Não lembro muito bem como cheguei na festa da fraternidade, agora estou aqui bebendo meu décimo copo de alguma bebida que não faço ideia que seja. Encontrei as meninas assim que cheguei, mas elas desapareceram na pista. Agora estou sentada na bancada da cozinha revendo todas aquelas mensagens na minha cabeça. Eu me odeio por ser tão ingênua.
Começou tocar algum reggaeton, qual não lembro o nome agora, decidir ir para pista dançar. Meu corpo se mexia conforme a música. Eu estava me sentindo livre. Quando a música estava quase acabando sentir alguém rodear minha cintura.
— Olá?! — uma voz rouca disse no meu ouvido, levantei meu olhar e só conseguia enxergar um borrão. — Meu nome é Luke.
Apenas dei um sorriso e nós continuamos dançando por mais algumas músicas. Ele me deu um pouco da sua bebida, meu inconsciente grita falando que isso era errado, aceitar bebidas de estranhos, mas eu estava o ignorando. Senti Luke me levar até uma parede que tinha perto de onde estávamos, ele começou a fazer trilha de beijos em meu pescoço. Meu corpo começou a entrar em alerta e tentei empurrar ele a todo custo.
— Eu não quero. — minha voz saiu mais embolada que eu gostaria.
— Quer sim, se não estaria dançando comigo daquele jeito.- do jeito que ele falou me causou repulsa.
— Eu estava dançando daquele "jeito" porque eu quis e não porque queria algo com você. — tentei mais uma vez o empurrar, mas parecia que ele pesava uma tonelada. Ele continuava a tentar a me beijar enquanto eu tentava desviar. — Eu NÃO quero. — disse mais uma vez.
Eu empurrei de novo e ele saiu dos meus braços, talvez eu tenha ganhado uma força surreal.
— Será que você não sabe o significado da palavra não? -escutei a voz de Christopher. Quão clichê é isso? Ele ia dar um soco na cara do Luke, mas o mesmo levantou as mãos e saiu praticamente correndo. — Você está bem? — Chris perguntou se virando para mim.
— Sim, eu acho. — disse encostando a minha cabeça na parada fechando meus olhos, estava sentindo tudo girar. Senti suas mãos em minhas bochechas.
— Está bem mesmo? Ele fez alguma coisa com você? — perguntou preocupado e só neguei com a cabeça, parece que toda a adrenalina que eu passei fez com que meu estômago revirava e eu senti uma vontade absurda de colocar tudo para fora.
— Preciso ir no banheiro. — disse abrindo meus olhos vendo Chris me encarando causando arrepio pelo meu corpo.
— Vem. — ele me puxou pela mão e ia me guiando pela multidão. Com a outra mão coloquei na frente tentando não vomitar em cima das pessoas que estavam se divertindo. Chris me levou para o andar de cima e abriu uma porta que ele estava com a chave e me colocou para dentro. Dei uma olhada no quarto e vi a porta do banheiro entreaberta e fui correndo para o mesmo, só deu tempo de abaixar e comecei a despejar tudo que estava dentro do meu estômago no vaso. Senti Chris do meu lado, queria muito pedir para ele sair, mas estava sem forças para nada. Ele juntou meu cabelo em um rabo e ficou ali segurando e fazendo carinho na minhas costas.
Quando toda aquela vontade de vomitar sumiu, levantei meu rosto e dei descarga. Me encostei sentei na tampa do vaso e fechei meu olhos.
— Nunca bebo mais assim na minha vida. - disse e ouvi Chris rir. Abrir meu olhos e ele estava com enxaguante bucal na mão.
— Acho que você vai querer tirar esse gosto da sua boca. — disse e me entregou. Levantei e peguei o frasco. Fiz o enxágue umas três. Minha cabeça doí. Vergonha por ter passado por isso. Suspirei.
— Vai me contar o por que desse porre? — Chris perguntou de braços cruzados.
— Talvez. — disse guardando o enxaguante no lugar. Saímos do quarto e sentamos na cama, encostei minha cabeça no ombro de Chris.
— Pode confiar. Talvez ajude você se desabafar. — ele começou a fazer carinho nas minhas costas.
— Por que eu sou tão ingênua? Por que nunca consegui enxergar as coisas que sempre estiveram ali de baixo do meu nariz? — senti meu olhos lacrimejar.
— Você tem um coração bom de mais para enxergar a maldade das pessoas que estão em sua volta. — Chris se virou para mim.
— Não queria ter um coração bom, porque agora ele está quebrado e a única culpada de tudo isso sou eu. — as lágrimas saíram sem a minha permissão.
— Não sei o que aconteceu, mas você não merece passar por isso. — ele colocou uma das suas mão em minha bochecha e começou a fazer carinho — Você é incrível, merece o mundo. Não se sinta assim... Todos os dias me sinto um idiota por ter me afastado de você uma das pessoas mais incríveis que eu conheci...
Dei um sorriso e coloquei a minha mão em cima da sua.
— Obrigada por essas palavras. Vamos descer quero afogar minhas mágoas. — disse me levantando.
— Tem certeza, você não está acostumada... - coloquei meu dedo sobre seus lábios.
— Nem parece o meu amigo que eu conheço que topava todas as minha loucuras.
— Vamos então Senhorita Loucura. - ele pegou a minha mão e me puxou, mas eu o parei.
— Cade sua namorada? — perguntei.
— Foi visitar os pais. — ele deu de ombros e voltou a me puxar. Descemos para onde estava rolando a festa. Voltei a beber como se não tivesse quase coloca meu estômago para fora agora a pouco. Encontrei as meninas novamente e dançamos feito loucas. Não me lembro muito o que aconteceu depois, parece que tudo virou um borrão.
(...)
Acordo com uma dor de cabeça insuportável. Parece que estão fazendo uma festa dentro da minha cabeça. Sinto braços sobre a minha cintura, abri os olhos e dou de cara com Christopher dormindo. Sorri. Passei a mão sobre o seu cabelo que caia em seu rosto. Não lembro muito o que aconteceu depois que saímos do banheiro. Tentei me levantar, mas Chris me prendia.
Senti algo vibrar na escrivaninha e vi que era meu celular. Peguei o mesmo.
Josh: Espero que você tenha um bom motivo para ter sumido
Olhei para o relógio e se passava das meio-dia.
Ema: Espero que você tenha um bom motivo por ter salvo o nome de alguém como amor, que a propósito não sou eu
Era engraçado como Josh cobrava algo de mim e tinha toda uma desconfiança de mim e quando na verdade era ele que aprontava. Tentei me levantar, mas foi impossível porque Chris estava me prendendo. Suspirei alto.
— Alguém está tentando fugir? — Chris falou ainda dos olhos fechados.
— Que susto. — eu dei uma suspirada.
— Volta a dormir, por favor? — ele pediu e me abraçou mais apertado.
— Vou tentar. — fechei meu olhos e tentei voltar a dormir. Não queria sair dessa bolha e enfrentar o mundo, vulgo Josh, lá fora.
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Best friend •
Romance"Sempre me disseram que o amor da nossa vida está mais perto que imaginamos, mas só percebi depois que ele sempre esteve ali na casa do lado." Eu nunca vou te deixar ir, me espere para voltar pra casa - photograph - Ed Sheeran