesmo como havia prometido, eu via felicidade nos seus olhos, mas sabia, no fundo que ele não era completamente feliz estando comigo.

Eu fiz uma promessa no dia do casamento, prometi que tentaria, que um dia seríamos uma verdadeiro casal e que seriamos felizes, então juntei a coragem que me restara, respirei fundo e fui até meu marido que estava sentado na ponta da minha cama lendo um livro que eu não conhecia.

- Você parece diferente. - comentei anunciando minha precensa e ele fechou o livro, sorrindo pra mim, os cabelos amarelos caindo nos olhos, era lindo, seu olhar era tão neutro, como se a vida fosse fácil, como se nunca tivesse passado por nenhuma dificuldade.

- Devo estar. - retrucou. - sou um homem casado agora, tenho a mulher mais linda do mundo, um trabalho com pessoas confiáveis e a casa dos meus sonhos, com flores na janela do meu quarto. - anunciou mexendo nos cabelos e relaxando sobre a cama.

- você é feliz? - perguntei me recostando a porta do quarto com as mãos para trás do meu corpo. - você é realmente feliz aqui?

O garoto se indireitou na cama e pos os cotovelos sobre os joelhos, ele não demorou muito pra pensar, apenas levantou-se e andou até a janela.

- eu sou. - afirmou olhando ao longe, além dos jardins de flores coloridas, esperou a brisa da tarde e respirou fundo, seus olhos verdes brilhavam. - eu entendo a sua pergunta Sof, eu não preciso ter você em minha cama como mulher pra ser feliz, eu tinha um sonho quando menor... Eu sonhava em me casar com a mulher que eu amasse, em morar nunca casa onde nós dois pudéssemos ser felizes, onde pudessemos criar nossos filhos, um lugar com um lago e grandes árvores para eles poderem brincar como nós costumávamos fazer e sempre que eu olho pra trás, eu vejo, aquela mulher era você! que essa era a casa dos meus sonhos e eu não quero filhos agora, agora eu quero ajudar a minha mulher a ser feliz como eu sou, quero ajuda-la a superar seu passado obscuro Soffie. - respondeu e se virou em minha direção com um meio sorriso, passando a mão nos cabelos amarelos.

Meus olhos estavam marejados e eu controlava as lágrimas que queriam rolar pelo meu rosto.

- eu vou esperar por você. - sorriu e se aproximou. - o tempo que for, não importa se sejam dias, semanas, meses ou anos, eu vou esperar por você, porque eu a amo, porque você tem meu coração, se for preciso caçarei e matarei todos os seus fantamas e faria isso mesmo de olhos fechados se soubesse que no final eu veria seu sorriso novamente. - ele segurou e bejiou uma de minhas mãos.

Dexei que as lágrimas rolassem, meu coração batia acelerado em meu peito, nossas testas estavam unidas, Marcus enxugou minhas lágrimas e beijou o topo de minha cabeça, encostei uma de minhas mãos em seu peito e ele a segurou por um breve momento.

Eu sabia que ele se afastaria, sabia que ele era diferente dos montros que me fizeram mal, eu tinha medo e deixava que o medo me dominasse, eu não queria mais ter medo, meses após o nosso casamento e ainda dormíamos em camas separadas por causa deste medo, estava cansada.

Segurei uma de suas mãos o impedindo de deixar o quarto e olhei no fundo de seus olhos. O puxei para perto de mim e bejei seus lábios, sentia meu coração bater acelerado em meu peito...

- eu não quero mais ter medo. - afirmei juntando meus dedos em sua nuca e o puxando mais pra mim. - eu podia sentir seu corpo tremer junto ao meu, sentir seu coração bater acelerado tão perto do meu.

- Você tem certeza? - questionou com a voz trémula, seus olhos brilhavam em esperança e eu acenti.

- não quero viver com esse medo, não quero ser assombrada pelo meu passado, eu quero sentir, amor, eu quero viver o amor e não me impedir de senti-lo, dois anos se passaram, eu gostaria de poder te fazer sentir completo como eu me sinto quando estou com você.

Marcus envolveu minha cintura e beijou meus lábios como nunca havia feito, senti quando as lágrimas do homem escorreram por suas bochechas e deixou um gosto salgado em nossas bocas, ele sorriu, assim como eu e lentamente nos aproximámos da cama, meu coração batia rápido de mais e algumas imagens tentavam retornar a minha cabeça enquanto eu as mantinha o mais longe possível, eu lutava contra aquilo todos os dias, todas as quelas lembranças ruins, queria tentar moldalas e não ter mais medo.

Marcus se afastou um pouco, apenas o suficiente para me dizer o quando me amava e eu sabia que era real, eu o sentia e o respondi da mesma forma olhando no fundo de seus olhos, que o meu amor por ele, também era real.

....

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora