Capítulo 21 Repaginando

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Papai e Aline vão entrando, mamãe corre na frente para preparar os dois para surpresa, ela fala um tempinho, enquanto eu fico a olhar no final do corredor de acesso a sala. Aline olha indignada.

−Precisamos conversar, só entre nós dois.

Antes dela responder papai vem até mim e me abraça forte e começa a chorar como uma criança.

−Filha que saudade!

−Que aconteceu com você meu amor?

−Papai como disse a mamãe é uma longa história, eu sumi, mas agora estou de volta para responder pelos problemas que causei a todos principalmente ...

Ele me interrompe, ainda me abraçando e me beijando.

−Não se preocupe meu amor, tudo que importa é que minha filhinha está de volta, eu te amo mais que tudo.

Aline olha furiosa a cena entre mim e papai. –Eu além de seu corpo, ocupava o lugar dela no coração de nosso pai, isso deveria ser terrível para minha irmã suportar. Ela fechou a cara e sentou-se em um dos sofás com uma aparência super emburrada e triste, enquanto papai era só alegria e afetuosidade.

Depois de quase uma hora e pouco finalmente meu pai deixou a emoção se aplacar, em fim pude chamar Aline para conversar em no seu quarto, deixando papai e mamãe na sala com Madalena, eles pareceriam ter gostado dela.

Entramos no quarto e eu fecho a porta, digo Aline que quero resolver de vez o nosso dilema e que finalmente ela poderá voltar para o seu verdadeiro corpo e ser feliz com o Roberto, ela me olha impassível e me diz.

−Como você pretende fazer isso, o pastor Abdias não pode, mas nos ajudar.

− Por que?

−Por que ele morreu.

−Morreu! Como assim?

−Sim, ele morreu afogado.

−Ele não sabia nadar, quando você o empurrou na represa ele caiu em um declive, como todos estavam preocupados em te alcançar ninguém prestou atenção aos pedidos de socorro do pastor, ele afundou nas aguas, e quando o encontraram estava morto.

−Eu não pretendia, provocar a morte de ninguém, quis apenas me livrar daquela situação, tive medo dele afogar a gente naquelas aguas. Não empurrei com tanta força assim, poxa vida, o gloria!

−Que!

−Digo, coitadinho, era um homem tão bom.

−Não seja cínica, sei que no fundo você está feliz, por ele não está mais aqui para te forçar a voltar para esse corpo.

−A gente não precisa mais dele, eu encontrei a cigana que nos enfeitiçou.

Aline muda de expressão e pergunta.

−Por acaso é aquela mulher que está na sala?

−Sim, ela mesma e está disposta a nos ajudar.

−Aquela cigana maldita, eu vou matar ela!

−Não Aline, precisamos dela, só ela pode desfazer o feitiço. –Madalena se arrependeu do que fez e quer muito solucionar essa situação, por favor controle a sua raiva.

Então Aline compreende que precisa manter a calma e colaborar comigo e Madalena para a gente poder fazer a cerimônia, assim voltaríamos a viver cada um à sua verdadeira vida.

Eu explico a ela, como Madalena pretendia quebrar a maldição e todo o procedimento necessário, porém ainda precisaríamos ficar mais uma semana, pois a cerimonia só poderia ser feita em uma lua cheia e durante o alinhamento dos planetas com a Terra. Aline se mantem aborrecida, ela não gosta da ideia de ter que ficar mais uma semana no corpo.

−Está bem, se este é o único jeito, eu já estou a mais de um ano vivendo assim, mesmo, uma semana a mais ou a menos, não fará diferença.

−Você se tornou uma cigana, está com um vestido espalhafatoso e bijuterias como a desta gente, mudou mesmo, enquanto eu tudo que aprendi foi fazer pipi de pé.

−Aline, eu lamento, mas não fui a única culpada você sabe, eu fugi, por medo de encarar a realidade, mas estou aqui disposta a me redimir.

−Disposta? Está falando tudo no feminino, incorporou mesmo a vida de mulher, Alan, você não vale nada. Até meu nome usurpa.

−Não, eu passei a usar um codinome, que escolhi enquanto vagava pelo interior, Thiessa.

−Diferente.

−Eu me inspirei naquela garota do youtuber a Thiessinha.

−Thiessita.

−Você conhece?

−Sim, eu estive pesquisando sobe transição sexual, foi um dos nomes que apareceu na internet, lembre quem tu disseste que eu poderia usar da ciência para voltar a ter formas femininas, eu pensei em fazer isso, mas ainda tinha esperanças que você ia aparecer e a gente desfaria tudo isso.

Com Aline calma, finalmente conseguimos, nos abraçar, afinal ainda éramos e apesar de tudo o que estava acontecendo, existia amor entre a agente.

−Como está com o Roberto?

−A gente permanece junto. Ele tem me dado todo apoio, dedicou grande parte de seu tempo para procurar você, eu nunca vou esquecer, ele mostrou o quanto me ama e tem sido meu companheiro, sem o apoio dele eu certamente teria enlouquecido.

Eu senti sinceridadenas palavras de Aline, ela apesar de toda a dificuldade, tinha a pessoa queamava do seu lado enquanto eu nem tive a coragem de contar a verdade ao Denis edeixar ele decidir o que fazer.

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