Capítulo 5 Uma pequena distração

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As dores bens grandes, finalmente compreendi porque minha mãe e minha irmã ficam com o humor tão alterado naqueles dias, mais que nunca desejei saber o paradeiro daquela cigana que nos tinha amaldiçoado, ela não tinha o direito de fazer aquilo conosco, fomos grosseiros com a mulher, mas trocar nossas almas de corpos foi uma maldade sem tamanho, nos lançou em mundos diferentes que a gente não estava preparada para viver.

Aline me mostra os comprimidos que costuma tomar para alivias as suas cólicas, eu engulo, como se fosse para salvar-me a vida, melhorou um pouco, mas ainda sentia uma agonia imensa, que sensação chata, imagina ter que suportar isso todo mês durante a maior parte da vida.

Com dores ou não tinha que ajudar Aline na peneira, meu futuro no esporte dependia disto, era uma oportunidade de ingressar em um time profissional da segunda divisão, o que poderia ser minha ponte para quem sabe um dia chegar no Corinthians, no São Paulo, no Palmeiras ou quem sabe ainda no Milan ou Barcelona. Eu desde garoto sonhava em ser um astro do futebol, sempre fui o melhor do time da escola e do bairro, mas tinha sido reprovado várias vezes em testes nos clubes profissionais, porem sei que craques como o Cafu também já foram, eu estava jogando muito até aquele incidente.

Aline no meu corpo não se esforçava para manter a forma, nem academia, nem jogar bola ou simplesmente correr de manhã, isso é típico de nerd, só pensam em estudar. Enquanto eu malhava todo dia queimando as gordurinhas dela e deixando o seu corpo definido, ela me deixava engordar e perder a mobilidade. Mesmo assim confiei no acumulo de nossas habilidades, imaginei que a inteligência dela poderia me tornar um jogador melhor.

Eu a treinei, a orientei e no dia da peneira fui com ela ao clube, ela ficou toda ou todo, sei lá, sem jeito em campo. O olheiro do time que tinha me indicado olhava apreensivo. O jogo começa, Aline pega a bola e sai driblando, vi minhas habilidades com ela e comemorei, porem futebol existe ritmo de jogo pratica e malicia, ela não tinha, largava abola sempre que um zagueiro chegava junto com cara de mau.

O time que ela estava comete uma falta, e Aline vai para barreira e leva uma bolada, nas bolas.−Droga eu esqueci de avisar para ela proteger a região pélvica. Ela cai gritando de dor e a galera começa a rir total. Foi o fim da peneira para mim.

−Poxa Aline, você não sabe que os jogadores protegem a parte de baixo, não o peito?

−Como eu ia saber, eu nunca tinha jogado futebol antes, por que você não me avisou?

Voltamos para casa, eu estava inconsolável, havia visto minha esperança de entrar para o futebol profissional ir por agua abaixo. Meus pais, acharam estranho:

−Filha você parece mais desanimada que o seu irmão, que bom, sinto que finalmente meus filhos criaram empatia um com outro, estou gostando de ver a união de vocês nesses últimos dias.

Se ele pudesse imaginar, que a nossa suposta união fraterna, era motivada por uma maldição de uma cigana escrota...

Vou tomar uma ducha para aliviar a tensão, sigo para o quarto e escuto a companhia a tocar, saio para ver quem é , era  o Dênis, meu melhor amigo, que está a me encarar com os olhos arregalados, como se estivesse vendo um fantasma. Eu digo oi.  Toco na mão dele e ele responde; −Aline você está só de toalha!

Droga eu havia saído com a toalha enrolada na cintura e seios de fora, esqueci que estou preso no corpo de minha irmã,  que tem seios de médios para grandes, por isso, o Dênis estava abobalhado. Tampei os seios com os braços e corri para o quarto. Aline no meu corpo me fulminava com o olhar. Fui ate  o guarda roupas e vesti um short e uma blusa dela.

  Meu amigo Dênis, mantinha um amor platônico pela Aline. Eu como seu melhor amigo e confidente sabia disto, sabia também que ela nunca lhe deu bola. Tive vontade de contar a ele o que estava acontecendo, mas achei melhor não, afinal como alguém poderia acreditar naquela história se não a tivesse vivendo. Eu tive me afastar dos amigos pois enquanto estava trabalhando no serviço dela.

Aline não se preocupou em manter as minhas relações sociais, por isso o Denis veio ver como eu estava, ser recebido por minha irmã seminua era a última coisa que ele podia esperar.

Como sempre ela se mostrou indiferente ao Dênis, que mostrava amizade, então chamei para a sala de jogos como costumávamos fazer. Ele não entendeu nossas atitudes, pois raramente trocava algumas palavras com minha irmã que pensava apenas no chato do namorado dela, agora o amigo estava frio e ela atenciosa

Começamos a disputar uma partida de PES, jogo que sempre nos encantou, Denis jogava bem, porem estava desconcentrado, eu havia vestido uma blusinha sem manga estava também sem sutiã, meus seios ou melhor os seios da Aline quase saltavam para fora. Estava ganhando todas as partidas, apesar de surpreso de ver Aline jogando, ele parecia não se importar em perder, coisa que normalmente o deixava muito bolado.

A conversa está fluindo bem, quando chega o Roberto, e quando vê a namorada, sentada no sofá com o Dênis, tem um ataque de ciúme e me agarra pelo braço, Aline no meu corpo se aproxima do cara e tenta apartar.

–Querido não é nada disto! Mantenha a calma que vou te explicar.

Ela até se esqueceu, do que estava havendo conosco, o Roberto a ignora e torce o meu braço bruscamente, sinto dor, mais consigo em desgarrar  dele, que começa a me chamar de safada, tenta me dar um tapa, eu me desvio e dou um soco no queixo dele. Roberto quase vai a nocaute, fica estabanado, aproveito e digo que tudo acabou entre nós. Aline entra em crise de choros, ninguém entendeu nada, mas acabava o namoro da Aline e do Roberto.

Depois ela me chama para o quarto e pergunta como eu pude fazer aquilo.

−Ele tentou me bater, eu apenas me defendi, não treino boxe tailandês a toa, não fiz nada mais que me defender. 

−Você destruiu meu namoro,  fez meu namorado achar que estava sendo chifrado.—Eu odeio você por isso!

Sim, ela estava com muita raiva, mas o que eu poderia fazer, o Roberto finalmente revelou quem era, um machista enrustido,  ele só não esperava apanhar da namorada. Foi melhor assim, eu não aguentava mais ele, vivia tentando me agarrar e me bolinar, era só deixar se aproximar já era, mão nos seios ou na minha bunda, era um saco!

Eu liguei para o Dênis, pedi desculpas pelo ocorrido, disse que ele poderia voltar amanhã para a gente jogar mais, ele mostrou-se surpreso mas ficou feliz.

Eu já havia encorajado o Denis a se declarar para minha irmã, porem ele era tímido e inseguro, nunca tinha tido coragem, até chegou a fazer poesias para ela, mas mostrava a mim e não pra Aline, ao contrário de mim que chegava nas garotas sem arrodeios, meu amigo curtia sua paixão na solidão, sonhando que um dia Aline olharia para ele. 

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