Por sorte, eu havia encontrado Juliana e conseguira avisá-la sobre a televisão. Disse que, como não era possível que eu visitasse Bernardo em todos os finais de semana, faria bem ao garoto que ouvisse um canal educativo ou algo do tipo. Um filme, talvez. Juliana entendeu e disse que providenciaria aquilo para o garoto. Eu sai do hospital mais nervosa do que quando chegara.
As palavras de Bernardo ecoavam em minha cabeça: “Use o Google”.
Que diabos ele queria dizer com aquilo? Que eu deveria simplesmente fazer o que qualquer stalker faria? Era fácil demais.
Eu não liguei para Helena já de cara; esperei chegar em casa e ter certeza que meu pai não estaria. Então, peguei meu notebook, fui até meu quarto e desbloqueei a rede de internet ao qual meu pai tinha acesso ao meu histórico. Eu não sabia o tipo de resultado que encontraria em minha pesquisa e, por conta disso, achei melhor omitir de meu pai.
Eu reclinei minhas costas na cabeceira da cama e, ajeitando o computador sobre meu colo, abri uma página do Google.
Meus dedos estavam tremendo e meu coração acelerado. Por que diabos eu estava nervosa sem saber o que estava acontecendo?
Acho que a verdade é que meu inconsciente já previra algo ruim, desde o começo. Desde quando eu vira Bernardo naquela cama de hospital.
Meus dedos foram hábeis ao digitar aquelas duas palavras.
Bernardo Cabral.
A primeira notícia, de alguns dias atrás, fez meu coração pular uma batida.
“Casal morre em acidente na BR; estado do filho é desconhecido”.
Eu abri a notícia imediatamente.
“Pedro e Patrícia Cabral, ambos de 42 anos, faleceram em um acidente ocorrido na tarde de hoje. Acredita-se que o carro tenha perdido o controle e saído da pista, fazendo-o capotar inúmeras vezes, até que parasse em algumas árvores, longe da rodovia. O impacto final foi suficiente para tirar a vida dos pais de Bernardo Cabral, que foi levado imediatamente ao hospital de sua cidade, em estado grave. Pedro e Patrícia são conhecidos por seus projetos sociais e sua instituição carente, 'Cruz Verdadeira', que visa ajudar as crianças órfãs e desafortunadas pelo mundo. Donos de uma fortuna imensa graças a sua rede internacional de empresas turísticas, o casal deixa, agora, o trono para o filho primogênito de vinte e dois anos. Até o momento da publicação da notícia, o estado do filho não foi informado”.
Eu lia cada palavra sem soltar a respiração. Quando as letras acabaram, eu suspirei longamente. É claro que eu já tinha ouvido sobre a Cruz Verdadeira, mas nunca pensaria que eram os pais de Bernardo que a financiavam. E, agora, ele estava sozinho com toda aquela responsabilidade. A questão era: se seus pais eram tão bons, por que alguém iria querê-los mortos?
Eu fechei aquela aba e continuei minha pesquisa. A primeira página do Google se resumiu às notícias do acidente. Eu não quis clicar em mais nenhum, temendo encontrar alguma foto que não quisesse ver. Decidi, então, partir para a segunda página de pesquisa.
O primeiro link foi mais do que suficiente para chamar a minha atenção.
“Teoria da Conspiração: Onde está o tesouro dos Cabral?”
Eu cliquei sobre as palavras, mesmo achando não ter nada a ver com Bernardo e, então, me deparei com a situação mais insana de toda a minha vida.
“Não é sempre que se encontram famílias ricas, cheias de riqueza desde quando não se é possível lembrar. O tema da conspiração de hoje é o tesouro de Pedro Álvares Cabral, nosso tão conhecido 'descobridor'. Cabral era um nobre português que não tinha conhecimento algum sobre viagens navais quando foi nomeado a uma expedição até a Índia. Acontece que, o que poucos sabem, Cabral descobriu um segredo sobre a Corte Portuguesa que o fez enriquecer tanto quanto um príncipe da época.
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O projeto.
RomanceAlice Pardal não está preocupada com as notas que terá durante o semestre de sua faculdade de Psicologia; ela sabe que é inteligente e que, se estudar um pouco, já dá conta do recado. O problema é os projetos comunitários que ela precisa fazer, para...