Capítulo 32 Como ficamos?

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Nosso mundo novamente estava de pernas para o ar, eu voltara a ser Aline. Aline voltara a ser eu, pra completar a confusão Madalena havia sumido sem deixar pistas. Eu e Dênis votamos ate o pico do Jaraguá para conversar com o pajé. Ele nos disse que não era comum casos trocas se desfazerem sem ritual. Embora tivéssemos desfeito a troca a tempo, talvez nossos corpos tenham se apegado as novas Almas e rejeitado receberem suas originais de volta. Achei ser possível no meu caso, mas Aline odiava estar em um corpo de homem.

−Talvez seja culpa apenas de um de voz, alguém que se apegou ao corpo do outro e por isso o feito da cerimônia de retorno não foi definitivo, acredito que não aja mais o que fazer. Vocês terão que se conformar em viver nos corpos que se encontram para o resto da vida.

Eu fiquei aflita não por mim, mas por minha irmã, aquela noticia seria uma bomba para ela, então insisti com o pajé para realizar uma nova tentativa. Ele desaconselhou, disse que não adiantaria, mas de tanto implorar ele decidiu tentar novamente.

Eu procurei Aline e Roberto, retornamos a trilha da bica, desta vez em uma noite clara de luar. Não houve briga com ciganos, tempestade, vendaval ou qualquer outro contratempo, o pajé e Cacamo fizeram a cerimônia, dançaram, pediram aos deuses, porem nada aconteceu, nem mesmo uma troca momentânea.

O pajé pediu desculpas, nos disse que não havia mais nada que ele pudesse fazer, recomendou que esperássemos, que talvez a natureza resolvesse voltar atrás. Aline entra em desespero volta a me fazer acusações, depois chorando vai embora com o Roberto.

Eu retorno para casa, estou preocupada com Aline, ela parecia estar definitivamente com ódio de mim, dois dias depois ela retornou, porem me dirigia a palavra, nem se quer olhava para mim. Toda aquela situação me jogou na maior depressão, não estava sendo fácil suportar o desprezo de minha irmã, nem o sentimento de culpa por ter me apegado a uma vida que não me pertencia ou não deveria me pertencer mais. Apesar disso eu entenda a situação dela, estar presa a um corpo que não era o seu verdadeiro ser. Tentei localizar Madalena por semanas, porem sem sucesso. Parecia que o universo tinha conspirado para terminar daquela forma.

Meus pais também estavam confusos, não entendiam a tristeza e a animosidade entre os filhos. Também não adiantava insistir para que eles acreditassem na história da troca de corpos, preferimos nos calar a esse respeito, pois eles não acreditavam e poderiam acaba nos internando em uma clinica psiquiátrica. A única pessoa que acreditava em mim e com quem eu podia desabafar era o Dênis, mesmo sobe o protesto de Aline, decidi voltar a frequentar a casa dele, pois precisava desabafar e, deixa pra lá. Um dia ele me liga dizendo que precisava muito de conversar comigo então fui ate sua casa. A mãe dele me recebe, com beijos no rosto e me diz.

−Até que enfim, minha nora, sentia muita falta de você. −Essa casa vai ficar muito triste e vazia agora.

−Como assim, vai ficar vazia?

−Aí falei demais, pensei que ele tinha te contado, mas vou chama-lo, melhor você saber da boca dele.

Eu fico tentando desvendar o que seria quando ele sai do quarto, me da um beijo, me abraça e me da um gostoso beijo, me puxa pela mão até seu quarto, fecha porta e depois me diz;

−Alan, digo Aline.

−Thiessa, por favor meu amor. −Sabe que é assim que eu gosto de ser chamada e esse será meu nome agora e creio que para sempre.

−Claro Thiessa, é um lindo nome, mas você deve lembrar que te falei de minha vontade de ir para os Estados unidos.

−Eu lembro.

−Então, eu consegui com meus tios, um emprego em San Diego, já tenho passaporte e lugar para ficar e tudo pronto, agora preciso saber se você quer ir comigo.

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