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Eu adorava tudo isso. Amava quando o Sol aquecia minha pele, amava quando o vento frio acariciava meus cabelos, amava quando, ao entardecer, o céu se tingia de laranja. Mas era tarde demais para continuar lamentando. O que mais poderia ser feito? Precisava voltar para minha antiga casa. Mesmo que tudo estivesse bem aqui, as coisas precisavam seguir seu curso natural, pois minha mãe estava infeliz, e todos nós sabíamos disso, especialmente meu pai. Então, numa noite, tudo mudou. Meu pai vendeu sua clínica odontológica na cidade e, ao voltar para casa, trouxe passagens de avião.

Nenhum de nós estava preparado para partir e dizer adeus. Eu amava Miami e não queria voltar a viver em um lugar tão chuvoso e frio quanto Forks; parecia uma decisão pouco sensata. Sempre soube disso, mas minha mãe estava infeliz aqui, tão longe de onde nascera. No entanto, era tarde demais para lamentações. As nuvens do lado da janela do avião, acompanhadas de uma leve chuva fina, me faziam lembrar desse momento, revelando as entranhas de Seattle. O som constante do aviso para apertarmos os cintos finalmente cessou, e o avião se inclinou em direção à pista de asfalto para aterrissagem. Seattle, nossa primeira parada.

Quando o avião finalmente abriu suas portas e a fila de desembarque se formou, meus pais e eu começamos a procurar nossas bagagens o mais rápido possível. Ainda teríamos algumas horas de estrada até Forks, já que lá não havia aeroporto nem pista de pouso particular. Meu pai, Barry, empurrava duas grandes malas escuras de rodinha, enquanto carregava uma mochila de acampamento nas costas, fazendo seu casaco verde parecer estranhamente ameaçador.

Minha mãe, Marta, o seguia, chutando as sandálias folgadas que usava. Ela carregava duas malas e uma sacola de ginástica nos braços. Quando avistei mais algumas das nossas bagagens, retirei-as cuidadosamente da esteira rolante e as empurrei em direção ao desembarque, onde meus pais discutiam como evitar que nossas coisas caíssem pelo chão do aeroporto.

—Abram caminho! Parece que deixaram a porta do freezer aberta! — exclamei assim que cruzamos a saída.

—Não me recordava de ser tão frio aqui! — lamentou meu pai, puxando as mangas do casaco para aquecer as mãos trêmulas pelo frio.

—Sem tanto teatro! — zombou minha mãe, enquanto suas sandálias escorregavam dos pés. —Quero ver as reclamações quando chegarmos a Forks, que é bem mais chuvoso e úmido do que aqui. — disse ela, sorrindo, após arrumar os cabelos agitados pelo vento.

—Espero que não esteja muito tarde quando chegarmos. — refletiu meu pai, olhando para o céu e sorrindo afetuosamente para minha mãe. O carro que compramos de um amigo da família em Miami estava destrancado e com a chave na ignição, conforme o vendedor nos informou.

As malas estavam pesadas quando meu pai finalmente conseguiu abrir o porta-malas, empurrando nossas coisas para dentro com certa força. Como nem tudo coube, algumas coisas foram acomodadas no banco do passageiro e em nossos colos. Assim que meu pai ligou o carro e o aquecedor, a situação não parecia tão ruim quanto eu imaginava. O que de desastroso e inconveniente poderia acontecer? Uma chuva forte o suficiente para alagar as pistas? Uma árvore cair e causar um trânsito caótico? Parecia improvável que algo tão extraordinário ocorresse numa cidade tão tranquila. Pouco tempo no carro, deslizando pela pista e com o silêncio reinante, foi suficiente para eu adormecer com esses pensamentos.

O Novo Sol-  𝐄𝐝𝐰𝐚𝐫𝐝 𝐂𝐮𝐥𝐥𝐞𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora