Capítulo 33 Ficamos assim

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−Mamãe, está tudo bem?

−Claro que não filha, seu irmão saiu de casa dizendo que não iria mais voltar.

−Como assim, para onde ela foi, digo ele foi, com quem?

−Para onde eu não sei, mas disse que partiria acompanhado de Roberto para viver o grande amor de sua vida, seja lá de qual forma fosse.

Então caiu a ficha de quanto aqueles dois se amavam, o amor deles não só tinha sobrevivido aqueles acontecimentos todos como tinha se fortalecido, confesso que admirei atitude deles. Mamãe disse que havia uma carta endereçada a mim e a pedido não tinha lido. Eu peguei a cara de suas mãos e fui correndo até o meu quarto para ler. Aline me dizia que estava cansada de tudo aquilo, não iria mais esperar pela vontade de forças sobrenaturais. Roberto tinha parentes na Itália, ele a chamará para ir ao velho continente, lá poderiam viver o amor deles, onde pouca gente os conheceria. Ela também dizia que usaria da ciência para recuperar a aparência de mulher e não sei se por ironia, disse se acaso um dia a magia fosse desfeita eu não teria mais que me preocupar em voltar a ser homem. Mas em todo caso que cuidasse bem do seu corpo.

Aquilo foi chocante e fiquei desnorteada, liguei para o Dênis e saímos imediatamente a procura de Aline e do Roberto, porem eles tinham deixado o país. Mamãe e papai não entendiam o que tinha dado na cabeça do filho Alan, novamente preferi me calar e não insisti na história da troca ocorrida entre a gente, pois tive medo que mandassem para uma clínica psiquiátrica.

Eu consegui por meio da família de Roberto aqui, o contato dos parentes deles na Itália, cheguei até a conversar com Roberto, ele disse que Aline estava, porém não deseja falar comigo por enquanto. Foi muito chato saber daquilo, mas eu resolvi não insistir e respeitar a decisão dela, só me restava aguardar para ver o que iria acontecer conosco.

Mas ainda tinha a questão a resolver com o Dênis. Ele estava decidido a ir viver nos Estados Unidos e aguardava a minha resposta, pois ele tinha uma proposta de emprego esperando por ele naquele país, porem seus parentes não conseguiriam segurar a vaga aberta por muito tempo.

Eu não queria deixar meus pais para trás, eles já sofriam bastante pela ausência da Aline, que pensavam ser Alan, que tinha se descoberto gay e ido embora com Roberto, agora iriam focar sem a filha também. Pensei muito em desisti, porem mamãe e papai me disseram para eu seguir meu coração, entendiam o quanto eu amava o Dênis e desejavam me ver feliz, desde que continuasse mantendo contato. Então tomei a minha decisão, eu disse sim ao Dênis, pois o amava e também desejava tentar a vida nos Estados Unidos.

Passamos a correr atrás da papelada, ele tinha quase tudo pronto, mas eu ainda não, mas como a família dele tinha contatos na embaixada, não demorou muito para eu estar com o passaporte nas mãos.

No dia do embarque foi muito triste, deixar meus pais e partir para uma terra estrangeira, mas por outro lado era a realização de um sonho. Desembarcamos na cidade da San Diego, onde a família do Dênis nos recebeu muito bem. Esse ambiente me ajudou a me adaptar e graças ao Inglês fluente herdado da verdadeira Aline eu não demorei a conseguir um emprego em uma loja de conveniências.

O melhor de tudo é que o número de mulheres que praticam futebol nos Estados unidos é impressionante, ao contrário do Brasil, não existe essa historinha que futebol é coisa da machos, eu fiz amizade com algumas garotas latinas e acabei sendo convidada para fazer parte delas, nas primeiras semanas eu ficava no banco de reservas, mas as oportunidades foram aparecendo, eu sempre tive um bom faro para gols e entrando com as adversarias cansadas sempre acabava deixando minha marca na rede e não demorou para eu ser promovida ao time principal. Parecia mesmo uma mágica, o que não tinha conseguido realizar como Alan, agora como Thiessa no corpo de minha irmã está se concretizando, uma olheira da liga de futebol profissional feminina ouviu falar de mim e veio me observar. Acabei recebendo uma proposta para jogar na liga profissional foi o máximo!

Não era um salário de jogador da seleção masculina, mas daria para a gente fazer a América, assim eu e Dênis conseguimos financiar uma casa só pra gente aonde nossas noites de amor continuam tórridas como antes.

Passaram dois anos e meio, eu estava muito feliz de viver nos Estados Unidos, as oportunidades, haviam aparecido, eu estava bem no meu time, sempre ganhando cada vez mais destaque e o Dênis já conquistara uma promoção no trabalho

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Passaram dois anos e meio, eu estava muito feliz de viver nos Estados Unidos, as oportunidades, haviam aparecido, eu estava bem no meu time, sempre ganhando cada vez mais destaque e o Dênis já conquistara uma promoção no trabalho. Eu conversava com meus pais todos os dias pelas redes sociais, eles estavam bem e disseram que haviam adotado um casal de garotinhos órfãos, chamados de Renata e Renato. Eu fiquei contente com a notícia, tudo estava bem a não ser pela ausências de notícias sobre Aline, até que um dia chegou uma carta da Itália, era dela, agora dela mesmo, Aline havia feito um tratamento hormonal para feminizar o corpo, me mandou também seu telefone e redes sociais, ela estava bem consigo mesma e queria se reaproximar de mim, então fizemos uma conferência por vídeo e fiquei surpresa ela estava uma mulher linda, disse que tinha se casado com Roberto e já estava se preparando para viajar para a Tailândia, para se submeter a uma cirurgia de redesignação sexual. Eu fiquei muito feliz e combinei que nas minhas próximas férias depois de visitar mamãe e papai no Brasil eu e Denis iríamos até a Itália. Seis meses depois nos reunimos e foi maravilhoso matar a saudade da pessoa que comigo conheceu as desventuras do inverso da vida.


Ao voltar para os Estados Unidos estava curtindo os últimos dias descansos quando perdi o sono e despertei de madrugada, não tinha nada a fazer e fui ver o que tinha na tv, mas não encontrava nada de interessante, até que passei por um canal que mostrava uma festa de ciganos em Andaluzia e para minha surpresa reconheci entre as ciganas mostradas a figura de Madalena, ela estava dançando cantando, sempre com o mesmo jeitão. Pensei em procura por ela, mas achei melhor deixar as coisas como estavam. Melhor não mexer mais com a magia, eu estava feliz, Aline também mesmo tendo passado por tudo aquilo, e ficamos assim. Ainda não escrevi sobre o livro sobre nossa história, mas continuo cogitando, com certeza um dia eu publicarei mesmo sabendo que ninguém irá acreditar que foi uma história real.

FIM

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