Capítulo 20.

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— Nós realmente precisamos entrar no navio de novo? — eu perguntei, ao que já estávamos dentro do barco, com o capitão e outro marinheiro. Tínhamos saído de Fernando de Noronha o mais rápido possível, mas eu esperava que fôssemos para terra firme, e não para o navio novamente.

— Você leu a carta, meu amor. Você sabe que temos de continuar. — Bernardo disse, me puxando para perto dele e me abraçando.

— Sim, eu li. Lá dizia que temos de ir para o seu lugar favorito no mundo. Mas precisamos ir de navio? — eu funguei em sua camiseta. O cheiro de maresia estava encrustado em nós.

Bernardo riu.

— Do que está rindo? — eu continuei.

— Você sabe para onde estamos indo.

— Eu sei?

— Não se lembre da fotografia que você gostou? Que viu na internet?

— Meu Deus — meu queixo caiu. — Estamos indo para a África?

— Acertou em cheio — e ele beijou minha testa, ao mesmo tempo em que eu avistava o navio ancorado à distância.

+++

Nós já estávamos no navio, subindo as escadas que nos levariam à cabine do capitão, quando Bernardo quebrou o silêncio.

— Senhores, eu sei que tivemos uma viagem um tanto interessante — ele começou. O capitão abriu a porta e nós entramos, outro marinheiros atrás. — Mas acontece que a jornada ainda não acabou. Precisamos ajustar o curso do navio para outro lugar.

— Desculpe-me Bernardo, mas pelo que vi, não há tesouro. Não deveria ir para casa? Descansar? Depois de tudo o que aconteceu? — o capitão sugeriu.

Bernardo sorriu.

— De certa forma, estaremos indo para casa. Ajuste o curso para a África, meu caro. Nós temos um tesouro para encontrar. — Bernardo disse, dando-lhe um tapinha nas costas. — E, você — ele se virou para mim. — Nós temos que acertar algumas coisas antes de chegarmos. Você vem comigo? — ele estendeu a mão. Eu a peguei sem hesitar, mesmo sem saber do que se tratava. Talvez falaríamos do plano, de pessoas que teríamos de ver na África, de rotas seguras para pegarmos... mas, quando Bernardo me guiou até os corredores de dormitórios, eu sabia do que se tratava. Finalmente, eu sabia.

Ele me pegou no colo, antes de chegarmos em nosso quarto.

— Ora, ora, o que é isso? — eu falei, brincando, olhando-o nos olhos ao mesmo tempo em que ele me observava, sorrindo.

— Isso é o que eu queria fazer com você faz alguns dias. E, se você não se importa, eu vou te beijar até você cansar. E eu vou te fazer carinho. E eu vou fazer amor com você.

Eu engoli em seco, sentindo minha respiração acelerar.

— Só tem um problema. — eu falei.

— E o que seria?

— Você não fará nada dessas coisas se eu fizer primeiro com você — eu desafiei. Seu sorriso tentador se abriu segundos antes de ele colar seus lábios nos meus e me por no chão, ao mesmo tempo em que prensava meu corpo contra a parede. Nós fomos nos deslizando desajeitadamente pela parede, entre beijos e pegadas fortes, até que ele encontrasse o trinco e nos impulsionasse para dentro do quarto, jogando-nos na cama.

Eu segurei um riso ao que ele se pôs de pé, de novo, e fechou a porta do quarto, trancando-nos ali. Antes de se deitar ao meu lado, tirou sua camiseta molhada e eu pude ver todas as tatuagens que já conhecia. Seu riso safado me fez balançar a cabeça, rindo junto. Bernardo voltou a se por sobre mim e, desta vez, sentindo a intensidade de seu corpo contra o meu... foi como se cada pedaço da história estivesse se ajeitando, como deveria. Como se tudo tivesse acontecido para que gerasse aquele momento ali, fixo no tempo e nas nos lembranças para sempre.

Quando Bernardo colou seus lábios carnudos nos meus e nossas línguas começaram a dançar, eu não quis parar. E não tinha quem fosse capaz de fazê-lo. Meus dedos pousaram no cinto que segurava sua calça e eu comecei a tirá-lo, com a mesma rapidez que eu abri os botões e o zíper da calça. Bernardo levou as mãos à bainha de minha camiseta molhada e a levantou, enquanto eu o ajudava a puxá-la. Ele se atrapalhou ao empurrar sua calça para longe, principalmente pelo jeans estar molhado e colado em sua pele. Eu segurava o riso ao vê-lo se debater, mas perdi o fôlego no momento que o vi apenas de cueca, seu corpo malhado, tatuado e bronzeado. Ah, e claro, aquilo que me reservava no meio de suas pernas.

Bernardo levou sua boca até o meu pescoço e seu hálito quente me fez arrepiar. Descendo os beijos por minha barriga, foi a vez dele de tirar a minha calça. Ele não parou com os beijos pelo meu corpo em momento algum. Quando senti sua respiração em minha virilha, eu segurei um gemido.

— Bê...

Eu o vi segurar um riso, triunfante, e subir seu rosto até o meu.

— O que foi? — ele perguntou, como se nada estivesse acontecendo.

— Você sabe exatamente o que foi.

— Não, não sei — ele continuou com um sorriso sacana.

— Vai me fazer implorar?

— Talvez esse seja meu defeito. Talvez eu seja um cara legal em todos os quesitos, mas aqui, agora, eu precise ouvir as palavrinhas mágicas — ele desafiou, os olhos semicerrados.

Eu levei minha mão até a nuca dele e, segurando com força seus cabelos, eu trouxe sua orelha para perto de minha boca e murmurei, sem medo e sem hesitar.

— Eu quero que você me foda com gosto, Bernardo. — eu sussurrei. Quando seu rosto se afastou, eu o vi mordendo o lábio inferior.

— Você acabou de cometer o pior erro da sua vida. — ele murmurou.

— É mesmo? Por que diz isso?

— Porque eu não vou parar até você gozar.

Eu não vou mentir.

Eu estava pronta.

E eu não podia acreditar que era com Bernardo que eu estava, agora. Que era seu corpo nu que colava no meu. Que era sua respiração ofegante que eu sentia em meu ouvido enquanto nossos corpos se retorciam de prazer.

Mesmo que tivéssemos de ir para a África, era ali que eu queria estar.

No meio do oceano, em um quarto secreto, com Bernardo.

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