.015.

3.1K 249 21
                                    


015

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

.015.

Dois tinham parado, os outros dois reduziam o passo. O mais próximo, um homem troncudo, de cabelo escuro, de vinte e poucos anos, parecia ser o cara que falou. Usava uma camisa de flanela aberta por cima de uma camiseta suja, bermuda jeans rasgada e sandálias. Ele deu um passo na minha direção.

— Oi — murmurei, uma reação reflexa. Depois rapidamente desviei os olhos e andei mais rápido para a esquina. Pude ouvi-los rindo a todo volume atrás de mim.

— Ei, espera princesa! — gritou um deles de novo, mas mantive a cabeça levantada e virei a esquina com um suspiro de alívio. Podia ouvi-los rindo lá atrás.Estava desesperada, eu precisava de ajuda. Meus olhos encaravam o chão em busca de um pedaço de madeira ou de uma pedra afiada. Eu me vi numa calçada nos fundos de vários armazéns de cores sombrias, cada um deles com portas largas para caminhões de carga, trancados a cadeado para a noite.

   O lado sul da rua não tinha calçada, só uma cerca de tela encimada por um arame farpado protegendo uma espécie de depósito de peças de motor. Eu vagava pela parte de Port Angeles que eu, como visitante, não devia ver. Estava escurecendo, percebi, as nuvens finalmente voltavam, acumulando-se no horizonte a oeste e criando um pôr do sol prematuro. O céu a leste ainda era claro, mas se acinzentava, tomado de faixas de rosa e laranja. Eu tinha deixado meu casaco no carro e um tremor súbito me fez cruzar os braços com força no peito. Uma van passou por mim e depois a rua ficou vazia. O céu de repente escureceu ainda mais e, enquanto eu olhava por sobre o ombro para a nuvem degradante, percebi chocada que dois homens andavam em silêncio uns cinco metros atrás de mim. Eram do mesmo grupo pelo qual eu havia passado na esquina, mas nenhum deles era o de cabelo escuro que falara comigo.

   Virei imediatamente a cabeça para a frente, acelerando meu passo. Um arrepio que não tinha nada a ver com o clima me fez tremer de novo. Minha bolsa estava pendurada no ombro e atravessada pelo meu corpo, como usamos para não sermos surpreendidas. Eu sabia exatamente onde estava meu spray de pimenta na mochila embaixo da cama, a embalagem ainda fechada. Não tinha muito dinheiro agora, só uns vinte e poucos dólares, e pensei em deixar cair minha bolsa "por acidente" e correr. Mas uma vozinha assustada no fundo de minha mente me alertou que eles podiam ser coisa pior do que ladrões. Tentei escutar atentamente seus passos silenciosos, que eram muito mais silenciosos quando comparados com o barulho tumultuado que fizeram antes, e não parecia que tinham acelerado, nem chegado mais perto de mim.

   Respire, lembrei a mim mesma. Você não sabe se estão te seguindo. Continuei a andar com a maior rapidez que pude sem correr, concentrando-me na curva à direita, que agora só estava a alguns metros de mim. Eu podia ouvi-los, ficando para trás, como antes. Um carro azul entrou na rua, vindo do sul, e passou rapidamente. Acenei minha mãos em sinal de socorro, mas era tarde de mais, o carro passou tão rápido em minha direção.

O Novo Sol-  𝐄𝐝𝐰𝐚𝐫𝐝 𝐂𝐮𝐥𝐥𝐞𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora