Capítulo 9.

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— Como você está se sentindo, filho? — meu pai perguntou, no momento em que Bernardo se sentou à mesa. Eu já estava na cozinha, arrumando os pratos e talheres, enquanto papai terminava o jantar. Ele havia feito lasanha de bolonhesa e o cheiro se espalhava pela casa. Não demorou muito para estarmos todos na mesa, prontos para nos servirmos.

— Estou melhor, ainda bem. Consegui tirar os curativos, mas não há nada grave — ele olhou para mim nessa hora. — Obrigado pela preocupação, Sr. Pardal.

— Por favor, me chame de Carlos. — papai falou, pegando uma colher grande para cortar o primeiro pedaço e servir o garoto. — Então, como convidado, você fica com o primeiro pedaço. E, como convidado, tem a palavra para nos explicar em que situação nós estamos metidos.

Bernardo deu uma risada nervosa e eu balancei a cabeça. Papai sabia como intimidar uma pessoa sem haver tal necessidade.

— Pai, por favor. Deixe Bernardo comer. Nós podemos falar disso quando terminarmos. — eu sugeri.

— Não, não tem problema. Eu acho que é justo explicar a vocês, ainda mais depois de me ajudarem. — ele sorriu, enquanto erguia as mangas da camiseta xadrez que usava. Meu pai pousou os olhos em seus baços tatuados, mas nada disse. Eu sabia que ele não gostava muito daquilo, mas depois que eu me comecei a espalhar desenhos por meu corpo, ele deixou de ligar. — Primeiro que, tudo o que leram na internet é verdade. Não é apenas uma teoria. Nós somos herdeiros do tesouro de Pedro Álvares Cabral e, por causa disso, também somos os responsáveis por manter o lugar escondido.

— Você já o viu? — papai pediu.

— Não. Eu vi o mapa, quando era criança, mas nunca o tesouro. Não me lembro do desenho do mapa e, por isso, não sei dizer onde que está guardado. Tudo o que sei é que, há alguns antepassados atrás, parte do tesouro foi tirada de onde estava e convertida em dinheiro. Por isso, minha família teve dinheiro desde sempre. Não é algo sobre o qual eu me orgulho de falar, afinal, não gosto de pensar que tive parentes gananciosos e orgulhosos. Mas eu fico tranquilo em saber que boa parte ainda está segura.

— Como é que podem ter descoberto sobre isso? Se a família que detinha os segredos... como há teorias na intrnet? — eu perguntei.

Bernardo balançou a cabeça. — Acredito que as mesmas pessoas que pegaram o tesouro para enriquecer também pegaram alguns objetos históricos que estavam lá guardados. As páginas dos diários, as cartas que Pedro tinha... devem ter vendido por muito dinheiro a alguém.

— Então, desde aí, as pessoas começaram a suspeitar da existência de uma grande riqueza escondida. — papai continuou. — E as ameaças? Como lidaram com isso?

— Apesar de haver muitos descendentes de Cabral, apenas um lado da família passou adiante o segredo e os mapas. Muitos são ameaçados sem saber do que se trata. Mas eu e meus pais sempre andamos com seguranças e pessoas nos vigiando. De uns tempos para cá, meus pais receberam ameaças por cartas, dizendo que, se não entregassem o tesouro, iriam explodir todas as instituições carentes pelo Brasil e pelo mundo. Eu não sei o conteúdo dessas cartas, mas sei que quem quer que as mandou tinha conhecimento demais sobre a história de Cabral. — ele respirou fundo antes de continuar. — Eu acho que essas pessoas tem o mapa, mas não tem o item que precisam para entrar onde o tesouro está.

— O tesouro tem uma entrada secreta. — meu pai sugeriu.

— E ela se abre com o que esta chave esconde — Bernardo ergueu o braço e apontou para o meu colar, a chave pendendo na ponta. — E nós precisamos pegar o objeto em minha casa. Eu não só pretendo mudar o tesouro do lugar, como também pretendo construir um museu para expor esta parte da história omitida.

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