Capítulo 12.

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Eu não me lembrava de ter deitado em uma cama; entretanto, ali estava. Deitada, com uma coberta sobre meu corpo, o travesseiro afofando o sono que me consumia. Acordei me sentindo perfeitamente bem. Eu mal havia aberto os olhos e ouvi uma batida à porta. Era Bernardo.

— Bom dia, princesa. Dormiu bem? — ele se aproximou e sentou-se na beirada da cama.

— Você não dorme, tipo, nunca?

Ele segurou um riso.

— É difícil, quando se tem tantas coisas acontecendo.

— Devia ter me impedido de dormir. Eu te faria companhia — eu murmurei, enquanto me espreguiçava lentamente.

— Foi difícil de te acordar quando você adormeceu em meu ombro. Fiquei com medo de me mexer e atrapalhar tudo. Mas acontece que seu sono é ferrado. Só faltava roncar!

Eu o soquei no braço.

— Idiota! — e fingi estar bravo. Ele gargalhou. — Meu pai já acordou?

Ele fez que sim.

— Está vendo as notícias. Ele quer que nós sejamos rápidos, hoje. Iremos até minha casa e sairemos daqui.

— Rumo ao tesouro?

— Rumo ao tesouro — ele afirmou. Eu me apoiei em seus ombros e me sentei ao seu lado, na cama. Bernardo pôs sua mão sobre a minha.

— Você está pronto para ir até sua casa? — eu perguntei.

Ele deu de ombros. — Precisa ser feito, cedo ou tarde. Só espero que sejamos rápido e que seja seguro.

— Então, seremos rápidos.

— E seu pai me deu uma arma. Estamos seguros.

Eu balancei a cabeça. — Como é que sabe atirar?

Ele franziu o cenho.

— Longa história.

— Pelo que eu me lembro, eu li algumas histórias para você; isso te deixa em desvantagem em nosso ranking.

Bernardo sorriu e levou sua mão até minha nuca, trazendo meu rosto para perto de si; depositou, então, um beijo em minha testa.

— Eu prometo que a contarei. Em breve. Tudo bem?

— Tudo bem.

+++

Nós não sabíamos se voltaríamos para o apartamento/refúgio de Bernardo; por conta disso, deixamos o lugar fechado e pegamos o que precisaríamos para sair de lá. Socamos tudo no porta-malas e decidimos, durante o percurso, que eu e Bernardo entraríamos na casa, enquanto meu pai faria rondas pelo bairro, para garantir que ninguém havia nos seguido ou estava à nossa procura por ali. Caso algo desse errado, ele viria rapidamente, nós entraríamos no veículo e daríamos o fora.

Eu nunca me senti tão estranha ao passar pelas ruas da minha cidade. Por mais que eu soubesse que dificilmente reconheceriam meu pai no volante — boné sobre a cabeça e óculos pretos cobrindo os olhos —, eu sentia como se as pessoas na rua soubessem. Eu só queria que fôssemos o mais breve possível para que a sensação fosse embora. Eu me sentia uma criminosa, mesmo não o sendo.

Bernardo, sentado o banco ao lado do meu pai, tirou de trás de suas calças uma arma, ajeitando-a e verificando sua munição. Eu engoli em seco. Estava sem nenhum tipo de proteção — mas poderia encontrar as armas que eu e Helena tínhamos usado, escondidas pela casa. Papai estacionou em frente a mansão que eu já conhecia e não destravou as portas.

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